Kara
O jantar foi ótimo. O clima estava muito bom. Lena se dá muito bem com meus pais. Imaginei, nesse momento, como seria bom se fosse eu a casar com ela. Teríamos vários jantares de família, como esse. Com os pais dela também. Seria uma vida perfeita, porque ela é a mulher perfeita.
– Já vou indo, Kara. Você tem que descansar – ela disse depois que meus pais foram se deitar, mas eu não queria deixá-la ir.
– Fica aqui essa noite? Pode ser a última – disse triste.
– Claro. Eu quero muito, só não queria me impor. Já reparou que a gente sempre acha que é a última noite que podemos dormir abraçadas, mas nunca é?
– É, Lena. Mas pelo jeito, hoje é definitivo. Você se casa daqui a dois dias – disse mais triste ainda.
Ficamos em silêncio. Não tinha nada a ser dito. Fomos deitar e nada mais dissemos. Abracei a Lena bem forte, tentando passar todo o meu amor para ela, mas ela nunca entendia.
Ela dormiu em pouco tempo e eu em tempo nenhum. Eu estava muito cansada, mas queria aproveitar cada segundo daquele abraço. Fiquei a noite inteira olhando para ela, não me cansava disso. Admito que o sono estava forte, mas o meu amor era sempre mais forte que qualquer coisa.
Quando amanheceu eu a acordei, ela resmungou, mas sabia que tinha que ir. Não falamos muito, não tinha muito a ser dito novamente. Não queria demonstrar para ela o quanto aquilo estava sendo torturante para mim, então ficar em silêncio era a melhor opção.
Assim que ela saiu eu me tranquei no quarto e dormi. Não queria lidar com a realidade naquele momento.
– Filha, você está bem? – perguntava o meu pai da porta.
Já era a terceira vez que um deles vinha e me fazia a mesma pergunta.
– Por que vocês ficam me perguntando isso o tempo todo se já sabem a resposta? – irritei-me.
Eu só queria ficar sozinha.
– Se precisar de alguma coisa é só chamar – disse minha mãe.
Dormi o dia inteiro, ficar acordada era difícil demais.
Fiquei no quarto até o dia seguinte, o dia do casamento, o dia que Lena se casaria, o dia que meu coração seria dilacerado, o dia que eu viria a mulher da minha vida entrar no altar com outra pessoa, uma pessoa que não era eu; o dia que eu temo há oito anos.
Minha mãe me obrigou a comer alguma coisa quando saí do quarto. Eu estava completamente sem fome, mas comi mesmo assim.
Ela pegou o vestido para mim e eu não saí de casa até a hora de ir fazer a maquiagem e o cabelo.
Conforme os segundos passavam mais eu ficava arrasada.
Todos me ligaram preocupados: tio Lionel, tia Lilian, Barry e até Lucy.
– Eu te encontro lá. Prometo que não saio do seu lado! – disse Barry.
Mas eu não queria ninguém ao meu lado. Eu não queria ninguém. Queria apenas ficar só.
Lena me ligou também. Estava nervosa.
– Vai dar tudo certo, Lena – para você.
– Eu estou tão ansiosa, acho que nem vou me atrasar!
– Até parece – tentei brincar.
– Pena que você não vai estar no altar comigo, como madrinha...
– Eu vou estar ali pertinho tirando as fotos. Assim que você estiver casada pode ir me dar um abraço.
– Você vai ser a primeira pessoa que eu vou procurar! – fiquei emocionada e me despedi rápido.
Depois do banho, da maquiagem e do cabelo, arrumei meu equipamento de fotografia, confirmei com meu assistente e fiquei olhando para o nada, sem querer fazer nada. Não queria nem chorar.
Chegou a hora.
Botei o vestido.
Calcei a sandália.
Peguei minhas coisas.
E saí. Com meus pais.
Aguenta, Kara!
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Amor Platônico - Adaptação Karlena
FanficVERSÃO KARLENA "...Por todos esses anos eu me acostumei em ver e não tocar, em amar e não ser amada. Tive namoradas também, e também foram poucas já que nunca conseguia tirá-la da cabeça e muito menos do coração. A verdade é que realmente me acostum...