Isso é um Adeus

💌 32 - Saco de batatas 💌

     - Não. - resmunguei para mim mesma, vendo o corpo inconsciente de Luísa no fim da escada.

       Arregalei os olhos ao perceber que, mesmo com a música, o barulho de algo rolando pela escada chamou atenção, fazendo assim, os olhos de todos que haviam me fitado há alguns minutos, voltarem para mim, no topo da escada. A única ali, onde Luísa estava antes de cair.

       - Luísa! - Vanessa gritou, abrindo espaço entre as pessoas e tentando se aproximar da garota no chão.

       - Saphira? - ouvi Kayla me chamar, me virei, ainda assustada e encarei ela e Heitor, que também me olhavam assustados.

      - Não me olhem assim. - falei rapidamente.

      - Mas como...

      - Ela estava bêbada.

      - Zumbi. - Heitor sussurrou, se aproximando, olhou para alguns rostos na parte de baixo e pegou no meu braço - Acho melhor você ir embora.

       - Agora você quer que eu vá embora? - puxei meu braço.

       - Zumbi... Saphira...

       - Eu não vou. Pra quê? Pra todo mundo pensar que eu joguei ela daqui? - perguntei, mesmo já sabendo a resposta. Minha aparência não estava nem um pouco confiável e, principalmente, eu não parecia muito confiável depois de ter gritado com ele na frente de todos - Isso é sua culpa!

       - Está claro que foi você! - Vanessa gritou - O que ela te fez? Seu monstro!

       Ouvi alguns murmúrios e engoli em seco.

       - Fica quieta, Vanessa. - Kayla respondeu.

       - Zumbi, por favor, vai embora. - Heitor tentou se aproximar, mas me afastei e desci um degrau - Eu vou chamar a ambulância e vai dar tudo certo.

       - Ele tem razão, Saphira. - Kayla se aproximou e olhou em volta.

       - Concordo com ele. - Jonas surgiu ao meu lado.

       - De onde você surgiu? - o olhei incrédula - E eu não vou embora. - olhei para as pessoas de baixo - Sei que parecia uma desequilibrada gritando com o merda do Heitor, mas tentem entender, ele estragou meu livro! Não tem nenhuma razão para eu jogar a Luísa...

      - Zumbi. - Heitor puxou meu braço, me fazendo olhá-lo - Me desculpe.

       Abri a boca para chamá-lo de idiota, mas, em um gesto rápido, suas mãos seguraram minha cintura e, de repente, vi o mundo de cabeça para baixo, me sentindo um grande saco de batatas. Ele havia me jogado em seu ombro.

       - Me coloca no chão! - gritei, segurando meus óculos com uma mão e, por medo de cair, acabei abraçando sua barriga com a mão livre.

      - Kayla, liga para uma ambulância. - pediu, descendo as escadas.

      - Mano, o pai da Luísa é o delegado. - ouvi Samuel resmungar.

       - Cala a boca. - Heitor respondeu, me carregando para a saída - Saphira não tem culpa da garota cair da escada.

       Fechei os olhos, sentindo a raiva e o medo me consumir. Do jeito que eu era azarada, a qualquer momento eu poderia cair de cara no chão e ter um traumatismo craniano. Minha vida não era a melhor, mas eu não queria morrer daquele jeito.

      Minha raiva aumentou ao perceber que ele continuava caminhando calmamente, como se não carregasse 50 quilos nos ombros. Abri os olhos e espiei para onde ele me levava, mas aquilo só serviu para me deixar com mais raiva. Ele andava em direção ao Queen's. Como se não bastasse passar vergonha na frente de quase todos os adolescentes da cidade... Ele queria que eu virasse piada da cidade inteira?