Kara
– Kara, Kara, acorda! Você vai ficar doente desse jeito. Vem, vamos entrar.
Acordei com a voz preocupada da Lena. Assustei-me, acho que apesar de estar desconfortável, meu sono era muito profundo. Ela acariciou meus cabelos e me ajudou a levantar carinhosamente. Fui tomar um banho bem quente. Estava com muito, muito frio.
Deixei a água correr por todo meu corpo que tremia, mas eu sabia que não era pelo frio, era ansiedade pela conversa que teríamos assim que eu saísse. Fui rápida e sentei-me ao seu lado na cama.
– Kara, você é louca! Onde já se viu, dormir molhada, no chão, com aquele vento? – chorei.
Não sei dizer exatamente por que. Tinham tantas razões! Estava com medo, desesperada, triste, envergonhada... Para piorar a situação ela me abraçou.
– Kara, você está com febre! – disse preocupada.
Deu-me algum remédio, eu estava muito mole e apenas me deitei. Ela acariciou meus cabelos e por alguns instantes senti-me calma e acabei dormindo.
Acordei algumas horas depois, meu corpo todo estava se mostrando gripado. Sentei na cama sem olhar para ela, que me olhava fixamente. Senti uma pontada nas costas. Dormir daquele jeito na borda da piscina acabou comigo, mas nada se compara a ansiedade que voltei a sentir. Estava com muita dor de cabeça também, a noite anterior deixou muitas, muitas sequelas...
– O que foi, Kara?
– Minha cabeça. Não é nada. Eu estou bem.
– Está ficando gripada, e de ressaca. Sua sem juízo. Onde já se viu dormir molhada daquele jeito?
– Você já falou isso, Lena – disse nervosa, queria fugir de novo!
Pensei que não dava mais, que tinha que dizer, que tinha que dizer logo, mas...
– Kara, sobre ontem à noite. Sabe, foi um erro. Estávamos bêbadas, carentes sem dúvida, e eu vou me casar, em seis semanas. Eu amo o James, e você é minha melhor amiga. Foi um erro, mas não quero que isso prejudique nossa amizade. E também não quero que ninguém fique sabendo, tá bom? – chorei... Nunca, nunca doeu dessa maneira... Acabou o que nunca chegou a começar.
Nem olhei para ela, com medo que meus olhos denunciassem o quanto eu achava aquele beijo o maior acerto de toda a minha vida!
– É Lena, um erro. Não vou me esquecer, pode deixar – e eu não iria. Não iria nunca esquecer...
Saí o mais rápido que pude. Não queria ver ninguém. Falar com ninguém. Saí pela cidade andando, sem rumo. Sentei em qualquer lugar e fiquei. Eu chorava tanto! Sentia-me uma estúpida por ter acreditado que poderia ser diferente. Ela amava o James, ela casaria com ela e não comigo. Acorda, Kara!
Liguei para minha mãe e pedi que avisasse que eu ficaria mais alguns dias e depois voltaria de ônibus.
Não voltei até ter certeza de que eles já haviam ido. Quando cheguei eu só conseguia chorar e chorar, mas não quis falar no assunto, eles sabiam. Sempre Lena...
Acabei voltando no fim da tarde seguinte, pois tinha um evento para cobrir a noite. Lena não me ligou, muito menos eu para ela.
Conversei com o Barry e chorei mais e mais.
Já era quarta-feira quando falei com ela pela primeira vez. Ela tentou agir normalmente, mas eu não conseguia, não mais. Fui um pouco fria até, diria, mas não consegui ser diferente.
Era sobre a prova do vestido. Disse que passaria sozinha quando tivesse tempo e foi o que fiz. Ficou ótimo, mas eu estava péssima. Fugi da Lena durante todo fim de semana. Não atendi a nenhuma de suas ligações. Na verdade, não atendia a nenhuma ligação.
Não queria ninguém. Ela tentou bater lá em casa, mas fingi que não estava. Eu simplesmente não conseguia olhar para a Lena, doía demais. Uma dor tão profunda que estava acabando comigo.
E da mesma forma que o fim de semana passou na outra semana foi a mesma coisa. Afastei-me completamente. Não tinha mais condições de ficar perto dela. Doía só de pensar. Já tinha duas semanas que nem nós falávamos e a data do casamento cada vez estava mais próxima.
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Amor Platônico - Adaptação Karlena
FanficVERSÃO KARLENA "...Por todos esses anos eu me acostumei em ver e não tocar, em amar e não ser amada. Tive namoradas também, e também foram poucas já que nunca conseguia tirá-la da cabeça e muito menos do coração. A verdade é que realmente me acostum...