Lena
Quando eu disse que queria aproveitar o dia, não imaginei que a Kara fosse me acordar tão cedo. Tá, concordo que não era tão cedo, mas era sábado! Enrolei um pouco na cama, fiz um pouco de manha para levantar, mas no fim vi que ela tinha razão. A gente tinha que aproveitar ao máximo o final de semana. Talvez fosse o último que eu passasse só com ela. Doeu um pouco pensar nisso.
Passamos a tarde toda na piscina, até o tempo começar a ficar nublado. Pelo jeito, iria chover, e muito. Odeio trovões. Espero que seja uma chuva passageira e calma. A Kara percebeu que eu estava com frio e veio toda preocupada me enrolar com a minha toalha e a dela para irmos até o quarto. Fiquei meio incomodada, ela devia estar com frio também. Mas ela teimou e disse que estava bem.
Eu estava com fome. A intenção era tomarmos um banho rápido e comer algo. Mas a Kara demorou tanto no banho que acabei adormecendo. Estava frio, então me enrolei nos edredons e não consegui esperar acordada.
A fome fez com que eu dormisse por pouco tempo. Quando acordei, vi que eu estava roubando o edredom, toda enrolada nele, e a Kara estava abraçada a mim. Sai do abraço dela e deixei-a bem coberta. Resolvi pedir o jantar no quarto. Jantar ou almoço? Sei que estava faminta e pedi várias coisas para comermos. A comida chegou, mas resolvi esperar até que a Kara acordasse sozinha. Ela devia estar cansada também. Deitei-me ao seu lado e a abracei. Fiquei olhando para seu rosto. Suas feições tão doces. Ela ficava linda dormindo. Alguns instantes depois ela acordou. Abriu os olhos e me pegou olhando pra ela. Acariciei seus cabelos e comecei a reparar. Seus olhos eram tão lindos. Seu sorriso, a combinação toda. A Kara era uma das mulheres mais lindas que eu já tinha visto. Percebi que ela estava incomodada e me levantei.
- Vamos comer, dorminhoca. Estou morta de fome e já pedi comida para gente.
- Também estou faminta. Achei que a gente fosse sair para comer.
- Não, está muito frio, e o tempo está horrível. A gente pode comer e assistir um pouco de televisão, a não ser que você queira mesmo fazer algo agora.
Mal começamos a comer e ouvimos o barulho da chuva. Mesmo assim, a teimosa da Kara quis sair. Estava mesmo muito frio, ventando muito. Assim que saímos eu puxei seu corpo contra o meu.
- Se quer ficar aqui fora, vai ter que me esquentar. Sabe que eu odeio esse frio.
A Kara não se incomodou, me abraçou e fomos para a varanda. Sentamos num banco e ficamos olhando a chuva. Abraçadas. Era engraçado. Quem passava achava que éramos um casal. E os funcionários do hotel, que sabiam que estávamos num quarto de casal, deviam ter certeza. Não me incomodei com isso, a opinião dos outros realmente não me importava.
Ficamos lá, conversando sobre tudo, por um bom tempo. Era tão bom estar na presença dela. Eu amava estar com ela. Agora faltavam sete semanas para meu casamento, e a cada dia eu me sentia pior por saber que as coisas mudariam um pouco. Depois de um tempo, começou a trovejar e podíamos ver relâmpagos rasgando o céu.
- Kara, por favor, vamos sair daqui! Vamos para o quarto.
A cada novo trovão, eu me encolhia toda. E Kara me abraçava mais forte. Eu realmente me sentia segura em seus braços. Mas ela não iria me deixar passar medo. Levantou-se ainda abraçada comigo e fomos para nosso quarto.
Ligamos a televisão e ela se deitou. Sentei numa poltrona e fiquei olhando para minha amiga. Ela era realmente linda, acho que eu nunca havia reparado tanto em sua beleza. Fui acordada de meus pensamentos.
- Lena, vem deitar aqui comigo. Esse frio todo, e você vai ficar aí sentada? Deita aqui, se cobre também.
Deitei ao seu lado e me abracei a ela. Estava realmente muito frio, e ela me abraçou e ficou afagando meus cabelos.
- Desse jeito vou dormir, Kara. Você sabe que assim eu não resisto.
- Você é uma dorminhoca, sabia? Parece que ficar perto de mim te dá sono. Vou é ficar longe então. - Ela fingiu estar emburrada e virou-se de costas pra mim. Grudei em sua cintura, mesmo de costas, com as pernas entrelaçadas nas dela, e ficamos assim, em silêncio, por um bom tempo.
É, eu sou mesmo uma dorminhoca. Mas estava tão frio, aquele contato estava tão bom, que não resisti e acabei pegando no sono. Quando acordei, a Kara não estava ao meu lado. Fiquei assustada e saí sonolenta procurando por ela por todo o hotel. A chuva já havia passado, mas ela não deveria ter saído para lugar nenhum. Estava tudo cheio de lama. A encontrei naquele mesmo banco, com os olhos um pouco vermelhos.
- Kara, o que foi? Eu fiz algo pra você?
- Não Lena, você não fez nada. Não se preocupa comigo, está bem? Só estou meio sensível, acho que viajar me fez lembrar da saudade que estou dos meus pais. Faz tempo que não vou visitá-los.
- Tem certeza? Não parece ser só isso. Não é de hoje que você está toda triste por aí. Eu fico tão preocupada, Kara. Ela começou a chorar e eu a abracei. Naquele instante, vi que ela sofria por não poder me contar o que estava a afligindo. Resolvi não perguntar mais sobre isso. Nunca mais, até que ela me contasse por vontade própria. Quando ela se acalmou, fomos ao restaurante jantar e depois voltamos para o nosso quarto.
- Sabe, Lena, você não deveria ter escolhido um quarto de casal para gente. As pessoas devem estar falando, você sabe.
- Kara, até onde eu sei você é lésbica, não é? Nunca vai poder dormir com uma namorada, ou com a sua mulher um dia, em um quarto de hotel, só porque as pessoas vão comentar, falar mal?
- Claro que não, eu não me importo com o que pensam. Me preocupo com você.
- Não se preocupe. Eu sei lidar bem com a ignorância das pessoas. É um preconceito idiota, e não me importo com os comentários. Relaxa. Se alguém vier falar qualquer coisa, falo que sou sua namorada. Vão fazer o que? Que cuidem da vida deles.
É isso que tem que fazer!
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Amor Platônico - Adaptação Karlena
FanfictionVERSÃO KARLENA "...Por todos esses anos eu me acostumei em ver e não tocar, em amar e não ser amada. Tive namoradas também, e também foram poucas já que nunca conseguia tirá-la da cabeça e muito menos do coração. A verdade é que realmente me acostum...