Chegamos em casa por volta das onze horas. Logo atrás o carro de Peter chegou também. Saio do carro em direção à minha casa, para minha infelicidade eu não estava com a chave. Baixei a cabeça e me virei para olhar meus pais, que esperaram Peter e Stella saírem do carro.
- Filha! - Meu pai chamou.
Ótimo! Era tudo o que eu queria. Caminhei até eles.
- Venha se despedir. - Minha mãe me puxa para ela. - Espero repetir isso mais vezes.
- Ah eu também! Diverti-me muito. - Stella fala sorrindo. Peter só sorri tenso, sempre dando olhadas rápidas em minha direção.
- Seria ótimo! - Peter exclama.
- Bom! Vamos entrar que já é tarde. - Meu pai diz. - E trabalhamos amanhã.
- Nós também. - Stella diz.
- Nós não! - Peter interrompe. - Eu!
- Fica quieto! - Todos riram.
- Boa noite. - minha mãe se aproximou de Stella para um beijo na bochecha. E logo em seguida, um aperto de mão em Peter. Eu fiz o mesmo. Olhei completamente sem graça para Peter.
- Boa noite Katherine! - ele diz.
- Boa noite Senhor Peter! - Maldito! Ele sabe como está meu psicológico no momento. Sabe o quanto estou constrangida, e provoca. - Vamos?
- Sim! Tchau gente! - Minha mãe responde.
- Tchau! - Stella exclama.
Agora sim caminhamos até a nossa casa. Entramos.
- Estou morta. Boa noite! - disse.
- Boa noite Kate - meu pai fala.
- Boa noite querida! - Minha mãe se aproxima de mim e me da um beijo no rosto.
Subo as escadas em direção ao meu quarto. Sento exausta na cama. Eu não estava com vontade de nada, apenas tirei os sapatos, a calça, e deitei minha cabeça no travesseiro. Por mais que eu estivesse cansada demais, eu não conseguia dormir de jeito nenhum, pensando na loucura que eu fiz no banheiro com Peter. Qual é nosso problema!? Eu tenho dezessete anos, e ele tem trinta e dois, e ainda por cima casado. Como eu vou conseguir falar tranquilidade com Stella. Só agora parando para pensar em meus atos, percebo que eu realmente devia estar com um parafuso a menos.***
Depois de muito tempo refletindo, peguei no sono. E consegui chegar à uma conclusão: fingirei que nada aconteceu ontem a noite. Eu e Peter não nos beijamos, nem sequer pensamos na possibilidade de algo acontecer entre a gente. Pelo menos na minha cabeça. Talvez Peter pense assim também, porém, depois daquela expressão na despedida de ontem, ele pode achar que haverá algo à mais. Eu não quero pensar nisso agora! Tenho preocupações bem mais sérias em relação a David. Levantei da cama, fui até o banheiro, fiz minha higiene pessoal, tomei um banho longo e relaxante, coloquei a roupa, um short jeans e uma blusa branca regata. Desci para tomar café. Meu pai ainda não havia ido trabalhar o que é uma surpresa, pois é impossível eu encontra-lo quando acordo.
- Bom dia! - exclamei.
- Bom dia querida. - meu pai responde - Que surpresa encontrar você logo cedo, acho que hoje teremos uma tempestade.
- Exagero. - Ri.
- Dormiu bem?
- Sim... - menti. - Onde a mãe está?
- Está lá em cima ajeitando o quarto.
- Ah sim!
- Para onde foi ontem enquanto eu, sua mãe, e Stella estavam no karaokê na segunda vez?
- Ao banheiro. – repliquei nervosa.
- Ah sim... Eu não vi você, nem Peter... – comentou.
- Bom, pode ter sido coincidência então... – sorri fraco.
Droga! Se meu pai desconfia do que aconteceu ontem eu estou ferrada. Preciso provar para ele que eu não suporto Peter, assim as chances diminuem.
- Claro... - Ele tomou mais um gole de café. - Bom, vou trabalhar. Beijos filha.
- Beijos pai, bom trabalho! - exclamo, meu pai pega sua maleta e vai em direção à sala, onde eu pude ouvir a voz da minha mãe.
- Filha! Já acordada? - ela entra na cozinha.
- Meu Deus! Que horas são? – questionei.
- Seis e dez... – ela responde.
- Ainda? Eu nem olhei no relógio.
- Pois é, por isso o meu espanto. – ela brinca.
- O seu, o de papai, e o meu.
- Volte a dormir! - ela diz.
- Não consigo dormir... Minha cabeça está cheia de problemas...
- Problemas? Quais? Se as aulas ainda nem se iniciaram? - Como sou burra! Falei demais.
- Hã... Eu estou preocupada com as notas que tive no primeiro trimestre... Tenho que conseguir boas notas para a faculdade. - Inventei algo qualquer.
- Mas suas notas não foram ruins, você conseguiu tudo acima da média.
- Eu sei... Só quero me garantir...
- Você terá tempo o suficiente, agora curta suas férias! - ela exclama, acho que consegui fazê-la acreditar em mim.
Comi umas três torradas com manteiga, um pedaço de bolo de chocolate que minha mãe havia feito ontem, e uma xícara de café, muito mais do que eu costumo comer durante a manhã.
- Vai fazer o que hoje?
- Não sei ainda... Não falei com Carie...
- O que acha de ir ao shopping comigo e com Stella à tarde? Você convida Carie para vir conosco.
- Hã... Ligo daqui a pouco para Carie e pergunto. - sorri.
Eu não conseguiria sair com Stella, eu prefiro ficar em casa presa do que ter que ter que olhar para ela. Minha consciência estava muito pesada, não me sentiria à vontade. Coloquei minha xícara e meu prato na pia, os lavei, ajudei minha mãe a ajeitar o resto da mesa. Assim que tudo estava pronto, fui para meu quarto. Sentei na escrivaninha, peguei meu celular, e liguei para Carie. Obviamente, por ainda nem ser sete horas da manhã, ela não atendeu. Larguei o celular na mesa. Olhei-me no espelho, meu rosto estava ainda meio inchado devido ao sono. Peguei o delineador e fiz uma linha bem fina na raiz de meus cílios, e depois, uma ponta de gatinho. Apliquei o rímel e um batom bem clarinho. Peguei minha bolsa e o celular. Desci as escadas, encontrando minha mãe no sofá assistindo televisão.
- Mãe vou dar uma volta... Daqui a pouco eu volto.
- Ok filha! Tome cuidado...
Saí de casa, indo em direção à rua que levava a praia mais próxima. Eu estava arriscando demais. Andar sozinha sendo que posso encontrar David em qualquer esquina. Mas eu precisava espairecer. Ficar sozinha. Eu não aguento tanta pressão. De um lado Peter, de outro David. Eu me sentia bem com Peter, mas me sentia errada, errada demais. Eu só queria um pouco de paz. Precisava disso. O caminho para a praia era curto. Andei por uma pequena passarela de madeira, e cheguei ao meu destino. Só havia umas cinco pessoas caminhando. Tirei os sapatos, e sentei na areia fofa. A luz do sol estava forte, dificultando minha visão. Fechei os olhos e apenas relaxei. Conseguia ouvir o barulho das ondas se quebrando, e mais nada.
Tentei não pensar em nada. E obviamente não consegui. Passei uns dez minutos assim. Consegui relaxar pelo menos por uns minutos.
Levantei-me. Caminhando pela praia. Eu teria que falar com Peter, dizer à ele para esquecer ontem à noite. Fingir que nada aconteceu, assim como eu estou fingindo.
- Katherine! - Ouço meu nome, e automaticamente me viro. Dou de cara com Peter. - Você está louca!
- Por que estaria? - Ele se aproximou rapidamente de mim, com uma expressão preocupada.
- "Por que estaria"? Você anda por ai sozinha com um maluco te perseguindo.
- O que eu poderia fazer?
- Me ligar, foi por isso que te dei meu número!
- Primeiro: eu não vou te ligar sempre que precisar sair de casa! - Exclamei, ele ia falar alguma coisa, mas não deixei. - E segundo: você acha mesmo que eu teria coragem de ligar para você, ou ao menos olhar para você depois de ontem à noite?
Peter não falou nada. Apenas ficou me encarando por alguns segundos. Ele usava o uniforme de policial.
- Katherine... O que aconteceu ontem... Eu não me arrependo de absolutamente nada... Foi errado. Sinto-me mal por Stella... Falar com ela depois daquilo, como se nada tivesse acontecido, é bem difícil...
- Bom, pois trate de esquecer tudo!
- Você sabe que não tem como esquecer!
- Tem sim. E é exatamente isso o que eu estou tentando fazer.
- Não vai conseguir! Você sabe o que tivemos ontem, e o que temos!
- Não Peter! Eu não sei e eu também não quero saber! - Eu sabia o que tínhamos, não sei como isso aconteceu tão rápido, nos conhecemos a menos de uma semana, como é possível? Talvez nos precipitamos e agimos sem pensar.
- Katherine! - Peter se aproximou ainda mais de mim, agora num tom mais calmo, levou sua mão até minha bochecha, e a acariciou. - Eu preciso de você, e você precisa de mim. Nós dois sabemos disso.
- Peter! Isso tudo é loucura, tenta entender.
- Eu entendo, eu entendo perfeitamente bem. Mas se nós fizermos isso em silêncio...
- Para com isso! - o interrompi. - Eu não vou ser sua amante!
- Você não será a amante!
- Ah não mesmo? Você é casado, e eu terei relações com você em segredo, isso não é ser amante? Tem certeza? Pensei que fosse inteligente!
- É complicado!
