Capítulo 41 - Sempre perto, sempre longe

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Kara

Dia seguinte acordo com o telefone. Era uma mensagem da Lena: "Você é a melhor amiga do mundo. Vamos almoçar os três hoje? Só para eu ter certeza que não foi um sonho rs. Amo você". Respondi e marcamos um restaurante, combinamos a hora.

Eu tomei um banho demorado e me arrumei para ir trabalhar. Fui cobrir um evento e fiquei pensando em como seria esse almoço. "Controle-se, Kara", pensava. Não podia demonstrar minha infelicidade para a Lena.

Conforme a hora do almoço se aproximava mais eu ficava sem fome. Fiquei altamente enjoada e nervosa com o que aconteceria. Esse almoço era para mim o que selava o começo da minha vida sem a Lena. A contagem regressiva começava. Ela se casaria. Eu não teria mais ela. Eu iria continuar perto dela, já decidi não me afastar, então, basicamente, eu estava, nesse almoço, assinando minha sentença: sempre perto, sempre longe.

Estacionei o carro em frente ao restaurante. Respirei fundo e abri a porta. Caminhei como se caminhasse para uma tortura.

Cheguei antes dos dois, estava ansiosa demais para me atrasar.

Fiquei alguns minutos tentando me controlar mentalmente quando vi James se aproximar da mesa. Começou.

– Bom dia, Kara – disse me cumprimentando e logo se sentando.

– Bom dia – tentei ser simpática.

– Nada da Lena?

– Você sabe como ela é, sempre atrasada – rimos.

– É verdade...

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

– Então... vocês vão fazer alguma coisa hoje à noite? – perguntou-me.

– Provável.

– Por que... eu pensei em levá-la para jantar...

– Hoje a noite é minha – disse firme - Eu tenho uma semana com a Lena, você vai ter a vida toda – disse sentida.

– Parece justo para mim.

Dor, muita dor. Aguenta, Kara!

Ficamos em silêncio por mais um tempo.

– Obrigada por ter ido me procurar ontem – disse sincero.

– Não foi nada... – foi tudo.

– Acho que se você não tivesse ido... bom... – ficou sem graça – Acho que o casamento nem ia acontecer.

Algumas lágrimas caíram sem que eu pudesse fazer nada. Doía tanto saber que eu tinha salvado esse casamento. Parecia que eu tinha me traído.

– Você ama mesmo a Lena – ele concluiu.

– Mais do que você imagina – disse olhando nos seus olhos – Eu faço qualquer coisa por ela, qualquer coisa para ela ser feliz então... enquanto você a fizer feliz tudo bem por mim.

– Eu vou, Kara! – acho que foi a primeira vez que ele me chamou assim.

– Se você a magoar... – falei com raiva – Eu... acabo com você...

– Combinado.

Sorrimos.

Nisso vemos Lena se aproximar da mesa com um sorriso enorme. Sorri para ela.

– Oi, meus amores – disse sentando.

Deu um beijo no meu rosto e depois um selinho no James. Aguenta, Kara!

Almoçamos em paz. Paz exterior, porque meu interior estava revoltadíssimo. Foi tudo uma tortura. Tive que ouvir os dois falando amorosamente sobre o casamento por muito tempo. Segurei-me muitas vezes para não chorar. Só queria que acabasse.

Contei a Lena que iria viajar e ela não gostou nem um pouco. Falei que voltaria na quinta. Ela não gostou muito, mas eu precisava dos meus pais, senão não aguentaria. E ainda por cima teriam as fotos. Momentos de felicidades entre os dois guardados para sempre em uma fotografia, através da minha câmera. Como eu suportaria? Estava me fazendo essa pergunta a cada minuto.

Depois do almoço voltei ao trabalho e fiquei de ir jantar na casa da Lena.

Depois do trabalho passei em casa para tomar um banho e fui jantar.

Caminhei até a sua casa e respirei fundo antes de tocar a campainha. Eu não podia deixar transparecer minha tristeza. Aguenta, Kara!

– Kara, por que você resolveu viajar agora? Não é uma tentativa de se afastar de mim, não é mesmo? Eu imagino que essa amizade recente com o James deve ser muito difícil pra você. Sei que nunca gostou dele e está fazendo isso por mim. – disse enquanto conversávamos.

Respirei fundo novamente e tentei parecer o mais sincera possível.

– O James nem é tão ruim assim, Lena. Está tudo bem. Não estou fugindo de você. Estou apenas indo ver meus pais. Tem horas que a saudade aperta e você sabe que fico super mal por não estar tão presente. E aí já aproveito e eles vêm comigo para cá, para o seu casamento.

– Tudo bem, Kara. Só estou preocupada com você...

– Eu estou bem, Lena – menti – Só quero que você seja feliz.

Ela sorriu.

– Eu vou estar sempre com você! – concluí.

Jantamos e depois ficamos assistindo TV abraçadas. Tentei ir embora, mas Lena não deixou.

– Já parou pra pensar que você vai viajar, aí eu me caso? Quando você acha que vamos poder dormir juntas depois disso? Vai perder a oportunidade de dormir comigo pela última vez? – ela estava certa. Podia ser a última vez. Não consegui me segurar e algumas lágrimas começaram a cair. Lena me abraçou.

Fomos nos deitar. Ficamos abraçadas sem dizer uma palavra. Eu não conseguia acreditar. Estava acabando. Não nos desgrudamos. Eu só conseguia pensar que talvez eu nunca mais sentisse o calor daquele corpo dormindo serenamente nos meus braços.

Eu preciso de você, Lena!

Não consegui dormir nem por um segundo. Queria aproveitar todo tempo que me restava naquele abraço.

Tive a sensação que ela também não dormiu.

Quando amanheceu eu levantei e me despedi da Lena. Ela estava sonolenta. Acho que tinha acabado de fechar os olhos.

– Eu te amo – disse e dei um beijo na sua testa bem demorado – Vou sentir sua falta... sempre.

E saí. Deixei aquela casa com dor no coração e segui para a casa dos meus pais com lágrimas nos olhos.

Amor Platônico - Adaptação KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora