Três anos e dois meses, esse é
o tempo que eu estou observando
a menina sentada na segunda
carteira da primeira fila,
Audrey Miller é o nome dela.
Ela é a menina mais encantadora
que eu já vi, não sei se cabelos
longos e lisos cabelos castanh...
— Como assim seu pai te expulsou de casa? — Jett perguntou enquanto andávamos até o vestiário nos preparar para o jogo.
— Eu já tinha comentado sobre isso com você. — Dei de ombros. — Mas eu realmente preciso de um lugar para morar.
— Eu já te falei que meu apê está disponível para você, tenho um quarto sobrando. — Sorriu de lado e eu assenti.
— Vou conversar primeiro com a minha mãe. — Suspirei. — Ela não faz ideia de todas as ameaças e pressão psicológica que Nate vem fazendo, principalmente, nos últimos anos.
— Tia Maria vai pedir o divórcio quando souber. — Falou sorrindo nervoso. — Mas fica tranquilo Vinnie, depois resolvemos tudo certinho, agora você tem que se concentrar no jogo e mostrar o motivo de ser o melhor capitão e armador de todo esse campeonato
Acabei sorrindo com a forma que ele falava, Ashford confiava tanto no meu "potencial" para levar esse time para as finais e ganhar títulos que eu realmente acreditava que era capaz de fazer tudo o que falavam.
[...]
Palmas, gritos, assobios e até algumas ofenças do time adversário eram os sons que preenchiam a quadra quando o tempo no relógio zerou e meu time começou a comemorar a vitória com uma diferença absurdamente grande.
— Ai caralho. A gente é foda! — Meu melhor amigo exclamou parando ao meu lado e passando as mãos pelo rosto, com a intenção de secar as pequenas gotas de suor que escorriam por ali
— Eu sempre falei isso. — Sorri convencido e o puxei para conversar um pouco com os meninos do outro time e depois falamos um pouco com o treinador
Depois de toda aquela euforia pós vitória, seguimos para o vestiário ainda cantando as músicas do nosso time e algumas aleatórias que eram iniciadas por algum dos jogadores com menos vergonha.
Enquanto tomava banho, repassava em minha mente alguns dos momentos que aconteceram a poucos minutos dentro daquela quadra.
A cada memória me sentia mais feliz e confiante que era o que eu queria para a vida.
[...]
— Parabéns meu amor, vocês jogaram muito — Foi o elogio que recebi da minha namorada assim que deixei o colégio onde estávamos jogando.
— Obrigado amor. — Sorri.
Envolvi o pequeno corpo dela em um abraço apertado, lhe dando um beijo rápido antes de conversar um pouco com nossos amigos que estavam reunidos ali, prontos para ir em uma lanchonete qualquer comemorar a vitória.
Esse momento me dava uma sensação de déjà vu, lembro do primeiro jogo do meu time que Audrey e Nick assistiram, naquela ocasião nós estávamos enfrentando o time de Lucca, que hoje estava na arquibancada torcendo por nós.
Audrey havia vindo com o carro dela, pedido meu, devo ressaltar.
Queria conversar com ela sobre a situação envolvendo meu pai, além de achar importante debatermos sobre isso, sabia que um simples sorriso dela tornaria meu dia melhor e aliviaria a pressão do medo que ainda me assombrava.
— Então... — Falei ao entrarmos no veículo, apoiei minha cabeça no vidro enquanto ela dirigia
— Então...? — Me incentivou a continuar, notando meu silêncio prolongado.
— O que você acharia se eu te falasse que meu pai estava fingindo ser "bonzinho" esse tempo todo só para conseguir que eu assumisse a empresa, mas eu neguei e ele me expulsou de casa? — Perguntei baixo em tom quase irônico e ela diminui consideravelmente a velocidade do carro, quase parando.
— Vinnie, eu... Uau... Ele não seria capaz de fazer uma coisa dessas né? — Perguntou, a surpresa era notória em sua voz, me olhou rápido antes de voltar a atenção para a pista. — Tipo, é seu pai, apesar de tudo. Como um pai faz isso com o filho?
— Eu queria que fosse mentira. — Sorri balançando a cabeça. — Eu realmente achei que ele estava mudando.
— Eu também achei. — Suspirou. — Mas como você se sente? Onde você vai morar? Já falou com a sua mãe? O que ela acha disso tudo? Duvido que ela simplesmente ignore uma situação dessas.
— Eu não sei o que sentir, fiquei surpreso por ele voltar a ser o babaca de antes, quando eu achava que ele estava diferente, mas é uma coisa que o verdadeiro Nate já tinha falado que faria caso eu negasse. — Dei de ombros olhando para ela, que entrelaçou nossas mãos sobre a parte que separava os dois bancos. — Minha mãe não sabe de nada sobre tudo o que aconteceu nos últimos anos em relação ao meu pai e eu, vou falar com ela hoje ou amanhã e provavelmente vou morar com o Jett por enquanto.
— Isso tudo é tão... Não sei nem o que dizer. — Balançou a cabeça. — Eu sinto muito amor, você não merecia passar por isso, tomara que a tia Mary quebre a cara dele. — Sorriu animada. — Desculpa, não deveria ter falado isso.
— Não precisa pedir desculpas, Audy. — Acabei rindo. — Agora, de verdade, eu quero deixar esse assunto um pouco de lado e comemorar a vitória do meu time.
— Tudo bem, Vin. — Assentiu. — Mas pode falar comigo sobre tudo, você sabe, eu sempre vou estar aqui para te apoiar.
— Obrigado linda. — Sorri sincero e lhe dei um beijo rápido na bochecha.
— Coloca uma música. — Pediu sorrindo e eu conectei meu celular no som do carro.
Rodei minha playlist de música mais antigas e sorri ao chegar na parte das bandas e grupos, selecionei uma e não demorou muito até as primeiras notas de Steal My Girl preencherem o carro.
— Por que você é tão perfeito? — Perguntou sorrindo. — A cada dia eu te amo mais.
— Eu também te amo. — Respondi sincero antes de colocar uma mão na frente da boca, simulando estar segurando um microfone para então cantar o mais alto que consegui. — I know, I know, I know for sure Everybody wanna steal my girl Everybody wanna take her heart away Couple billion in the whole wide world Find another one 'cause she belongs to me
Audrey sorriu continuando a música e eu senti que poderia enfrentar tudo se ela, minha mãe e Jett estivessem ao meu lado.
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