1100 palavras
JAKHYR
Levo minha flor para um lugar privado que temos na vila para eu conseguir aproveitar ela um pouco.
Ela fica me olhando com humor nos olhos e eu fico confuso.
— Oque foi?- pergunto para ela que abre um sorriso.
— Papai hm- ela olha pra mim com humor nos olhos, acho que ela está usando de ir-on-ia. Um costume do povo dela que eu não entendo- Eu só achei engraçado um cara que põe medo em qualquer um falando papai e abraçando eles como um bebezinho.
Franzo o cenho
— E como você chama o seu pai?
— Sei lá. Eu não conheci meu pai.- olho pra ela com espanto e depois fico olhando ela por um tempo vendo se ela está brincando ou não, as vezes eu não entendo o contexto de suas falas- Calma. Está tudo bem, já falei muito com a minha psicóloga sobre isso e virou só mais uma vertente de alguns dos meus traumas.
— Oque é uma psicóloga?-pergunto com interesse.
— É basicamente uma pessoa para você extravasar- eu não entendo e peço com o olhar para que ela continue explicando- é alguém para você falar dos seus problemas e essa pessoa vai te fazer enxergar oque você precisa fazer aos poucos.
— A... compreendendo- não compreendo não. Mas resolvi mudar de assunto- as suas tetas ainda estão doloridas?
Ela arregala os olhos e suas bochechas ficam em uma coloração de vermelho adorável.
— Nossa por essa eu não esperava... hm estão bem sim, estão ótimas- solta uma risada nervosa e eu sorrio para esse ato.
— Ficou envergonhada minha flor?- falo parando na frente de uma caverna antiga da vila, e fico pensando nesse negócio de falar dos problemas.
Eu não sou obrigado a falar nada do meu passado para ela, mas sinto que devo falar sobre oque significa ser uma kenir, ou falar para ela o porque que ela e as outras fêmeas são tão importantes para os do meu tipo.
Tenho que lhe contar, é importante.
— Minha flor, eu sinto que devo te esclarecer algumas coisas. Coisas sobre o passado.- ela me olha
— Pode falar- respiro fundo e me preparo para contar-lhe o momento mais sombrio da vida de todos que restaram.
— A muitas luas atrás, o povo do céu veio até a gente, pensávamos que tinha sido uma benção a chegada deles pois eles nos deram alimentos, ensinavam coisas e também colocaram algo no ouvidos de todos da tribo e começamos a nos comunicar. Eles eram amigáveis conosco-ela escuta tudo com atenção e olhando nos meus olhos- mas começamos a perceber o desaparecimento de... crianças da nossa tribo.- Paro para respirar por um momento e ela me faz carinho me encorajando a continuar.- Eles pegavam essas crianças e faziam testes com elas, as usavam, as vezes... até abusavam delas.
Ela fecha os olhos e sinto seu rosto vacilar por um breve momento.
Acho que ela entendeu onde eu quero chegar.
— Eu, meu irmão e mais 3 amigos fomos as únicas crianças que conseguiram escapar. Quando voltamos para vila e contamos oque acontecia com a gente, oque eles faziam com a gente a guerra começou instantaneamente- vejo em seus olhos água se acumular um pouco mas ao mesmo tempo ela me olhava de um jeito que me pedia em silêncio para continuar- Anos de guerra, anos perdendo pessoas amadas, perdendo nosso orgulho, perdendo coisas que nada poderia nos devolver. Até que o meu pai quis dar um último movimento, era perigoso e a última coisa que meu pai queria fazer, mas para deixar tudo menos perigoso para o povo, ele transportou as mulheres e as poucas crianças que sobraram para uma caverna distante, era para nossa segurança, meu pai sempre pensou no nosso bem estar. Porém o povo do céu não tinha honra, eles não sabem o significado desta palavra.
Eu paro por um momento pois é difícil lembrar desse momento, sinto Mal-luh passar os seus braços em minha volta e seu corpo fazer uma pressão boa no meu-não sei oque é isso, mas me ajudou um pouco a me sentir melhor- eu passo os meu braços em volta do corpo dela e ficamos assim por uns segundos.
— Você não precisa continuar me contando se não quiser- ela sussurra enquanto seus braços estão a minha volta.
— Eu quero continuar- eu olho nos olhos dela e passo os dedos em sua bochecha dando um carinho e respiro fundo.- Acontece que o povo do céu também tinha planejado algo. Durante a noite quando todas as crianças e mulheres estavam dormindo... eles vieram. Mataram a sangue frio todas as fêmeas, idosas, crianças, avós, filhas, guerreiras... não importou, se tinha a condição de gerar a vida foi morta enquanto estávamos todos dormindo. Foi nesse dia que minha mãe se foi, e como só tinha as mulheres e as crianças eu e os outros ficamos com os corpos delas até alguém lembrar da gente.- seus braços me apertam ainda mais, oque me acalma por um instate- Logo depois disso o povo do céu se foi. Simplesmente foram embora, nos deixando para morrer aos poucos. Até porque como só sobraram os homens não ia ter como continuar a linhagem. Só nos sobrou sentar e esperar por uma morte lenta.
— Jak... eu não tinha a menor ideia do que aconteceu com vocês, é horrível! Nenhum ser deveria passar por isso... mas eu não entendo oque eu e as meninas podemos fazer sobre isso.
— Vocês podem fazer tudo sobre isso- ela sai de seu aperto para me observar melhor- Quando eu te vi na floresta, foi esse o momento que você nos salvou! Eu consegui encontrar a minha...
— Kenir! To sabendo, voce fala isso de 5 em 5 segundos mas... eu não sei oque é isso! De onde eu venho falamos sobre amor ou paixão mas esse negócio de kenir é meio que novidade, então... desenvolve pra mim. Explique por favor.
— Kenir é de forma literal a pessoa perfeita para você. Sua pessoa perfeita de alma e corpo. É basicamente isso, vocês podem salvar nossa linhagem.
— Você está dizendo que somos a esperança para vocês porque nós vamos milagrosamente engravidar?- eu assinto e vejo ela soltar uma leve risada- Olha, eu não sou muito boa em biologia mas eu tenho quase certeza que eu não vou poder engravidar de você.
Olho pra ela com um sorriso de lado e puxo a sua cintura ainda mais para o meu corpo.
— Você não entendeu minha flor, vou repetir para ver se você compreende- Sussurro perto de seu ouvido.- "Uma pessoa perfeita de alma e corpo"
Obrigada por ler
<3
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Um mundo só nosso.
Science FictionMaria Lúcia vivia uma vida depressiva, com um namorado abusivo, família tóxica, sem amigos ou qualquer coisa que a faça querer continuar. Ela se sentia cansada, a ponto de desistir... até que uma coisa surpreendente acontece. Agora Malu está em algu...