Kara
Eu estava totalmente alienada do mundo. Ligava para meus pais todos os dias e mentia que comia alguma coisa. Mentia também para tio Lionel e tia Lilian que ligavam várias vezes ao dia. Eles até passaram lá um dia de surpresa e acabaram me levando para comer alguma coisa, não tinha nada em casa. Não pude dizer não.
Não falamos nada da Lena, aliás, nem falamos muito.
Dia seguinte aquilo teria que acabar. Não que eu já quisesse levantar, mas tinha que trabalhar. Eu tinha tirado uns dias depois do casamento para poder ir para casa dos meus pais, mas esses dias chegavam ao fim. Dia seguinte teria que cobrir um evento a tarde inteira.
Dormi cedo. Acordei e tomei um banho demorado. Precisaria de forças para aguentar o dia inteiro.
– Você está péssima!
– Está tudo bem?
– Você dormiu essa noite?
– Aconteceu alguma coisa?
Foram algumas das coisas que me disseram no trabalho.
– Oi, Kara! Como você está? – era o Barry me ligando.
– Estou cansada das pessoas me perguntarem isso.
Silêncio.
– Olha, que tal a gente assistir filmes bem melosos para você ficar feliz e muita pizza? O que acha?
– Eu não sei... acho que isso não vai melhorar meu humor.
– Eu estou voltando de viagem hoje ou amanhã e assim que chegar passo na sua casa, nem que seja só para te dar um beijo, tá?
– Tudo bem.
Desligamos.
Peguei minhas coisas e a tarde fui cobrir um evento. Fiz tudo mecanicamente.
Encontrei Lucy de novo, ela estava com a namorada que era Modelo.
– Almoça com a gente, Kara!
Acabei indo. Ia ter que comer alguma coisa mesmo para não acabar desmaiando.
– Então ela se casou? – Lucy perguntou quando nos sentamos.
Não disse nada.
– Sua cara e seu silêncio responderam minha pergunta...
– Sábado... – disse apenas.
– Você precisa sair dessa, Kara!
Eu não queria dizer nada.
– Já são oito anos! Já chega! Você não está cansada de sofrer?
Meus olhos foram ficando marejados. Eu não queria ouvir aquilo. A verdade doía demais.
– Você tem que aceitar que ela não te ama...
Levantei da mesa bruscamente e fui embora sem comer ou dizer nada.
Ouvir a verdade doía. Eu não estava pronta para a verdade...
Voltei para o trabalho e fiquei lá até o fim da tarde.
Assim que cheguei em casa liguei para minha mãe e ela ficou feliz em saber que eu já tinha ido trabalhar. Não contei a ela que entrei de férias e que teria o fim dessa semana e a semana inteira que vem livres, senão ela ia querer que eu ficasse lá por todo esse tempo, e eu queria ficar sozinha.
– No fim de semana eu vou para aí... – eu disse.
– Que bom, minha filha! Eu e seu pai vamos te pegar na rodoviária.
– Tudo bem, eu ligo quando souber o horário do ônibus.
Nos despedimos e assim que botei o telefone no gancho ele tocou novamente.
– Oi, Kara...
– Oi, tio Lionel
– Está melhor?
– Sei lá... – fiquei em silêncio – Você tem notícias dela?
– Não, Kara, só sei que ela chegou bem...
Senti vontade de chorar de novo imaginando eles dois se divertindo.
– Olha, amanhã você trabalha?
– Não... eu decidi tirar umas férias. Na verdade, eu só volto no fim da semana que vem porque preciso cobrir um evento importante.
– Eu e a Lilian vamos passar aí amanhã à noite e vamos jantar, tudo bem?
– Tudo bem – respondi.
Eles estavam sendo tão gentis comigo, não podia dizer não.
Nos despedimos e quando desliguei o telefone fiquei pensando no que a Lucy disse. Ela estava completamente certa. Eu precisava aceitar o fato de que a Lena não me amava e já estava na hora de parar de sofrer. Sim... eu estava muito cansada.
Deitei e quando estava quase adormecendo ouvi a campainha tocar. Pensei em não atender, mas tocou novamente. Eu vou bater no Barry!
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Amor Platônico - Adaptação Karlena
FanficVERSÃO KARLENA "...Por todos esses anos eu me acostumei em ver e não tocar, em amar e não ser amada. Tive namoradas também, e também foram poucas já que nunca conseguia tirá-la da cabeça e muito menos do coração. A verdade é que realmente me acostum...