💌 19 - Louisa 💌

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       Coloquei minha mochila nas costas e desci pelo elevador, pronta para ir para a escola.

      - Bom dia, Senhor Alex. - o cumprimentei, não recebendo resposta.

     Continuei o meu caminho e, estava quase na esquina, quando avistei Tissa e papai carregando uma mala. Tinha até esquecido que eles voltariam naquele dia. Me encostei na parede e esperei eles se aproximarem.

     - Ótimo! - foi a primeira coisa que Tissa gritou, dando o significado contrário a palavra - Eu estou indo embora!

     - Cala a boca! - papai gritou.

    - Oi. - meus olhos foram de papai para Tissa - Cadê os corações saindo dos olhos?

     - A Tissa enfiou no cu.

     - Cala a boca, Jaime! - Tissa acertou a mão no rosto dele, fazendo ele segurar seu braço e apertar - Não vou ficar nem mais um segundo ao seu lado!

      - Ei! - gritei, tentando fazer eles olharem para mim - Vocês estão no meio da rua.

     - Acho melhor eu ir pro apartamento. - papai bufou e soltou ela.

     - Sabe o que aconteceu? - Tissa me olhou com ódio - Eu quero que sua mãe vá para o inferno! Se bem que ela já deve estar lá!

    - Cala a boca! - gritei, segurando a alça da minha mochila ao sentir que minhas mãos começavam a tremer - Você está louca?

     - Repete isso. - papai se aproximou dela - Eu não preciso estar bêbado para quebrar sua cara.

     - Alguém pode me explicar o que aconteceu?

     - Seu pai me chamou de Louisa. - Tissa cuspiu as palavras - Eu nunca mais quero ouvir esse nome.

     - Eu nunca te chamei disso! - papai apontou o dedo para ela.

     - Disse sim! - bateu na mão dele - Quando estávamos fazendo amor!

    Minha boca se abriu e meus olhos arregalaram, viajando de um para o outro. Então, papai levantou a mão e acertou o rosto de Tissa, me fazendo dar um passo para trás e olhar ao meu redor, procurando alguém que tivesse visto aquilo.

     Mas, nunca havia ninguém.

     - Eu odeio a Louisa. - papai cerrou os dentes - Odeio tudo que vem dela.

     - Não foi o que pareceu. - Tissa resmungou.

     Encarei meus sapatos e dei as costas para os dois.

    Odeio tudo que vem dela.

     Eu vim dela.

    Senti vontade gritar, mas, como no meu pesadelo, nada saia. Então, comecei correr. Correr como se minha vida dependesse daquilo, como se eu pudesse alcançar a velocidade máxima que meu corpo suportaria, e só então, a dor que crescia no meu peito acabaria. Mas a única coisa que aconteceu foi chegar suada na escola e não prestar atenção em nada que os professores falavam. E a cada palavra que eu não conseguia absorver, sentia meu futuro escapando pelos meus dedos.

**

     Joguei água no meu rosto e coloquei meus óculos novamente. Já era a quarta vez que eu fazia aquilo, desde que meu turno começou. Sentia todo o meu corpo trêmulo, minha cabeça estava a ponto de explodir, sentia que as 7 bilhões de pessoas do mundo estavam discutindo dentro dela.

     Saí do banheiro e caminhei até o balcão, tentando recuperar as energias e me concentrar para fazer o trabalho certo.

     - Quarto pedido errado, Saphira. - Robert falou, colocando um sanduíche em cima do balcão - Pode fazer sua pausa para comer.

Isso é um AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora