Lena
Já estava anoitecendo quando saímos da casa de meus pais. Eu realmente acho que o James e minha mãe podem ficar semanas falando sobre esse casamento sem parar. Meu pai não apareceu mais, ficou o dia todo trancado no quarto. Isso me deixou muito decepcionada. Afinal, foi ele quem me convidou. E ele ia ter que aprender a conviver com meu futuro marido, senão a nossa relação familiar se tornaria insustentável. Ele precisaria aprender que meu noivo estaria em todos os nossos almoços e jantares, viveríamos na mesma casa, estaríamos sempre juntos. O James também estava meio incomodado com a situação. Para tentar agradá-lo um pouco, o convidei para dormir em casa. Nem preciso dizer que ele não pensou duas vezes.
Ficamos vendo um filme na minha cama, abraçados. Tão diferente do abraço da minha Kara. Impossível não comparar. Impossível não ficar incomodada com essa sensação. Até quando eu ia continuar com essa ideia louca de que preferia minha amiga em tudo? É. O problema é que eu realmente preferia. Quando ele me beijou, não pude deixar de lembrar do beijo que dei em Kara. Seus lábios macios, suas mãos exigentes percorrendo todo o meu corpo. O beijo do meu noivo era apaixonado, mas, não era o beijo de Kara.
Foi inevitável brigarmos. James reclamou da minha frieza. Disse que meu beijo estava mecânico. Como assim? Só porque eu estava beijando ele enquanto pensava em minha amiga? Talvez eu estivesse em outro mundo, e ele reparou isso. Preciso começar a disfarçar melhor. Realmente preciso fazer isso se não quiser estragar tudo.
Depois da briga ele virou para o outro lado e foi dormir emburrado. Eu não dormi, não conseguia. Resolvi tomar um banho para tentar relaxar. Ultimamente, depois de toda essa loucura de casamento, os únicos momentos em que eu me sentia realmente feliz era com Kara. E isso estava me enlouquecendo. Eu não era mais uma adolescente que tinha o direito de ter medo porque algo poderia nos fazer perder a amizade. Tinha que crescer.
Já estava no banho há um bom tempo quando ouvi a campainha. Já era madrugada. Quem poderia ser? Resolvi não atender. Mas a pessoa era insistente. Quando sai do banho, decidida a finalmente atender quem queria tanto falar comigo, o James já estava acordado, indo até a porta.
Não entendi absolutamente nada do que aconteceu depois.
– James, eu tenho que falar com a Lena agora! – Kara estava com lágrimas nos olhos. Como me machucava ter que vê-la chorar.
– Vai lá Kara. Não sei se posso competir com a amizade de vocês. Tá na cara que ela já fez sua escolha, não fez, Lena?
– Como assim, a Lena fez sua escolha? Vocês conversaram sobre isso? Lena, você escolheu algo?
Estava todo mundo ficando louco, era isso. Ou eu estava sonhando. De repente, os dois finalmente concordavam em algo. Eu tinha que escolher alguém. E eu estava lá, parada no meio da sala, enrolada na toalha que usei para me secar no banho, sem saber o que falar, o que pensar, como agir. Sair correndo seria uma boa ideia? Não, eles estavam perto demais da porta. Iriam me impedir. Então eu fiquei lá, parada, pensando em tudo, enquanto os dois me olhavam ansiosamente. Lembrei de toda a minha amizade com a Kara e do quanto era recente meu compromisso com o James, lembrei do quanto amava Kara, e do quanto o James era especial para mim, lembrei do abraço de Kara e do abraço do James. Finalmente, o beijo. Eles não iriam me deixar sair dali enquanto eu não dissesse algo. Mas, por que eu tinha que escolher entre minha amiga e meu noivo? Iria perder um deles quando escolhesse o outro? Esse último pensamento me fez não ter mais nenhuma dúvida. Eu não poderia, eu ficaria louca se escolhesse outra coisa.
– Eu... eu preciso de você comigo, Kara.
Seu sorriso foi o mais lindo que eu já vira. Eu queria poder fotografar. Mas tudo o que consegui fazer foi fixar meu olhar e tentar guardá-lo para sempre em minha memória. Só percebi que o James tinha saído quando ouvi a porta bater.
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Amor Platônico - Adaptação Karlena
FanficVERSÃO KARLENA "...Por todos esses anos eu me acostumei em ver e não tocar, em amar e não ser amada. Tive namoradas também, e também foram poucas já que nunca conseguia tirá-la da cabeça e muito menos do coração. A verdade é que realmente me acostum...