Capítulo 68 - Eu sempre te amei

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Lena

– Mãe, pai, vou me casar! – Disse logo que entrei, sorrindo radiante.

– Acho que já vi essa cena antes, filha. Espero que seja a última vez – meu pai como sempre fazendo piadas com tudo. E eu amava aquele jeito de simplificar as coisas e não se preocupar com a opinião dos outros.

– Lena, o James ligou. – e minha mãe, sempre prática e direta. – Ele já voltou da lua de mel, se é que posso chamar assim, e quer pedir o divórcio. Não teve coragem de falar com você pessoalmente. Ele está muito abalado, filha. O mínimo que você poderia fazer é sentar e conversar direito com ele, explicar toda a situação. Se coloque no lugar dele e pense um pouco.

Pensei no que minha mãe disse e resolvi que ela estava certa. Eu não poderia deixar tudo mal resolvido. Mas fiquei feliz com a iniciativa dele de pedir o divórcio. Talvez ele entendesse tudo facilmente.

– Não, Lena, você não vai! – Eu podia sentir o medo na voz da minha Kara. – Ele já pediu o divórcio, ele já entendeu. Por que você precisa ir atrás dele?

– Kara, meu amor, é a coisa certa a se fazer. Você sabe disso. Eu abandonei ele no meio de nossa lua de mel. O mínimo que posso fazer é sentar e conversar com ele sobre isso, me desculpar e explicar que todo o meu amor é seu, mas só percebi tarde demais para ele.

– Mas, e se você mudar de ideia? – Ela apenas sussurrou, mas eu entendi. Agora finalmente eu tinha aberto minha mente e conseguia entender tudo o que a Kara queria de mim, finalmente eu deixei de ser tão tapada e conseguia reconhecer todas as reações dela. Conseguia sentir seu medo.

– Kara, eu errei. Errei com você, te deixando esperar todo esse tempo, te deixando sofrer por não entender o que você sente por mim e o que eu sinto por você. Mas errei também com o James. Fui tapada demais para entender o que sentíamos uma pela outra, e isso acabou me levando a achar que o amava, a assumir um compromisso com ele. E então eu tirei toda a felicidade dele, quando percebi o que sentia e voltei correndo para você. E eu voltei simplesmente porque percebi que meu amor não era dele, era, e é, totalmente seu. Incondicionalmente, infinitamente! Eu não o amava, eu amo você. Eu amo você, Kara, isso não vai mudar quando eu olhar pra ele. Eu sempre te amei, só não sabia. Mas eu devo uma explicação. É o mínimo que posso fazer por destruir os sonhos dele.

Acho que ela se sentiu mais segura. Como poderia mudar, como eu mudaria de ideia, se finalmente havia descoberto o amor?

Com ela mais confiante, resolvemos que eu iria sozinha. Seria pior leva– lá comigo, como se eu quisesse jogar na cara dele o motivo de nossa separação. E a Kara precisava voltar ao trabalho, também, para que pudéssemos ter ao menos um final de semana tranquilo de lua de mel. Agora sim, uma lua de mel de verdade.

Conversei com o James naquela mesma semana. Não sabia muito bem o que esperar daquela conversa, mas foi bem melhor do que tudo que planejei. Ele me contou que chorou, tomou um porre, me odiou em Saint Marteen. Mas depois disso entendeu, e viu que não iria ter volta. Que teria que deixar isso para trás e ser feliz. Que não era minha culpa, era culpa do meu cupido atrapalhado que, ao tentar mirar na Kara, acertou ele de raspão. Só de raspão mesmo. Foi uma fagulha, um encantamento, mas não uma paixão, e muito menos amor.

Naquela mesma semana conversei com o James e resolvemos ir adiante com o divórcio. Ser completamente feliz com ela.

Naquela mesma semana, decidimos que tínhamos uma casa sobrando, pois não conseguíamos mais nos largar por um instante que fosse e ficar "cada uma em sua casa". Isso não existia mais. Iríamos nos casar, mas já estávamos unidas por um laço acima de qualquer poder que um papel pudesse ter. Estávamos unidas pelo amor. Naquela mesma semana vendemos a casa da Kara, e ela foi definitivamente para minha casa.

Começamos a nos preparar para o casamento. Decidimos por uma coisa bem simples, apenas um jantar com nossas famílias e as pessoas mais próximas. Toda noite, ao voltar do trabalho, nos sentávamos para planejar e ao mesmo tempo vivenciar tudo aquilo. Não eram só planos, era uma vida toda. Era preparar o jantar para minha Kara, me aninhar com ela na cama e acorda– lá no meio da noite para dizer o quanto eu a amava. Era ser acordada todas as manhãs com beijos e carinhos. Era me sentir amada, e fazer o melhor para que a Kara também se sentisse assim.

Amor Platônico - Adaptação KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora