Capítulo 14 - Eu preciso de você

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Lena

Realmente o jantar não foi nada do que eu esperava. Tudo estava perfeito, lindo. Mas a Kara não estava lá, e para piorar tudo, o James percebeu que eu estava totalmente desligada do mundo, ficou bravo e começou a beber. Graças a Deus, ele só ficou realmente alterado depois que os convidados foram embora. Só meus pais e os pais dele viram a briga.

- Ótimo, Lena. Essa sua cara horrível a festa toda não deve ter agradado nossos convidados. Posso saber o porquê disso? Está arrependida e não quer mais se casar comigo? Tenho certeza que aquela sua amiga acabou te dando alguma ideia idiota à tarde. Afinal, ela é tão sua amiga, você sempre me deixa de lado por causa dela. E onde ela está no dia do seu noivado? Se ela gostasse de você o tanto que você gosta dela, estaria aqui, e estaria apoiando nosso casamento, porque todo mundo sabe que eu sou o homem que vai te fazer feliz.

Não consegui dizer nada. Eu estava magoada com a Kara. E ouvir isso de outra pessoa me fez pensar na verdade. Ela simplesmente não apareceu. Antes eu estava preocupada, achando que algo pudesse ter acontecido, mas nesse momento pensei que ela não podia ter faltado. Eu sentia que nada de ruim havia acontecido com ela, mas ela me deixou ali, num momento que eu tanto precisava dela. Comecei a chorar, e meu pai resolveu interferir.

- James, deixa a Lena em paz. Você está bêbado, acho bom ir embora. E vai ver ela se arrependeu sim de ficar sua noiva. Seria muito sensato da parte dela. Eu sem dúvidas apoiaria minha filha - e, falando diretamente comigo - Vai atrás da Kara, filha!

- Ela não vai atrás de ninguém, é minha noiva e vai pra casa comigo! O senhor pode não gostar de mim, mas ela me ama e é só isso o que importa!

Eu não estava aguentando tudo aquilo. Não era para ser uma noite perfeita?

- James, me deixa! Não vou atrás de ninguém, mas também não vou com você para sua casa! Você me decepcionou, bebeu demais e agora tá fazendo graça. Quando você estiver bem a gente conversa. Você não tinha direito nenhum de colocar a Kara na conversa!

Saí deixando ele ali com cara de idiota. Eu não podia suportar aquilo. Por um instante, pensei que não queria me casar. Eu não podia! Eu não estava pronta. Saí desorientada, eu fui com ele pra festa e agora estava sem carro. Tirei minhas sandálias e comecei a andar, meio sem rumo, até notar um carro parando do meu lado e ver que era meu pai. Eu chorava, minhas lágrimas escorriam e eu não sabia se era pela decepção com meu noivo ou com a Kara. Meu pai saiu do carro, me abraçou, e me deixou chorar em seus braços, como quando eu era criança. Depois de alguns instantes parei de chorar.

- Quer uma carona, filha?

- Eu... não sei nem para onde eu estou indo, pai! Só quero esquecer essa noite, só quero esquecer tudo isso, só quero entender porque a Kara fez isso!

É... eu estava chorando pela Kara, nesse instante me dei conta.

- Vou te deixar na casa dela e vocês resolvem isso. E não adianta falar que não quer, precisa se entender com ela, filha. Vocês se amam tanto!

Não adiantava argumentar com meu pai. Quando vi, ele já estava parado na porta da casa de Kara. O que eu fiz? Não pensei duas vezes e toquei a campainha.

Não era a cena que eu esperava ver. Kara estava vestida para sair. Mas estava meio sonolenta. Não entendi absolutamente nada. Nem isso, nem minha reação. Eu queria gritar com ela, reclamar da ausência, falar que ela estava diferente e isso estava me machucando. No entanto, meu coração me pregou uma peça. Eu só consegui abraçá-la e chorar.

Ela retribuiu o abraço e me levou para dentro. Parecia tão confusa quanto eu. Ficamos abraçadas por um tempo e percebi que ela chorava também. Mesmo assim não consegui me conter e a razão tomou conta de mim. Afastei-me dela, estava com raiva. Estava assustada. Confusa!

- Você não podia ter feito isso, não podia! Era importante pra mim! Briguei com o James, ele disse que você não se importa comigo como eu me importo com você! E onde você estava? Dormindo! Eu queria você lá! Eu preciso de você, Kara!

Ela só chorava... me senti mal por fazer isso. Voltei a abraçá-la e ficamos assim por um bom tempo.

- Eu te amo, Lena! Você não entende. Tive meus motivos pra não ir, mas não tenho como te explicar. Realmente, eu estou errada. Entendo se você nunca mais me quiser por perto.

- Não! Desculpa, eu preciso de você! Já te falei isso um bilhão de vezes. Não vou me afastar, nunca. Mas quero pedir uma coisa. Me deixa ficar aqui, essa noite? Quero fugir do mundo, não quero o James bêbado me ligando a noite toda.

- Ahn... tudo bem! Vai tomar um banho, e a gente dorme. Você deve estar cansada. Vou me trocar também. Amanhã conversamos sobre tudo isso.

Quando sai do banho, botei um pijama que ficava na casa de Kara. Ela já estava deitada, então só tive o trabalho de me aninhar nos braços dela. Dessa vez, me agarrei toda nela. Precisava daquela segurança que só ela conseguia me passar. Meu rosto estava bem próximo do seu pescoço. Eu podia sentir o cheiro do seu perfume. Aquele contato era realmente muito bom. Puxei a Kara pra mais perto de mim e adormeci me sentindo bem melhor.

Amor Platônico - Adaptação KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora