Capítulo 32 - Ansiedade, pura ansiedade!

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Lena

Eu imaginava que a Kara seria mais resistente, afinal, foi ela quem provocou nosso distanciamento. É impossível descrever o quanto fiquei feliz em ver que ela estava sentindo a minha falta, tanto quanto eu sentia a dela. Nos reconciliamos e passamos o resto do domingo juntas, mas era tenso demais estar ao seu lado. Não era ruim. Só tenso. Depois de um beijo como aquele, achei que deveríamos evitar qualquer contato físico. Na verdade, acho que eu tinha medo das reações do meu corpo ao me aproximar. Eu sempre soube o efeito que ela me causava, mas sempre acreditei que fosse algo normal entre amigas. Mas agora, depois de sentir seus lábios nos meus, nosso beijo cheio de desejo e vontade, eu sabia que teria que travar uma dura batalha toda vez que estivesse ao seu lado. Se acontecesse de novo, eu não iria me conter. Eu não sabia dizer por que estava me sentindo assim, mas com certeza, era esse casamento. Ansiedade, pura ansiedade! Eu tentava me convencer disso enquanto olhava para seu lindo rosto. Era visível que ela olhava para a televisão, mas não fazia ideia do que acontecia no filme. Eu, menos ainda. Parecia que seus lábios me chamavam, me convidavam a me aproximar. Tentei parar de pensar nisso e prestar atenção no filme. E até consegui.

Mas quando escureceu, me senti desesperada para ir embora. Eu amava a Kara, mas não poderia me conter se deitasse na sua cama, abraçada a ela.

Acho que ela sentia o mesmo que eu. As coisas levariam mesmo algum tempo para voltar ao normal. Fui embora com o coração apertado, lágrimas nos olhos. Já estava com saudades. Mas sabia que era o melhor a fazer.

Já na minha cama, sentia um vazio imenso. Falta daquele abraço, falta daqueles lábios. Eu estava enlouquecendo. Não dormi absolutamente nada naquela noite. Só chorei. Chorei, olhei nossas fotos, todos os presentes que ela tinha me dado. E me senti culpada. Culpada por ter estragado tudo. Acho que nunca mais nossa amizade seria como antes.

No outro dia, e pelo resto da semana, me ocupei com assuntos do trabalho e do casamento. Felizmente, isso consumia boa parte do meu tempo, e ficar com o James ocupava o resto. Se não, certamente aquele vazio voltaria a me perseguir e me fazer chorar.

Falei com a Kara poucas vezes. Só o essencial, para combinarmos detalhes das fotografias do casamento, e a prova dos vestidos, que mais uma vez fui sem ela. Na verdade, dessa vez eu propositalmente escolhi um horário em que ela estava ocupada. Estar com ela estava cada vez mais difícil. É, acho que eu estava fugindo.

Só no outro sábado nos encontramos. Ela insistiu para que almoçássemos juntas. Eu não podia fugir para sempre, então resolvi aceitar.

Quando ela chegou em casa, estava simplesmente linda. Jeans, tênis e uma blusinha colada no corpo. Ela não precisava mais do que isso. Nos abraçamos, e eu não queria que acabasse nunca. Sentir seu corpo tão próximo me causava arrepios, mas era uma coisa tão boa, que procurei esses contatos o tempo todo. Falamos de nossos trabalhos, do meu casamento. Agora estava tão perto, só faltavam três semanas. Mas eu não queria falar sobre isso. Queria que ela falasse, queria ouvir sua voz. Mas quando o assunto acabou e ela ameaçou ir embora, inventei a primeira desculpa que pude para fazê-la ficar mais um pouco.

– Kara, espera! Eu comprei um CD novo, quero que você escute comigo.

Acabamos indo para o meu quarto, e quando eu coloquei o CD ela já estava deitada na minha cama. Pensei em me sentar em uma poltrona. Mas a necessidade de sentir seu carinho foi maior. Acabei me deitando ao seu lado.

Estávamos rígidas na cama. Nenhuma das duas sabia bem como agir. Por um bom tempo, ficamos assim, cada uma de um lado da cama, o mais longe possível. Mas perto o suficiente para que eu pudesse sentir seu cheiro e ouvir sua respiração.

– Não gosta mais do seu travesseiro, Rafa? Vem, deita aqui.

Até pensei que não seria uma boa ideia. Mas eu precisava daquilo. Aproximei-me cautelosa e deitei como sempre, com a cabeça apoiada em seus braços. Nossas bocas estavam a apenas alguns centímetros. Se acontecesse algo, eu não conseguiria fugir. Mas a Kara notou isso e virou o rosto para o outro lado, deixando seu pescoço bem perto de mim. Eu sentia todos os meus músculos se contraindo, a tensão tomando conta de mim, mas ela parecia bem com aquele contato, e começou a afagar meus cabelos, como sempre fazia. Só depois de muito tempo eu acabei adormecendo.

Acordei com o dia amanhecendo, e ainda estávamos na mesma posição. Deitadas sobre a colcha da cama, ainda vestidas. Que bom que a Kara não foi embora durante a noite. Resolvi ir tomar um banho, e quando voltei ela não estava mais ali. Sobre a minha cama, só um bilhete.

"Você sempre vai ser a única rosa do meu jardim. Tudo o que eu mais queria no mundo era ser a sua também. Fui para a casa porque tenho alguns compromissos hoje. Desculpa não me despedir. Amo você. Kara"

Sorri, deitei na cama que ainda tinha seu cheiro e acabei adormecendo novamente.

Amor Platônico - Adaptação KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora