Lena
Não estava suportando aquilo. Quando a Kara me perguntou o que eu faria se ela me pedisse para não casar, pensei em muitas coisas. Pensei no amor que sentia por James, e comecei a imaginar se ele seria o suficiente. Se eu conseguiria suportar um casamento, uma coisa para vida toda, e não consegui saber se realmente iria aguentar. Pensei no carinho de Kara, no tanto que eu a amava, e no que estava sentindo nos últimos dias. Pensei, acima de tudo, na conversa com meu pai. "A menina que te ama e está por perto a mais de oito anos". O que ele queria dizer? Eu estava confusa, estava ficando louca, devia ser isso. Minha resposta refletiu tudo o que eu estava sentindo.
– Eu... não sei. Acho que não casaria.
Realmente, não sabia. Claro que não casaria se a Kara me pedisse. Faria qualquer coisa por ela, mas, por que ela me pediria isso? Se a Kara fosse apaixonada por mim, com certeza eu já saberia. E se não soubesse, aquele seria o momento perfeito para ela me contar. Mas ela não fez isso.
– Essa não era a resposta que eu queria.
Eu esperava qualquer coisa, menos isso. O que ela queria? Era apenas uma suposição, não era? Será que ela sabia de algo do James, e não queria me contar? Perdi-me em meus pensamentos, e estava prestes a começar a chorar. Então, achei melhor disfarçar e voltarmos a dançar.
Não foi uma boa ideia. Aquele momento não saía da minha cabeça. Droga, droga! Para ajudar, a maldita loira não tirava os olhos de Kara. Ela não via, mas eu podia ver perfeitamente o sorrisinho nos lábios daquela mulher. Aquilo estava me deixando possessa de ciúmes. Mas o que eu poderia fazer? E por que sentir ciúmes? Era minha amiga! Não me aguentei, precisava sair dali por uns instantes. Resolvi ir ao banheiro para tentar me recuperar.
Quando saí, Kara estava conversando animadamente com a loira. Fiquei com tanta raiva, não queria ver aquilo. Eu já tinha visto a Kara beijando outras garotas. Mas não agora, não queria. Não conseguiria. E não faço ideia do que tinha mudado. Só sei que eu iria pirar se ficasse ali. Fui praticamente correndo para nosso quarto, deitei na cama e chorei.
Nem sabia direito porque estava chorando. Só sei que depois de um tempo, ouvi a porta se abrir e disfarcei como pude. Inútil.
– O que foi, Lena? Por que você voltou? – ela me olhou inquisitiva.
Porque estava doida de ciúmes, não queria aquela loira perto de você, não poderia ver vocês se beijando. E eu realmente não sei o que está acontecendo.
– Estava cansada.
– Cansada a ponto de chorar? Me diz, Lena. O que aconteceu de verdade. Alguém fez algo para você?
Você fez, Kara, e eu não faço ideia do que. Fez com que meu coração surtasse. Só pode. Inventei a primeira desculpa convincente que me veio na cabeça.
– Acho que estou com saudades do James.
Não, eu não estava. Na verdade, não queria que aquele fim de semana acabasse nunca. Acho que eu estava pensando melhor na ideia do casamento e não sabia mais se era realmente o que eu queria.
A Kara não falou nada. Apenas se deitou ao meu lado e me abraçou. Eu chorei muito mais, em seus braços, não querendo nunca mais sair daquele contato. Mas estava com raiva dela. Ela não podia ter ficado com aquela mulher, ali.
– Volta para festa, Kara! A sua nova namoradinha já deve estar com saudades.
– Namoradinha? Lena, você tá louca? Tá falando de quem?
– Daquela loira sem graça. Eu vi vocês conversando depois que fui ao banheiro. Desculpa ter atrapalhado seu casinho com ela.
