in the second wallet.

12, disgusting

Audrey Miller

Já era terça-feira de manhã, eu estava no meu armário separando os livros para a primeira aula quando um menino loiro parou do meu lado e sorriu.

Olhei para ele com a sobrancelha arqueada, o mesmo usava o casaco do time de basquete, era alto, olhos cor de mel, cabelos meio ondulados e um corte acima da sobrancelha que me chamou a atenção.

— Posso ajudar? — Perguntei educadamente.

Acho que virou rotina meninos, jogadores de basquete em específico, que eu nunca conversei aparecerem para falar comigo do nada.

— Oi! — Ele sorriu de novo, quanta animação para uma terça de manhã. — Eu sou o Jordan Powell.

— Oi... — Me obriguei a sorrir fraco, eu já havia escutado o nome dele pelos corredores. — Eu sou a Audrey Miller. — Me apresentei depois de um tempo que ele me olhava sem falar nada.

É pedir muito uma manhã comum novamente? Sem nenhum popular jogador de basquete falando comigo. Gostava mais quando eu era a Audrey Invisível Miller.

Não que eu fosse aquele tipo de aluno que ninguém conhece, eu até conhecia grande parte dos alunos aqui mesmo tendo amizade só com Nessa e Jaden.

— Eu sei quem você é... — Comentou rindo, balancei a cabeça indicando para ele continuar falando. — Nós somos da mesma turma de geometria, eu tô com muita dificuldade nessa matéria e sei que você é boa nela, poderia me ajudar? Uma revisão ou algo assim.

— Olha Powell, eu adoraria ajudar. — O sorriso dele se ampliou. — Mas não posso.

— Por que não? — Ele fez uma expressão decepcionada. — Eu posso pagar se for necessário.

— Eu não posso porque não tenho tempo. — Isso era mentira, eu não fazia nada que ocupasse meu tempo livre após a aula, mas não era boa ensinando os outros. — Sinto muito, peça ajuda pro Bryce Hall, ele é muito bom em geometria, com certeza vai poder te ajudar melhor que eu. — Sugeri.

— Você tá dificultando as coisas pra mim, Miller... — Falou e eu o encarei confusa, agora seu sorriso não era simpático e inocente, conseguia sentir o deboche que exalava de seus lábios.

— Não entendi.

— Como é que eu vou ganhar os 500 dólares que apostei com Vincent pra ficar com você, se você não facilitar as coisas pra mim? — Abri a boca incrédula ao escutar o que ele falou. Jordan deu risada tocando a ponta do meu nariz, dei um passo para trás por reflexo.

— Até parece Audrey, que eu preciso de ajuda nas matérias, eu pagos os nerds pra fazerem tudo pra mim.

— Você é tão nojento. — Declarei sentindo nojo da forma que ele falava.

Mas algo não fazia sentido... Ele não iria falar sobre uma aposta se realmente quisesse ganhar. Certo que fazia muito sentido com a aproximação repentina de Vinnie, mas em anos estudando aqui eu nunca ouvi nada desse tipo relacionado ao nome do capitão do time.

Powell abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas fechou novamente quando Hacker apareceu do meu lado. Os dois trocaram um olhar cheio de raiva e deboche, esse último da parte de Powell.

— Some do meu campo de visão. — Vinnie falou entre dentes e Powell riu. — Agora!

— Conversamos mais tarde, Miller. — Ele falou com um olhar estranho e um sorriso falso, balancei a cabeça negando sentindo raiva dele. Jordan riu se afastando, Vincent intercalou seu olhar confuso entre eu e as costas do menino que se afastava.

— Bom dia Audy, tudo bem? — Ele perguntou se encostando no armário onde Powell estava segundos antes.

É estranho como apesar de desconfiar do Vincent, eu não me sinto extremamente ameaçada perto dele.

Mas as coisas que Powell falaram continuam a martelar na minha cabeça.

— Bom dia. — Respondi sem querer prolongar aquela conversa.

Onde meus amigos estão quando eu preciso deles para me tirarem de alguma situação chata?

— Dia ruim? — Perguntou sorrindo de lado, me mantive em silêncio sem encará-lo, um suspiro alto foi ouvido antes dele voltar a falar. — Audy, toma cuidado com o Powell...

— Por que? — Perguntei desviando minha atenção rapidamente do armário para encarar os olhos castanhos de Vinnie. Algo era estranhamente atraente no brilho de olhos dele.

— Você pode até não acreditar em mim, mas eu me sinto na obrigação de te contar... — Suspirou e eu fechei meu armário para prestar atenção em suas palavras. — Ontem quando eu cheguei no treino, Powell veio falar um monte de merda sobre a nossa "relação" — Fez aspas antes de apontar para eu e ele. — Aparentemente, ninguém acredita que eu quero ser só amigo de uma menina. — Ele deu um sorriso triste e eu franzi o cenho totalmente confusa.

— Não to entendendo onde você quer chegar, Hacker.

— Audrey, todo mundo acha que eu estou me aproximando de você para te comer. — Falou simples e eu arregalei os olhos com a forma que ele usou as palavras.

— E você não tá? — Perguntei e ele riu balançando a cabeça em negação. — E por que o seu amigo acabou de sair daqui falando que vocês apostaram 500 dólares pra quem ficar comigo primeiro?

Minha pergunta foi direta, eu não gostava de deixar assuntos mal resolvidos. Se o que Powell falou fosse verdade eu preferia que Vincent fosse sincero e contasse a verdade. Eu não tinha qualquer relação com ele, mas esse negócio de apostas era baixo e nojento.

— Ele falou isso? — Perguntou incrédulo e eu assenti dando de ombros.

Vinnie respirou fundo passando as mãos no rosto.

— Ao que parece um soco não foi o suficiente pra Powell entender.

— Você bateu nele? — Perguntei assustada.

— Presta atenção, Miller. — Falou segurando meus ombros, me obrigando a encará-lo. — Ontem no vestiário além de todas as merdas que Powell falou... Ele insinuou uma aposta, a qual eu não aceitei e isso você pode perguntar pra qualquer um dos meninos que estavam lá. — Falou, o incômodo na sua voz era notório. — Não é a primeira vez que Jordan faz esse tipo de proposta pra mim e pra outros caras e posso te garantir que eu nunca aceitei nenhuma delas. Powell não gosta de mim e não sei o motivo, mas insinuar que eu aceitei algo tão nojento é horrível e te garanto que ele vai levar mais alguns socos por isso.

Suspirei passando a mão na testa. Vinnie não parecia estar mentindo, mas era tão estranho o que eu sentia. Não o conhecia, mas simplesmente não conseguia acreditar que ele faria isso. Sempre achei que esse negócio de apostas e desafios fosse algo comum entre adolescentes sem noção do ensino médio.

Novamente pensei que ele não arriscaria a aposta me contando a verdade, mas poderia ser só uma forma de conquistar confiança também.

— Tudo bem você desconfiar ou não acreditar no que eu te contei. — Voltou a falar dando um passo para trás, abri os olhos que eu nem percebi que tinha fechado. — Mas você achar que eu sou babaca no mesmo nível do Powell é muito pra mim. — Balançou a cabeça em negação e começou a andar pelo corredor.

Mordi o lábio nervosa olhando as costas largas dele se afastando gradualmente. Respirei fundo se sentindo confusa e com pouco tempo para decidir o que fazer.