Três anos e dois meses, esse é
o tempo que eu estou observando
a menina sentada na segunda
carteira da primeira fila,
Audrey Miller é o nome dela.
Ela é a menina mais encantadora
que eu já vi, não sei se cabelos
longos e lisos cabelos castanh...
O sinal indicando o fim das aulas tocou, recolhi meus materiais e andei rapidamente até meu armário, deixei alguns livros e fui para fora do colégio.
Nick estava encostado no capô do carro dele com uma expressão desesperada por ajuda enquanto Emma falava sem parar ao lado dele.
Dei risada me preparando para socorrê-lo, mas antes de voltar a caminhar senti alguém tocar de leve meu pulso, virei e encontrei Vinnie sorrindo, arqueei a sobrancelha confusa.
— Só queria te dizer tchau. — Ele falou e coçou a nuca de maneira nervosa.
Essa aproximação repentina ainda era estranha para mim. Não sei o que esperar disso. Eu, Nessa e nossas paranóias acreditam que é uma aposta ou algo assim. Culpa do Wattpad e das fanfics que lemos lá.
— Ah... — Dei um meio sorriso e olhei para Nick que estava me olhando, dei risada da expressão suplicante dele. — Então tá, tchau Hacker.
— Tchau Audy. — Ele sorriu ainda mais.
Me peguei pensando se as bochechas dele não estavam doloridas de tanto sorrir. Me virei finalmente indo até onde meu irmão estava, ao chegar abracei a cintura dele e o mesmo me deu um beijo na cabeça, sussurrando um pedido de socorro.
— Oi McCartney... — Acenei para Emma e ela acenou de volta com um sorriso forçado. — Vamos Nick? Temos que conversar...
— Vamos! — Exclamou aliviado e foi me arrastando para dentro do carro, seu desperto era notório. — Tchau Gemma.
— É Emma! — Corrigiu de forma revoltada e eu precisei morder o lábio para não rir.
— Certo, tchau Gemma... — Meu irmão entrou no carro e deu a partida, ele soltou um longo suspiro e depois gargalhou. — Que menina louca. Achei que ela fosse tirar a roupa na minha frente ou me pedir em casamento.
— É o jeito dela... — Dei de ombros rindo e ele riu novamente, mas dessa vez era uma risada nervosa. Eu não duvidava que Emma tirasse a roupa no meio da rua para atrair a atenção de alguém.
— Nick... — Chamei em tom cauteloso e ele ficou sério, com certeza já imaginando o que eu falaria.
— Eu sei que o Jordan te ligou e... Eu acho que já tá na hora de ir em um jogo né? Não posso ficar guardando esse trauma pra sempre... — Suspirou, mas não parecia tão confiante como tentava demonstrar. — E eu não vou estar sozinho, tenho você, Jordan, Jaden e a Nessa.
O olhei atentamente procurando as melhores palavras para continuar a conversa. Nick é cinco anos mais velho que eu, na época que nossa mãe nos abandonou ele tinha 10 anos. O nosso pai estava muito ocupado começando seu escritório de advogados, o qual hoje é considerado como o melhor do Estado.
Lindsey, como nos referimos a nossa figura materna, sempre levava meu irmão aos jogos de basquete. Nick amava esse esporte, ele jogava no time da escola, tinha vários posters de basquete no quarto, uma cesta pendurada na parte de trás da nossa casa e tudo o que for possível imaginar de itens relacionados a isso, mas... Não é fácil continuar gostando quando sua mãe foge com seu treinador rico né?
Isso fez meu irmão se revoltar contra esse esporte, ele largou o time e jogou fora tudo que o que o lembrava dessa paixão. Desde o dia da fuga de Lilly, Nick nunca mais assistiu um jogo de basquete ou comentou sobre.
Eu nunca fui muito fã de ver os caras jogando a bola na cesta mas acompanhava por ele, depois dele desistir de tudo eu não tinha motivos para continuar a ver os jogos.
— Você não precisa se sentir obrigado a ir... — Falei baixo. — Eu sei que é muito difícil pra você, mas se quiser mesmo enfrentar isso, eu vou sempre estar aqui com e por você. — Acariciei o ombro dele e o mesmo deu beijo na minha mão.
Nick era muito carinhoso.
— Depois que eu mudei para a faculdade muitas coisas mudaram, pequena Miller. — Falou se referindo a forma que os amigos dele da época de escola me chamavam. — Não quero mais viver nas sombras do passado, eu sempre amei o basquete e não devo associar ele com a fuga de Lindsey. Não posso deixar ela estragar o que eu amo.
Eu sorri mais uma vez.
Em qual momento Nick deixou de ser o irmão que roubava meus cookies e virou esse ser incrível?
— Eu tenho muito orgulho de você. — Falei sincera e ele me encarou rapidamente. — Você se tornou uma incrível, tenho muita sorte em falar que você é meu irmão.
— Obrigado Audy. — Sorriu nitidamente emocionado. — Você é a pessoa mais importante na minha vida, eu tenho muito orgulho da mulher que você é, e eu te amo muito.
— Eu sei, eu também te amo.
Ele estacionou o carro na frente da nossa lanchonete preferida e eu sorri animada.
— O que você acha de uma porção de batatas com cheddar e bacon e um hambúrguer duplo? — Ele perguntou e eu assenti sorrindo.
— Vamos, vou aproveitar para avisar o Jordan, ele pediu pra confirmar quando falasse com você. — Expliquei saindo do carro.
— Fala com ele quando estivermos lá dentro. — Deu de ombros.
Escolhemos uma mesa qualquer e enquanto Nick fazia os pedidos para a garçonete que sorria encantada para ele, digitei uma mensagem rápida para o melhor amigo dele, confirmando nossa presença no jogo.
Jordan não demorou a responder com um gif de um cachorrinho rebolando em comemoração. Também mandei mensagens para Jay e Ness confirmando o horário do jogo e explicando resumidamente a decisão de Nick.
Eu conheci Nessa no primário e desde então eu, ela e Jay somos um trio inseparável, já que eu e Jaden sempre estávamos grudados. Com o tempo nossa amizade amadureceu muito, hoje podemos passar dias sem conversar e voltar do nada com uma simples fofoca ou pedindo algum conselho que fica tudo normal, como se nada tivesse acontecido.
Por estarem sempre presentes na minha vida, eles sabem todos os meus problemas e são bem próximos do meu irmão também. Jaden e Nessa falam que Nick é irmão deles também.
De maneira geral somos um grupo muito unido, que se apoia sempre. Nossa amizade é tão clichê que poderíamos ser protagonistas de um livro. Deixei meus pensamentos de lado e fiquei conversando com Nick até nosso pedido chegar.
[...]
Depois de comer todo o lanche e a porção, acabamos pedindo alguns tipos de sorvete. No fim dividimos a conta e passamos na oficina pegar meu carro.
Voltamos para casa e fomos assistir filmes no meu quarto, ele fez pipoca e comprou refrigerante no caminho, escolhemos maratonar alguns filmes de ficção científica sobre invasão alienígena.
Deitamos na minha cama brigando pelo espaço e quem ficaria com mais travesseiros, uma enorme tigela de pipoca e várias recordações nostálgicas estavam entre nós.
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