Ela me olhou de uma maneira um tanto confusa. Com um brilho no olhar. Olhou em meus olhos profundamente, por alguns instantes. Estávamos tão próximas. Olhei instintivamente para seus lábios. Meu Deus, o que eu estava pensando? Devia estar bêbada, ou realmente estava ficando louca. Imaginei como seria seu beijo, como seria beijar uma mulher. Desviei meus pensamentos e meu olhar, e percebi que ela também estava sem graça.
– Não aconteceu nada entre a gente, Lena. Eu te falei que não queria ficar com ninguém, não falei? Tô aqui com você. É só com você que quero aproveitar o fim de semana. A intenção não era essa?
Senti que ela estava sendo sincera, e eu estava sendo terrivelmente injusta. A abracei mais forte, encostei minha cabeça em seu ombro e fiquei assim por um bom tempo. Pensando em tudo e em nada específico. Não tinha uma resposta para dar para ela. Ou na verdade, não queria falar. Não podia falar tudo o que estava sentindo naquele momento.
Nem vi quanto tempo se passou. Mas a Kara estava lá. Meu pai tinha razão. Ela sempre estava comigo, para tudo. Ela não dormiu enquanto percebeu que eu estava acordada. E foi um dia bem puxado. Ela deveria estar super cansada. Mas estava ali, a minha
Kara, afagando meus cabelos com carinho. Beijando minha cabeça às vezes e me apertando mais forte quando via que eu voltava a chorar. Depois de horas, adormeci.
Acordei bem tarde naquele dia. A Kara poderia ter saído para aproveitar. Era uma segunda feira e o hotel devia estar praticamente vazio. Mas ela estava ali. E já estava acordada. Afagava meus cabelos com carinho. Eu estava envergonhada pela noite anterior.
Por ter aquela crise de ciúmes, por ter desejado beijá-la. Jurei que nunca mais algo do tipo aconteceria. Eu poderia ter aberto os olhos e fingir que nada aconteceu, mas continuei ali, fingindo que dormia, só para receber seus carinhos por mais algum tempo.
Quando ela se levantou, aproveitei para fingir que acordava. Vi que ela foi tomar banho, e pediu comida. Achei bom. Não queria sair do quarto. Queria ficar ali o dia todo e esquecer tudo o que havia acontecido. E foi o que fizemos. Fui tomar banho depois dela e ficamos no quarto o dia todo. Em silêncio, na cama. Era tudo o que eu mais queria: perder a noção do tempo, com a Kara ao meu lado. Não conversamos muito. Senti que ela também estava sem graça com a noite anterior. Então ficamos daquele jeito, cada uma com seus pensamentos, até a hora de dormirmos novamente.
No outro dia iríamos embora cedo. Mas a Kara insistiu tanto que resolvemos viajar só a noitinha. Passamos o dia todo na piscina.
Parecia que tudo estava novamente bem. Brincávamos e nos divertimos muito. No fim da tarde fomos arrumar nossas coisas para viajar. E ela insistiu em dirigir. Agradeci por isso, eu estava cansada. Dormi a viagem toda.
Quando chegamos na cidade já era quase meia noite.
– Lena, vou parar na minha casa, você me deixa lá e depois vai para sua, pode ser?
– Nossa, enjoou mesmo de ser meu travesseiro, né? Tá querendo fugir de mim já! Não senhorita. Vamos para a minha casa, e você vai dormir lá comigo. Pela manhã temos que ir fazer a primeira prova do vestido mesmo.
Ela relutou, mas acabou cedendo. Chegamos em casa, tomamos um banho e fomos direto para a cama. Estávamos cansadas, e dormimos rapidamente. Abraçadas, como de costume.
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Amor Platônico - Adaptação Karlena
Fiksi PenggemarVERSÃO KARLENA "...Por todos esses anos eu me acostumei em ver e não tocar, em amar e não ser amada. Tive namoradas também, e também foram poucas já que nunca conseguia tirá-la da cabeça e muito menos do coração. A verdade é que realmente me acostum...