65, end?

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Vinnie Hacker

Cheguei em casa, deixei todas as minhas coisas no quarto e desci as escadas procurando minha mãe. Já estava tarde, o carro do meu pai não estava na garagem, mas às luzes da cozinha estavam ligadas. Procurei por todo o lugar, só que ele estava vazio, então percebi que a porta do pequeno cômodo ali estava aberta.

Me encostei no batente vendo minha mãe dançando de um jeito engraçado a música que tocava pelos seus fones de ouvido, enquanto montava um maquete de uma casa muito bonita. Ela usava aquele pequeno lugar como um escritório/estúdio para trabalhar e montar os projetos dela.

Segundo a mesma, as maquete realistas passavam muito mais confiança e inspiração que as digitais.

— Mãe? — Chamei a mesma que me olhou assustada.

— Oi Vin, não te vi chegar. — Sorriu animada deixando de lado os materiais que usava para fazer a maquete. — Como foi o jogo?

— Ótimo. — Sorri orgulhoso. — Ganhamos com uma diferença muito boa. Temos tudo para ter o melhor desempenho do campeonato.

— Fico feliz por você e por todo o time. — Sorriu carinhosa. — Vocês treinam tanto e é visível o amor pelo basquete em cada um de vocês.

— Obrigado. — Agradeci sentindo um sentimento estranho no peito, talvez um pouco de angústia.

Suspirei e me sentei no chão mantendo o olhar fixo em um ponto aleatório da parede, conseguia notar minha mãe me observando com curiosidade.

— Preciso te contar algumas coisas... — Falei baixo depois de um tempo

— Estou ouvindo. — Respondeu se sentando no chão ao meu lado.

Contar tudo foi muito difícil, precisei parar mais de vinte vezes para controlar o choro que fechava minha garganta, evitei em todos os momentos olhar para minha mãe, só sentia o carinho singelo que fazia em meu braço e sua respiração cada vez mais acelerada, em alguns momentos ela chegava a falhar.

Depois de terminar de relatar, detalhadamente, até a nossa conversa de hoje a tarde, ambos ficamos em silêncio por alguns minutos, então minha mãe simplesmente me abraçou, ainda sem dizer uma palavra.

— Eu tenho muito orgulho de você. — Falou segurando meu rosto entre as mãos. — Eu te amo muito filho, sinto tanto por ele ter te feito passar essas coisas. Felizmente, você não abriu mão do seu sonho e do que te faz feliz. — Sorri para ela. — Mas você não vai morar com o Jett de jeito nenhum, ele é meio maluquinho e tu é mais ainda. — Sua fala me fez rir baixo e no mesmo momento escutamos o barulho da porta de entrada. — Agora se me der licença, tenho um assunto para resolver.

Ela se levantou determinada saindo do escritório, levantei curioso e andei rápido tentando alcançá-la.

— Sua mãe que me perdoe, mas você é um grande filho da puta. — falou alto antes de dar um soco no rosto do meu pai que estava deixando uma pasta de documentos no sofá da sala.

— Você ficou doida? — Perguntou alto passando a mão no rosto.

— Fiquei! Fiquei doida, sim! — Apontou o dedo para ele, eu estava sem reação observando. — Fiquei doida no momento em que descobri que você teve a coragem de chantagear MEU filho. Fiquei doida no momento que ele me contou as merdas que você falou durante esses anos. Fiquei doida no momento que você expulsou MEU filho de dentro da MINHA casa, porque você deve ter esquecido que essa casa já era minha antes de casarmos. — Abri a boca surpreso, a forma que ele falava sempre fez parecer que a casa era dele. — Então, sim. Eu fiquei doida!

— Que merda você falou para ela? — Perguntou ele me olhando enfurecido.

— Só fale com o meu filho se for algo bom ou importante, mas dá sua boca só sai merdas insignificantes então não se dê ao trabalho de dirigir a palavra à ele. — Minha mãe empurrou ele contra a parede. — Eu sempre acreditei que você fosse melhor, que tudo o que fazia era tentando dar o melhor para nós, mas antes de qualquer coisa eu sou mãe! E não aceito que ninguém pense em fazer mal ao meu filho, entendeu? — Apontou o dedo para ele aumentando a voz na última palavra.

— Abaixe seu tom Maria. — Levantou a voz também. — Ninguém aqui é surdo.

— Surdo você pode até não ser, mas idiota eu acho que sim. — Pressionei os lábios para não rir com a forma que ela falava. — Você poderia ter me traído, me roubado, me agredido, eu não ficaria surpresa porque você é um arrombado do caralho, mas não mexe com o meu filho não.

— Eu só não quero que ele jogue a vida fora correndo atrás de uma bola para jogar em uma cesta. — Abriu os braços e eu arqueei a sobrancelha.

— Ah vá tomar no cu. — Sussurrei. — Velho chato da porra.

— Vincent! — Minha mãe falou em repreensão e eu a olhei incrédulo. — Esqueceu de falar que ele é um babaca do caralho.

— Qual é o seu problema? — Perguntou segurando firme o braço dela.

— Tu não me encosta não entojo. — Deu um tapa no rosto dele. — Some da minha casa, não quero te ver aqui nunca mais, meu advogado vai cuidar do divórcio. — Declarou firme. — Com separação total de bens. — Ressaltou.

— Você não precisa fazer isso. — Falou baixo.

— Eu não preciso, mas eu quero. — Falou firme. — Não preciso de você para ser feliz, preciso só dele. — Apontou para mim. — É de alguém que entenda que a felicidade do meu filho é a minha felicidade também  — Sorri sincero.

— Mas eu posso mudar... — Sussurrou.

— Pode sim. — Minha mãe assentiu. — Bem longe da minha casa.

Ele encarou ela por alguns segundos, desviou o olhar para mim e então simplesmente pegou a pasta que havia deixado no sofá e saiu, eu não sei explicar a expressão dele.

— Mãe... — Falei baixo, eu estava feliz por ela ter me defendido e enfrentado ele, mas também não queria "fazer" eles se divorciarem.

— Tudo bem, Vinnie. — Sorriu passando o braço pela minha cintura. — Eu já tinha deixado de amar ele faz tempo. — Deu de ombros sorrindo sincera. — Você sempre vai ser minha prioridade. — Encostou a cabeça no meu ombro. — E eu conheci um cara bem legal esses dias, ele gosta de assistir Bob Esponja. — Confessou baixinho e eu gargalhei. Bob Esponja era o desenho preferido da minha mãe, mas meu pai nunca tinha tempo para assistir com ela.

Abracei minha mãe sabendo que tudo estava bem agora. Eu poderia seguir meu sonho tranquilamente, tenho amigos incríveis, uma mãe que me ama mais que tudo e a namorada que eu passei mais de três anos esperando. Esses era o começo do meu felizes para sempre...

Mas também era começo do meu fim...

end.

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