Capítulo vinte e um

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A maldita loira não saiu de perto de Peter, ficou grudada nele o tempo todo. E a parte pior, foi ter que ouvir aquela risadinha sínica e irritante dela. Peter lançava-me um olhar de "o que foi?" a cada cinco minutos, e aquilo me deixava enfurecida.
Tentei ficar longe deles e fingir não via nada.
Passamos grande parte da manhã na praia. Papai inventou de querer aprender a surfar. Óbvio que não prestou, ele começou muito mal, e depois de pra mais de dez tentativas, conseguiu ficar em pé na prancha por pelo menos cinco segundos. Gabou-se muito, e quando voltou mostrar suas "habilidades", caiu e cortou o pé em uma pedra afiada. Gritou de dor que nem louco, e o simpático surfista, o ajudou a levantar-se e fazer o curativo.
Mesmo depois de tudo isso, papai ficou "descolado" por sua coragem e se enturmou com um grupo de malucos na praia. Isso prova o quanto meus truques de ser uma garota legal estão desaparecendo, por que até papai pareceu mais divertido.
Almoçamos em um restaurante ali perto. Não falei com Peter nem um segundo. Talvez tenha sido uma atitude infantil, mas o que posso fazer? Ele provocou, fingiu que não havia nada. Será que não percebeu que aquilo estava tirando-me do sério?
São perto das quatro seis da tarde. O sol reluzente ainda estava presente, e as pessoas na praia também. Papai e Peter estavam conversando com um homem que pintava um barco de branco, eu e mamãe estávamos na areia da praia ainda.
- Filha, vamos jantar onde hoje? Restaurante ou casa? - ela pergunta, largando o livro que estava lendo dentro da bolsa.
- Hã... Não sei... Eu estava pensando em vir para um luau. - respondi coçando a cabeça.
- Luau? - mamãe indaga.
- Sim, Brandon me convidou...
- Quem é Brandon? - ela questiona franzindo a testa.
- Um garoto que conheci hoje de manhã.
- Olha lá hein Katherine, você não conhece ninguém daqui! - exclama.
- Que tal assim - viro-me para ela e prossigo. - Senhor Peter vem comigo para ficar de olho, e você e papai vão jantar sozinhos em algum restaurante.
Propus sorrindo.
- Não sei não... - ela responde pensativa.
- Qual é mamãe, faz tempo que você e papai não têm um jantar romântico! - insisto.
- Mas e Peter? Ele vai ter que ser babá...
- Não se preocupe com isso. Ele também vai se divertir... - Falo com um tom de voz mais baixo, lembrando que a loira azeda o fará muito bem. - O que acha?
- Ah tudo bem, pode ser assim então. - ela cedeu e sorriu.
- Perfeito! - comemoro.
- Vou falar com seu pai então... - ela levanta.
- E eu vou me arrumar. - informo.
Levantei-me e fui para a casa. Entrei subi as escadas. Quando abri a porta do meu quarto, fui surpreendida sendo puxada.
- O que está acontecendo? - Peter pergunta talvez um pouco alterado pressionando-me na parede, com seu corpo colado ao meu.
- Não responderei essa pergunta idiota Peter! - respondo, e em seguida, tento livrar-me dos braços dele, porém, era uma tentativa inútil já que ele é mais forte do que três de mim juntas. - Solte-me!
- Não até me explicar o que está acontecendo!
- Tente perceber sozinho! - digo, e agora, tirei força de não sei onde, consegui empurrá-lo e entrar no quarto, fechando a porta com pressa e a trancando.
- Katherine! - ele bate na porta, mas não dou ouvidos.
Mas que tipo de atitude minha foi essa? Estou agindo como uma adolescente maluca. Mas quando estamos com raiva nem se damos conta das besteiras que fazemos, certo?
Fui até minha mala, procurei por meu vestido branco com detalhes de renda. O achei, joguei em cima da cama. Peguei minha toalha de banho, calcinha e sutiã, e entrei no pequeno banheiro que estava escondido ao lado do guarda roupa.
Tirei a roupa e liguei o chuveiro.
A água quente caindo sobre meu corpo relaxou tudo. Havia areia por todo meu corpo, e eu podia sentir o gosto de água salgada na boca.
Hoje a noite será muito tenso. Eu estarei com Brandon, na tentativa de tentar provocar Peter, talvez seja maldade fazer uma coisa dessas, não por causa de Peter, mas sim, por Brandon. Usar alguém nunca esteve nos meus planos. Eu não gostaria de ser usada por ninguém para provocar outra pessoa. Porém, eu não sei o que está acontecendo. O ciúme está tomando conta de praticamente todo o juízo que ainda tenho - por menor que seja.
