Capítulo 49 - Nada bem...

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Kara

Então chegamos na Igreja! Meus pais se sentaram e eu logo avistei meu assistente, Winn. Preparamos tudo e ficamos a postos.

Sete horas, sabia que ela atrasaria.

Olhei para o James, todo feliz, lá no altar, esperando a mulher da minha vida. Ele sorria tanto e eu já sentia lágrimas nos meus olhos.

– Tudo bem? – perguntou Barry me abraçando.

– Não! – disse chorando mais – Nada bem...

Ele me abraçou mais forte.

– Ela está chegando, Kara...

Olhei para a entrada e esqueci de todo o resto quando vi a mulher mais linda do mundo entrar na Igreja! Fiquei hipnotizada por alguns momentos. Ela sorriu para mim. Fiquei ali sem ação até Winn me chamar. Quando olhei Barry já havia se sentado.

Tirei a primeira foto dela na porta da Igreja. Fiquei olhando para aquele sorriso, aquela mulher. Ela estava completamente maravilhosa!

Fui acompanhando seus passos com a câmera, maravilhada com ela. Mas então ela chegou ao lado do James e ele chegou às minhas fotos. A primeira que tirei dos dois me fez ficar paralisada. Quase saí correndo daquela Igreja. Aguenta, Kara!

Tentei me concentrar no meu trabalho, mas nunca senti tanta dor na minha vida.

Eu já estava chorando, tentando controlar ao máximo minhas lágrimas. Via ela sorrindo, ele sorrindo, todos sorrindo, menos eu, menos tio Lionel, menos meus pais, menos Barry, menos meu assistente que estava irritado por ter que trabalhar aquele sábado à noite.

Arrependi-me profundamente por ter feito com que o James fosse pedir desculpas, arrependi-me profundamente de ter dito que sempre estaria ao lado dela, arrependi-me profundamente de não ter me declarado enquanto era tempo. Ainda era tempo?

– Se alguém aqui tem algo contra esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre.

Tio Lionel me olhou naquele momento, me passou coragem. Mas eu não tinha coragem e a que ele me passou não era suficiente para interromper o casamento. Só era bastante para tirar mais uma foto.

– Então eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

O beijo que selava o fim. O fim de algo que nunca começou. O meu fim. O fim do meu amor. O fim. Fim.

Repeti aquela palavra internamente e tirei mais algumas fotos dos dois saindo do altar, fazendo um esforço sobrenatural para conciliar as lágrimas, com o equipamento, com o vestido longo, com minha dor profunda, com meu assistente perguntando se poderia recolher o equipamento. Sim, sim. Faça qualquer coisa. Recolha também meu amor, leve-o embora daqui. Leve a minha dor também. Não tem mais espaço para ela. Estou entupida de dor.

Ele foi embora. Não tiraríamos as fotos da festa. Lena quis que eu me divertisse um pouco. Como se eu pudesse me divertir...

Barry me alcançou e fomos juntos para o salão.

Entrei no carro e chorei compulsivamente.

Ele não disse nada.

Eu não disse nada.

Nada tinha para ser dito.

Chegamos ao salão.

Bati a porta do carro com força.

Aguenta, Kara!

– Kara! - ela me chamou assim que chegou.

– Parabéns, Lena – tentei parecer o mais feliz possível, mas estar feliz naquele momento não era nada possível então ao menos tentei soar emocionada.

– Você se emocionou tanto assim? – perguntou pela minha cara de choro.

– Claro... – ao menos consegui isso.

Lena tinha muitas pessoas para cumprimentar, então fui me sentar.

Meus pais assim que chegaram sentaram comigo. Tio Lionel e tia Lilian também.

Mas ninguém falou nada. O que foi bom... eu não queria escutar nada. "Vai ficar tudo bem", não! Não vai ficar bem! Não estava bem!

Barry realmente não saiu do meu lado a festa inteira e eu não consegui disfarçar o quanto queria sair dali.

Tio Lionel também não saiu do meu lado. Meus pais se divertiram um pouco, dançaram. Tia Lilian também. Mas nós três ficamos na mesa quase que a noite inteira. Como que uma resistência ao que estava acontecendo.

Lena parecia feliz, toda hora alguém ia falar com ela. James a puxava o tempo inteiro. Algumas vezes ela ia à mesa. Tentou me tirar para dançar, não quis ir e antes que ela tentasse de novo James apareceu e a levou embora. Ele tinha que sempre levá-la embora?

Só levantei para ir ao banheiro uma vez e tirar uma foto no bolo com a Lena.

Fiz o máximo para sorrir. Nem sei se consegui.

– Você é a melhor amiga do mundo, Kara – ela disse contente.

Não respondi. Eu não queria falar nem com ela. Tentei sorrir de novo e voltei para a mesa.

– Tio Lionel... será que você pode falar com meus pais para dormirem na sua casa hoje? Eu queria ficar sozinha.

Ele me olhou compadecido.

– Tem certeza? – fiz que sim com a cabeça – Claro, vou falar com eles...

– Obrigada – respondi sincera.

Olhei para todas as bebidas da festa. Poderia encher a cara, mas eu não queria nada. Queria apenas ir embora ou ao menos ficar ali sem me mexer, sem ver mais nada ao meu redor.

Não sei por quanto tempo aguentei, nem me importava.

Saí despercebida. Era apenas uma dor no meio de tanta felicidade.

Barry me levou para casa, perguntou se queria que ele ficasse. Disse que queria ficar sozinha e saí do carro.

Andei rápido até a minha casa. Droga de vestido longo! Droga de casamento!

Fechei a porta atrás de mim com força e gritei, muito alto.

Gritei mais uma vez.

Olhei para um porta retrato que ficava em cima de um móvel da sala. Nele ela sorria abraçada a mim. O mesmo que vi no dia que ela me contou que casaria.

Peguei ele com raiva e joguei longe. Ouvi ele quebrar, mas isso não amenizou minha raiva.

Joguei várias coisas ao chão. Todos os enfeites que ficavam na estante da sala. Os vasos. Soquei uma parede e nem senti a dor no meu punho, por que a dor maior já estava dentro de mim.

Eu perdi. Eu perdi a Lena. Eu perdi. Só conseguia sentir raiva naquele momento. Meu choro estava compulsivo e eu gritava, quebrava coisas, arrancava o vestido do meu corpo, chutava os pedaços caídos pelo chão.

Nada, absolutamente nada, amenizava o que eu sentia.

No auge do meu desespero eu agarrei meus cabelos e deixei meu corpo cair ao chão... no meio da sala, em cima de cacos de vidro do porta retrato e algumas outras coisas. Olhei para a foto e a rasguei com raiva.

Eu uivava de tanto chorar. Meu corpo estava cansado de tanto chorar. Eu estava cansada de tanto chorar.

Encolhi-me no chão enquanto minha dor amenizava minha raiva.

Fiquei ali, chorando baixinho, com uma dor chorando muito alto dentro de mim.

Amor Platônico - Adaptação KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora