42, country house

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Vinnie Hacker

Estava mais ansioso do que o normal para essa viagem. Se fosse duas semanas atrás eu não faria isso nunca. Colocar meu pai, minha mãe e a família da Audrey em uma única casa durante um fim de semana era algo que, com sã consciência, eu nunca faria.

Mas nesse tempo que se passou desde o jogo, meu pai demonstrou estar realmente disposto a ser uma pessoa melhor fora do escritório. Nossa relação de pai e filho estava aos poucos melhorando. Pelo menos eu acho isso.

— Vai demorar muito ainda? — Perguntei pela sétima vez na última meia hora.

— Vai Vincent! — Meu pai respondeu impaciente.

— E agora? Vai demorar muito ainda? — Questionei cinco minutos depois.

Esse fim de semana seria importante para mim, eu estava sentindo isso.

— Vai Vincent... — Ele respondeu novamente impaciente. — Você está vendo Maria? Você está vendo né? Se eu jogar ele pra fora do carro... — Deixou a frase no ar e minha mãe riu acariciando o ombro dele.

— Fique calmo querido, ele tá ansioso. — Assenti freneticamente fazendo eles rirem.

— Essa menina tá deixando ele mais idiota do que já era antes... — Meu pai comentou baixo, acho que era só para minha mãe escutar.

— "Mais idiota"? Eu não sou idiota! — Resmunguei cruzando os braços. — Mas vai demorar muito ainda?

— Filho... — Minha mãe falou séria, em repreensão.

— Vai demorar pai? — Perguntei fazendo bico como uma criança inocente.

— Vai demorar para chegar lá Vincent, mas quer saber uma coisa que não vai demorar? — Falou me deixando curioso.

— O que?

— Minha mão na sua cara se você não calar a boca. — Ele sorriu falso e eu engoli em seco.

— Sem graça. — Falei colocando o meu fone dando play em uma playlist qualquer.

Fiz careta ao ver que não tinha sinal, assim eu não poderia mandar nenhuma mensagem para a Audrey para perguntar como eles estão. Nós saímos da cidade um pouco antes deles e eu já estava morrendo de saudade de falar com ela.

Chegava ser sufocante a necessidade que eu tinha de compartilhar os momentos do meu dia com ela, de escutar ela falando sobre coisas banais que ela gostava, como combinar a cor da meia com o tênis.

Ver, ouvir, abraçar e beijar ela faziam meu dia ficar infinitamente melhor e se isso era amar alguém... Eu queria amar ela para o resto da minha vida. Mas tinha uma coisa me deixando curioso, alguma coisa que ela não queria me contar, algo que a estava deixando nervosa e pensativa.

Eu não quis forçar a barra, estava esperando ela me falar, mas isso já estava me deixando paranóico. Às vezes ela parava olhando para algum lugar qualquer com o olhar nervoso, perdido, angustiado e confuso, o que me partia o coração e fez perguntas surgirem.

E se ela quisesse desistir de nós? E se ela não me quisesse mais? E se ela percebeu que não gosta de mim? E se ela estiver gostando de outro?

Confesso que minhas paranóias acabam me fazendo muito mal em alguns momentos. O certo seria perguntar o que está acontecendo e tals, mas estava com medo do que fosse o real motivo para deixar ela assim. A verdade é que eu não gostava nem de me imaginar sem ela, pode parecer meio psicopata, mas eu esperei por tanto tempo para ter ela comigo que era dilaceradora a sensação de perdê-la.

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