Ao terminar o banho, sequei-me, coloquei a calcinha, o sutiã, e depois fui para o quarto pôr o vestido.
Retirei o secador de cabelo da minha outra mala e caminhei até a penteadeira. Conectei o secador da tomada e liguei. Sequei meu cabelo sem pressa nenhuma por uns três minutos, meu cabelo ainda estava um pouco úmido, mas deixaria secar naturalmente.
Peguei o rímel e o delineador na bolsa e apliquei nos meus olhos, tudo muito simples e não muito chamativo, até por que era um luau, não uma balada.
Depois de pronta, pus uma rasteirinha e abri a porta do quarto, espiando em silêncio para ver se Peter estava por perto. Ao perceber que não, sai, fechando a porta novamente.
Fui até o quarto de mamãe e papai, a porta estava aberta. Entrei e avistei minha mãe em frente ao espelho aplicando batom vermelho nos lábios. O quarto era maravilhoso, espaçoso e bonito. Havia até um sofá no canto com uma mesinha de centro. A colcha da cama era vermelha, puxando para um vinho, deixando o quarto romântico.
- Você está linda! - declaro. Ela usava um vestido preto básico, sapato alto, e cabelos presos em um coque no alto.
- Obrigada, filha! - ela sorri - Você também está linda!
Sorri.
- Já vai? - pergunto.
- Sim! - ela responde, colocando o batom na penteadeira. - E você?
- Também. - replico. - Bom jantar mãe!
- Tchau querida! - ela se despede enquanto eu saio do quarto.
Desci as escadas, papai estava sentado no sofá, esperando mamãe.
- Eu já vou indo para a o luau... - comuniquei indo em direção à porta.
- Ei... - ele chama. - Não iria com Peter?
- Ah papai, quero aproveitar ao máximo, Senhor Peter deve estar se arrumando...
- Está enganada! - A voz de Peter surge por trás de mim, viro-me para ele. Peter vestia uma camiseta branca, e uma bermuda da mesma cor, deixando-o atraente, parecido com aqueles homens que aparecem em novela mexicana. - Estava apenas esperando você.
Ele fita-me o tempo todo enquanto falava.
- Ótimo! - exclamei seca. - Então vamos. Tchau papai, bom jantar.
- Fique de olho no meu bebê, Peter! - papai diz.
- Papai! - exclamo com vergonha devido ao péssimo apelido, Peter ri ao perceber que fiquei constrangida, revirei os olhos.
Sai da casa, e andei com pressa pela praia.
- Você não vai mesmo me contar o que está acontecendo? - Peter indaga, seguindo-me calmamente.
- Você está se fazendo! Sabe muito bem o que está acontecendo! - respondo sem nem olhar para trás.
- Se eu soubesse não estaria perguntando. - replica.
- Pois trate de se esforçar mais então. - digo por fim. Corri pela areia da praia, em direção à luz da fogueira.
Peter não veio atrás de mim, e também não falou mais nada.
Havia pra mais de vinte pessoas em volta da fogueira. Algumas em pé conversando, e outras sentadas no chão. Um grupo de pessoas estava cantando I won't give up do Jason Mraz, e tocando violão. Outras pareciam estar completamente chapadas. Procurei por Brandon e não o vi em lugar algum. Avistei a loira azeda indo em direção a Peter. Agora pude perceber o quando ela era bronzeada, deixando seus cabelos ainda mais claros, quase brancos. Ela usava um vestido longo e soltinho amarelo claro. Mas que diabos essa garota quer?
- Oi! - Brandon com sua voz simpática e apaixonante diz. Ele usava uma bermuda branca, camiseta azul e chinelo.
- Brandon! - exclamo sorridente, mais para aliviada do que feliz.
- Você veio... - ele fala com um sorriso tímido. - Ainda não sei seu nome.
- Ah, sim! Sou Katherine! - apresento-me.
- É um prazer lhe conhecer! Sou Brandon! - ele sorri, esticando o braço.
- Já sabia disso! - soltei uma risadinha sem graça e levo minha mão até a sua. Ele elegantemente deu um beijo nas costas da minha mão, me deixando ainda mais corada.
- Vamos sentar? - ele aponta para um tronco no chão, assenti.
Sentamos no tronco. Procurei por Peter em todos os lugares e não achei mais. Nem ele, nem a loira azeda.
- Então... Conte mais sobre você. - disse.
- Hã... - ele fez uma expressão de pensativo. - Sempre morei aqui... Tenho dezenove anos... Acho que só...
- Só isso? - indago - O que faz da vida?
- Nos finais de semana trabalho no quiosque, e de segunda a sexta ajudo meu pai da oficina dele. E você?
