56, what?

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Audrey Miller

— O-o que? — Perguntei sentindo meu coração apertar e a garganta secar.

— Um cara me ligou e falou que eles se envolveram em um acidente com um motorista bêbado. — Aidan falou e algumas lágrimas continuaram a escorrer pelo seu rosto. — Eu... Eu... Não sei o que fazer, eu preciso ir para lá.

Olhei para meu irmão, Nick estava com os olhos cheio de lágrimas e a boca entre aberta, como se tentasse processar as informações. Voltei meu olhar para frente e apoiei o rosto entre as mãos sentindo algumas lágrimas escaparem de meus olhos.

Eu nunca poderia imaginar uma coisa assim, agora que ela tinha voltado para nossas vidas. Não sabia nem como me sentir, em parte eu estava aliviada por tê-la "perdoado" e por outro lado me sentia mal por não poder passar mais tempo com ela, talvez as coisas entre nós pudessem melhorar, eu não sei.

Uma coisa é você saber que sua mãe fugiu com outro homem e está vivendo a vida que queria, outra bem diferente é perder ela quando se reencontram.

— Onde? — Meu irmão perguntou depois de um tempo, suas bochechas estavam molhadas pelas lágrimas.

Ele e Aidan trocaram algumas poucas palavras durante o local do acidente, que não era muito longe da casa de Robert aqui na cidade. Senti meus olhos se encherem de água novamente quando vi a cena.

Um caminhão estava caído sobre a rua, uma carga de algum tipo de grão espalhada por todo o lugar, várias pessoas olhavam e algumas gravavam como se fosse um show, alguns socorristas ainda trabalhavam para tentar tirar Robert do meio das ferragens.

A parte frontal do carro e boa parte da lateral tinham sido totalmente amassadas e deixavam óbvio porque eles não haviam sobrevivido. Segurei Aidan o puxando para um abraço quando o mesmo quis correr até os socorristas que tiravam o corpo sem vida de seu pai do meio das ferragens retorcidas.

Pude ver eles colocando os dois corpos no carro que os levaria para o local da autópsia.

Enquanto eles se afastavam, eu já não sabia quem chorava mais entre nós três, Nick tinha se juntado ao nosso abraço e tentávamos ser o apoio para nós mesmos. O resto daquele dia foi estranho, falamos com policiais que nos contaram como o motorista do caminhão havia invadido a pista contrária e acertado o carro de Robert, auxiliamos Aidan em todo o processo de liberação dos corpos e essas coisas.

Não sei como meu pai ficou sabendo, mas em determinado momento da tarde ele apareceu na delegacia onde estávamos e foi a melhor coisa que poderia ter nos acontecido, ele era o apoio que precisávamos no momento.

— Minha casa estará com as portas abertas para você, Aidan. — Meu pai falou segurando o ombro do menino em apoio. — Pode ir para lá sempre que precisar.

Já era noite e depois de muito pensar e conversar, acabamos optando por não fazer nenhum tipo de velório, os corpos seriam enviados para a cidade onde Aidan e nossos pais moravam e lá seriam sepultados sem nenhuma cerimônia.

Eu e Nick já havíamos combinado que faríamos uma visita para ele quando as férias de fim de ano chegassem.

— Muito obrigado senhor Miller. — Aidan suspirou, seus olhos estavam inchados e mostravam o tamanho da tristeza e cansaço que o mesmo sentia. — Provavelmente vou visitá-los logo, até onde eu sei a Audy e Nick estão no testamento da Lilly.

Balancei a cabeça me sentindo frustrada pela informação, era até engraçado estarmos no testamento dela mesmo com tantos anos afastados. Meu pai e Nick se despediram de Aidan, afinal nós já estávamos voltando para casa.

Me aproximei dele e passei meus braços por seu pescoço quando o mesmo abraçou minha cintura.

— Apesar de tudo... Foi legal te conhecer. — Falou e eu sorri fraco mesmo que ele não pudesse ver.

— Eu também... Mas sinto muito por ter acabado assim. — Suspirei.

— Mas ainda podemos ser tipo irmão né? — Questionou dando um passo para trás. — É que eu criei toda uma história na minha cabeça, onde eu, você e o Nick vamos juntos no cinema, nos meus jogos, brigamos pelo controle da tv e essas coisas clichês... Imaginei até vocês me zoando quando eu apresentasse minha futura namorada... Se isso acontecer né, ninguém me quer. — Sorriu fraco.

— É claro que sim. — Concordei com a cabeça. — Acho que minha mãe gostaria disso.

— Com certeza. — Balançou a cabeça. — Tchau. — Ele me deu mais um abraço rápido saindo da sala.

Eu suspirei deixando o local também, encontrei meu pai e Nick do lado de fora, ambos estavam encostados no carro do meu pai em silêncio e com os braços cruzados.

— Você tem certeza que não quer se despedir? — Meu pai perguntou.

Eu não quis até onde estavam os corpos para me "despedir" deles, preferia que minha cabeça ficasse com a imagem deles felizes e bem.

Para me despedir talvez eu fizesse uma carta ou outra coisa.

— Tenho sim. — Suspirei. — Podemos ir? Eu estou cansada.

— Já mandei levarem seu carro. — Papai falou olhando para meu irmão. — Vocês vão voltar comigo.

Nick concordou entrando no carro. A viagem de volta para casa foi em silêncio, o que foi bom já que eu não sabia o que falar ou se tinha algo para falar, e nosso pai já tinha feito um lindo discurso de apoio e consolo quando chegou.

As luzes de casa estavam acesas e eu imaginei que fosse Anny, afinal a mesma estava passando muito tempo aqui. Ela e meu pai estão quase morando juntos, acho que isso só não aconteceu porque nenhum teve coragem de falar sobre o assunto.

— Audy, Nick. — Como eu imaginei, era Anna que estava ali, a mesma veio rápido e nos abraçou apertado antes de começar a falar como estava afetada com a nossa perda e que estaria ali para nos apoiar em tudo.

— Obrigada Anny. — Agradeci e meu irmão fez o mesmo.

— Tomem um banho e troquem de roupa, eu preparei um jantar para vocês. — Falou com um sorriso carinhoso, a abracei me sentindo grata por ter ela naquele momento.

 — Falou com um sorriso carinhoso, a abracei me sentindo grata por ter ela naquele momento

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