- O que é complicado Peter?
- Tem muita coisa que você não sabe.
- Então me conta! - Alterei a voz.
- Eu não posso! Tenta entender!
- Eu não vou conseguir entender se não me contar... - Falei calma.
- Só confia em mim!
- Confiança a gente conquista.
- Então me deixe fazer você confiar em mim!
Eu estava bem confusa. Eu confio nele. Mas, do que adianta confiar em alguém que não confia em mim? Peter me esconde algo, e se confiasse em mim, contaria.
- O que está me escondendo?
- Eu não posso contar! - Virei o rosto. - Uma hora ou outra você vai saber! Mas não é o momento... Por favor, Katherine... Confia em mim...
Ver Peter praticamente implorar por confiança, me deixou sem reação. Eu não sabia o que fazer. Quando eu estava prestes a falar algo, ele me beija. Um beijo desesperado, como se dependesse dele para ficar de pé. Como ele teve a coragem de me beijar em um local público como esse? Fechei meus olhos e me deixei levar. Eu não pensei em nada, me entreguei àquele beijo. Peter acariciava meus cabelos. Levei minha mão até sua cintura forte, o segurando e trazendo-o para mais perto. Nós brincávamos com nossas línguas em perfeita amônia. Interrompemos o beijo por falta de ar. Fiquei sem expressão, mas me senti bem.
- Eu dou uma chance...
Peter sorriu, e depois, me puxou para um abraço forte. Eu havia enlouquecido! Bastou um beijo para que eu mudasse completamente de ideia. Qual é meu problema?
- Vamos!
- Para onde? – indago.
- Sei lá, dar uma volta... – ele replica.
- Não podemos!
- Por que não?
- Você está louco? Se alguém nos vê juntos? Meu pai desconfiou ontem durante o jantar, quando nós dois desaparecemos ao mesmo tempo.
- É só uma volta, vem! - começamos a caminhar para uma direção da praia. - O que ele disse?
- Nada de mais, porém, precisamos tomar mais cuidado. Por isso, preciso da sua ajuda! Amanhã, diga ao meu pai que me viu chegar tarde hoje à noite.
- Como assim? Por quê?
- Pense! Se você me entregar, vou demonstrar que odeio você, e assim, nunca ninguém vai sequer pensar na possibilidade.
- Mas acho que eles não pensariam que temos algo...
- Só por garantia.
- Tudo bem... Até que para uma garota da sua idade você pensa bem.
- Por que sempre acha que eu sou uma criança imatura?
- Eu não acho isso de você!
- Mas parece, sempre tenta me diminuir.
- Bom, se eu te achasse uma criança imatura, não estaria aqui. Além do mais, é apenas brincadeira, gosto de te provocar.
- Você não presta! - Ri.
- Você também não. - Peter passa o braço por volta do meu pescoço.
Eu nunca sequer pensei em algum dia estar com um cara quinze anos mais velho que eu, passeando na praia feito um casal comum.
- Você pode estar aqui?
- Como assim?
- Não está trabalhando? - questiono arqueando a sobrancelha.
- Estou... – ele responde.
- Então está fazendo o que aqui?
- Quer me expulsar mesmo hein.
- Não quero expulsar você, porém, da mesma forma que alguém pode me conhecer, daqui a um tempo, pode conhecer você também, além do mais você é policial.
- Você tem um pouco de razão...
- Um pouco? Eu estou cheia de razão!
- Eu vou voltar aos meus afazeres então... Mas você vai também.
- Não! Eu quero ficar aqui mais um pouco.
- Mas e David?
- Ele não vai estar acordado às sete e meia da manhã... Relaxa, qualquer coisa eu ligo.
- Tudo bem! - Peter me deu um leve e longo selinho. - Vou lá. Até mais tarde, e cuidado!
- Você também! - Peter sorriu e foi em direção à passarela, desaparecendo.
Eu não consigo acreditar que tudo isso está acontecendo. Ao mesmo tempo em que me encontro feliz, me sinto confusa, preocupada, e agoniada. Preocupada com o que isso pode nos causar. Mas posso dizer que independente do que acontecer, não me arrependerei de nenhum segundo.******
Olá amores, como estão? Muito obrigada pelas estrelinhas e pelos comentários que estou recebendo, isso me incentiva muito! Quero pedir desculpas, pois disse que postaria ontem, mas devido alguns imprevistos não pude concluir o capítulo. Não esqueçam de votar e comentar para que eu saiba se estou fazendo um bom trabalho. Beijos ♥
Grupo no Facebook: Leitores da Bia
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desejos Proibidos - Livro 1 [COMPLETO]
ChickLit*Não permito adaptação ou qualquer tipo de plágio, por favor, respeitem o trabalho dos outros! E lembrem que plágio é crime, se eu tiver problema com isso de novo vou direto para a justiça!* Katherine Cooper acha que tem a vida perfeita para uma ad...