Kara
A viagem foi rápida e em poucas horas estava em frente à casa dos meus pais.
Minha mãe me recebeu amorosa.
– Que bom que você chegou, filha! – olhou-me preocupada – Como você está?
Não aguentei e comecei a chorar.
– Vem, vamos entrar.
Sentamos no sofá e ela ficou respeitando meu silêncio. Mas eu não queria mais deixar de falar no assunto.
– É sábado que vem, mãe. Ela vai se casar. E... o pior de tudo é que eu que salvei o casamento... – disse voltando a chorar.
Contei para minha mãe tudo o que tinha acontecido.
– Mas por que você foi falar com ele, Kara?
– Porque eu amo a Lena e ela ama o James. Mesmo que eu sofra, quero que ela seja feliz.
– Minha filhinha, por que você tem que ser assim?
Ficamos em silêncio por um tempo.
– Às vezes eu invejo esse seu sentimento pela Lena, sabia?
– E por que você invejaria toda essa dor que eu sinto? – perguntei surpresa.
– Acho muito linda essa sua mania de se entregar tanto às coisas, você é muito intensa, filha – abraçou-me – Vai ficar tudo bem...
Eu precisava ouvir isso, porque o que eu mais acreditava era que nada ficaria bem.
Meu pai chegou logo em seguida com o almoço e comemos em paz. Eu estava em paz com eles ali. Precisava da minha família.
Passei o dia inteiro grudada nos dois, estava muito carente.
À noite meu celular tocou, era a Lena, ri internamente.
– Oi Lena, já tá com saudades é? – brinquei quando atendi o telefone.
– Kara! Estou, com muitas saudades. Não é justo você me abandonar assim na última semana antes do casamento – como eu amava escutar aquela voz.
– Já conversamos sobre isso, Lena. Você está bem? Parece tão tristinha.
– Claro que estou triste. Você não está aqui comigo. Não posso viver sem você – não tem como esconder o quanto ouvir essas coisas me deixa feliz.
– É só uma semana, você sobrevive. Também já estou cheia de saudades – eu disse melosa.
– É bem mais que uma semana. Você só volta quinta que vem!
– A gente pode se falar todo dia, você sabe disso.
– Tudo bem. Me liga amanhã? Já vou estar com saudade da sua voz quando acordar.
– Eu ligo, pode deixar. Se cuida aí, amo você – disse sincera.
– Também te amo. Manda um beijo para os seus pais. E outro especial para você.
Desligamos.
Minha mãe me olhava profundamente.
– Era a Lena. Ligou porque estava com saudades – expliquei.
– E você não acha isso nada estranho?
– Como assim?
– Vocês se viram de manhã e à noite ela liga dizendo que está com saudades?
– É porque eu vou ficar a semana inteira aqui e... a gente nunca ficou tanto tempo longe uma da outra... Você sabe, mãe...
Ela me olhou séria e respondeu:
– Às vezes não sei quem é mais lesada, você ou ela.
Dia seguinte minha mãe me proibiu de ficar com o celular. Nós saímos para dar uma volta pela cidade e ela me proibiu de levá-lo.
– Você tem que esquecer ela, Kara!
– Eu prometi que ia ligar!
– Então você liga de noite, quando chegarmos.
Minha mãe estava certa, eu sabia. Precisava mesmo esquecer a Lena, já estava na hora, aliás, a hora já tinha passado há oito anos atrás.
Chegamos em casa e fui direto ao o meu celular. Tinha exatamente vinte e nove ligações não atendidas da Lena.
– Você vai mesmo ligar, Kara? – meu pai perguntou.
– Claro, pai, eu prometi.
– Você sabe que precisa se afastar dela, não sabe? – ele perguntou, minha mãe só escutava.
– Eu não posso. Prometi que sempre ia estar com ela.
– Não precisa sumir da vida dela, só não pode mais ficar prisioneira desse sentimento – minha mãe disse.
Eles estavam certos. Eu sabia.
Liguei para a Lena mesmo assim.
– Por que você não me atendeu? Eu estava com saudades! – disse assim que liguei.
– Eu disse que ia ligar, não disse?
– É, mas já são quase oito da noite! – disse brava
– É que eu saí e esqueci o celular em casa. Acabei de chegar e a primeira coisa que eu fiz foi vir te ligar – disse calma.
– Desculpa... é que não estou acostumada com isso.
– Mas vai ter que se acostumar. As coisas não vão mais ser como sempre foram. Vai ter que se acostumar com nossa distância...
– Não sei se quero me acostumar com isso...
Ficamos em silêncio.
– Eu tenho que ir, minha mãe está me chamando para jantar – menti
– Tudo bem – disse triste – Não esquece esse celular amanhã! – disse brava.
– Não vou – silêncio – Eu te amo, Lena. Durma bem...
– Também te amo. Boa noite.
Desligamos.
O resto da semana passou tranquilamente. Falei com a Lena todos os dias.
Era bom estar ali com meus pais. Eles faziam de tudo para que eu ficasse feliz. Passávamos o dia inteiro juntos. Saímos, assistíamos filmes, jogávamos baralho, faziam minhas comidas preferidas... tudo para me fazer esquecer o casamento. E até que estava adiantando. Eu estava ganhando forças para aguentar o que viria a seguir.
Na quinta-feira de manhã arrumamos nossas coisas e saímos os três de carro. Fomos todos no meu, combinamos que depois do casamento eu voltaria e passaria alguns dias com eles. Todos sabiam que eu precisaria disso.
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Amor Platônico - Adaptação Karlena
ФанфикVERSÃO KARLENA "...Por todos esses anos eu me acostumei em ver e não tocar, em amar e não ser amada. Tive namoradas também, e também foram poucas já que nunca conseguia tirá-la da cabeça e muito menos do coração. A verdade é que realmente me acostum...