55, accident

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Audrey Miller

— Bom dia flor do dia. — Escutei a voz do meu irmão, porém permaneci com os olhos fechados e o rosto afundado no travesseiro. — Acorda que nós temos duas horas de viagem e você ainda tem aula.

— Você é tão chato Nick. — Reclamei e minha voz saiu baixíssima e rouca por causa do sono. — Essa cama é tão confortável. — Comentei rolando pelo colchão. — Quero uma.

— É só comprar, Audrey. — Mesmo não vendo eu sabia que ele tinha revirado os olhos. — Lindsey conseguiu uma roupa e umas coisas para você tomar banho, vai logo Audrey, nós não temos tempo para ficar enrolando.

— Já levantei. — Exclamei.

Nick, que estava encostado no batente da porta, assentiu e jogou uma embalagem plástica na cômoda ao lado dele, depois saiu fechando a porta. Olhei para o relógio em cima da mesa de cabeceira e revirei os olhos vendo que não era nem 5:30 da manhã.

Fui até o pacote que meu irmão tinha deixado, abri vendo um kit higiênico completo, uma saia jeans preta e uma blusa de alças cinza, também tinha um conjunto de lingerie e uma toalha. Tudo tinha etiqueta e cheiro de novo.

— Onde ela conseguiu tudo isso a essa hora? — Perguntei sozinha.

Entrei no banheiro que tinha no quarto, fiz todo o meu processo matinal e algum tempinho depois saí de lá já vestida enquanto tirava o excesso da água na toalha. Coloquei meu chinelo novamente e minhas roupas sujas na sacola que estavam os produtos.

Quando saí do quarto, encontrei Aidan saindo de outro cômodo, deveria ser o quarto onde ele estava hospedado, ele usava uma regata de basquete e um shorts de moletom, nos pés usava um Jordan vermelho lindo, fiquei com vontade de roubar.

— Bom dia. — Sorri fraco para ele.

— Bom dia, Audy. — Retribuiu o sorriso. — Dormiu bem? — Questionou rindo. Eu sabia que minha aparência entregava que eu havia dormido muito bem, tão bem que poderia continuar deitada naquela cama por mais 24 horas.

— Muito bem, na verdade. — Suspirei. — Preciso de uma cama daquela. — Ele riu assentindo.

— Vai tomar café? — Perguntou começando a andar, o segui por medo de me perder dentro daquela casa enorme.

— Não sei, preciso achar o Nick. — Respondi sincera.

A verdade é que eu nem estava com fome, tinha comido muito no jantar ontem e não consigo comer quando acordo muito cedo, tenho que esperar no mínimo uma ou duas horas.

— Bom dia família. — Aidan falou animado quando entrou na cozinha, onde estavam Robert, Lindsey e Nick.

— Bom dia. — Desejei. — Obrigada pelas roupas, Lilly. — Ainda não tinha conseguido chamá-la de mãe, era uma sensação estranha e eu não tinha o costume.

— Ficaram ótimas em você. — Sorriu carinhosa. — Sentem para tomar café.

Me sentei em um dos bancos que ficavam em torno do balcão, mas só tomei uma xícara de café para ajudar a despertar. Logo após isso, eu e Nick guardamos nossas coisas no carro, ele também havia tomado banho e trocado de roupa.

Voltamos para dentro da casa para nós despedirmos.

— Eu preciso do seu número filha. — Lindsey falou e eu assenti passando meu contato para ela.

— Houve um pequeno contra tempo no nosso planejamento. — Robert, que estava em uma chamada por telefone em outro cômodo, apareceu ali novamente.

— O que? — Perguntou Aidan com o cenho franzido.

— Vou ter que passar no hotel dos meninos antes de ir para o ginásio, uns meninos esqueceram alguns dos equipamentos lá. — Explicou.

— Eu não posso me atrasar para o jogo pai. — Aidan suspirou. — Já era para nós estarmos indo para o ginásio.

— Já sei. — Lindsey falou levantando. — O ginásio fica na rodovia saindo da cidade, o mesmo caminho que Nick e Audrey vão fazer para ir embora e...

— É claro que eu posso dar uma carona para o Aidan. — Meu irmão interrompeu a explicação dela, que já tinha deixado a entender o que pediria.

— Ótimo, problema resolvido. Eu e Robert vamos buscar os equipamentos e eles te levam para o jogo. — Lindsey falou.

— Obrigado Nick. — Aidan parecia aliviado, o jogo tinha uma importância muito grande para ele, isso era notável.

— Tranquilo. — Meu irmão sorriu. — Mas temos que ir logo. — Aidan se despediu rapidamente do pai e da madrasta e saiu nos dando mais privacidade.

Enquanto Nick conversava com Lindsey, fui falar com Robert.

— Gostei de finalmente te conhecer, Robert. — Falei sincera, eu só o conhecia como o ex treinador de basquete do meu irmão e amante da minha mãe, mas agora o conhecia como o marido de Lindsey. — Espero que a gente possa se encontrar mais vezes.

— Eu também Audrey, acredite. — Sorriu. — Você demonstrou nesse pouco tempo ser uma menina muito boa.

— Obrigada. Até outro dia. — O abracei rapidinho e fui falar com Lindsey.

— Foi bom ter resolvido as coisas. — Falei sincera e ela colocou as mãos sobre meus ombros me puxando para um abraço.

— Você não sabe por quanto tempo eu desejei esse momento. — Falou.

Poderia ter nos procurado antes né, mas tudo bem.

— Tchau filha, se cuida e até a próxima. — Sorriu com os olhos marejados. — Eu te amo.

— Tchau... Mãe. — Forcei a palavra a sair, mas sabia que era muito importante para ela e... De certa forma para mim também.

Depois de mais uma breve despedida, eu e Nick encontramos Aidan na frente da casa e entramos no carro. Fomos o caminho todo conversando sobre coisas aleatórias da vida.

Aidan nos contou sobre os campeonatos que estavam começando, eu lembro de Vinnie ter comentado algo
sobre esses jogos em algum das nossas conversas noturnas. Aidan parecia muito legal, seu estilo e personalidade me lembravam vagamente uma mistura do Jordan e o Lucca, um bobinho simpático.

— Chegamos. — Meu irmão falou ao parar no acostamento na frente do grande ginásio.

— Obriga... — Começou, mas foi interrompido pelo toque do celular dele. — Só um pouquinho... Alô? Pai? — Ele fez uma pausa. — O que? — A voz dele saiu baixa. — Como assim? Onde? — Outra pausa. — E-Eu... Eu já estou indo.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei após virar para o banco de trás, assim vendo as lágrimas rolarem pelo rosto dele. — Aidan?

— Eles sofreram um acidente. — Sussurrou com a voz falha.

— Eles quem? — Meu irmão perguntou também virando para o banco de trás.

— Meu pai e a Lindsey. — Senti minha boca secar quando ele falou e um aperto no peito. — E eles... Eles morreram.

 Eles morreram

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