- Apenas estudo por enquanto... - respondo sem graça, percebendo que não faço nada de útil.
- Está com quantos anos? - ele pergunta.
- Dezessete. - replico. - Tem irmãos?
- Tenho duas irmãs na verdade, Emma, de dezoito anos. E Sofia, de quatro.
- Emma? - indago - Você é irmão da loira do quiosque?
- Sim! - ele responde.
- Ah tá... É o mais velho então. - nossa o que eu disse foi óbvio.
- Exatamente, e você? Tem que à quem culpar?
- Não! - ri - Sou filha única.
- Ah sim...
- Quer dizer! - lembro-me de mamãe. - Terei em breve.
- Sério?
- Sim, mamãe está grávida... - respondo.
- Menino ou menina? - ele indaga.
- Não sabemos ainda, mas eu espero que seja menina.
- Qual o problema com garotos? - ele brinca.
- Não me importo se for menino também, mas eu gostaria de ter uma irmã... Ter alguém pra ensinar à se maquiar... Ou se vestir... A conversar com garotos... - disse pensativa.
- Então tomara que venha menina! - Isso! - sorri.
Olhei por todos os cantos, até encontrar Peter conversando com Emma, olhando para mim, e quando ele desviou o olhar para ela, por impulso, olhei para Brandon e roubei um beijo dele. Afastei-me rapidamente.
- Oh meu Deus, me desculpe! - exclamo arrependida.
- Não, está tudo bem, relaxa! - ele sorri. - Apenas vamos sair daqui, minha irmã e meu tio não param de olhar para cá.
- Tio? Que tio? - olhei em volta procurando por alguém que estivesse olhando.
- Aquele que está com Emma.
Peter. Peter é o tio de Brandon. Olho em direção aos dois, Emma não estava mais olhando para cá, mas Peter me fitava decepcionado. Droga! O que foi que eu fiz.
- Peter é seu tio? - indago colocando minha mão na testa.
- Sim... Por quê? - ele pergunta confuso.
- Droga! - olho novamente para Peter, que sai imediatamente de lá, deixando Emma sozinha, e foi em direção a casa. - Desculpe, tenho que ir.
Levantei-me e corri com pressa em direção à Peter.
- Peter! - exclamo alto, ele finge não ouvir. - Peter!
Chamo novamente e dessa vez ele se vira para mim.
- Me desculpa! - digo.
- Desculpa? Você beija meu sobrinho e vem pedir desculpa?
- Eu não sabia que ele era seu sobrinho! - justifico.
- E mesmo assim se não fosse você teria beijado outro! - replica ele.
- Que culpa eu tenho! - Questiono. - Você e aquela loira azeda não se desgrudaram o dia inteiro, e você nem para me dizer que na verdade ela só era sua sobrinha!
- Ah francamente Katherine! Por que é que eu ia dar em cima de uma garota de dezoito anos?
- Não sei Peter... - franzi a testa. - Eu tenho dezessete e você está comigo...
- Você é diferente! - ele tenha reverter o que disse.
- Não Peter, eu não sou diferente! - discordo, deixando escapar uma lágrima. - Na verdade, sou sim! Sou mais nova que ela. Sou ainda pior do que ela. E você está comigo por quê?
- Já falei que você é diferente Katherine! - ele insiste. - Mas você agiu feito criança beijando Brandon!
- Tenta se pôr no meu lugar! - alterei a voz. - Uma loira gostosa estava o tempo inteiro com você, na maior intimidade. Queria que eu pensasse o quê? "Ah deve ser parente" queria que eu adivinhasse?
- Pois que procurasse saber! Se você tivesse esclarecido tudo quando eu lhe perguntei, nada disso teria acontecido!
- Foi bom isso ter acontecido. - confesso.
- O que? - ele indaga confuso.
- É! Se isso não tivesse acontecido, eu jamais saberia o que realmente acha de mim! - exclamei calma.
- O que? Do que está falando?
- Sou nova demais para você. Você precisa de uma mente mais madura. De uma mulher, para ser mais exata. Não de uma garota.
- Katherine, não me venha com essa agora. Você sabe que sua idade não importa para mim! Eu apenas estou questionando sua atitude de agora pouco.
- Eu estava com raiva Peter! Não sei o que aconteceu! O sangue ferveu, e eu acabei agindo por impulso. Ver você com alguém mexeu comigo! E você me olhando daquela forma como se nada estivesse acontecendo, me tirou do sério!
- Estava com ciúmes, Katherine? - ele sorriu tímido.
- Não! - neguei imediatamente. - Claro que não!
- Estava sim! - Peter insiste e se aproxima.
- Talvez eu estivesse... - minha voz falhou quando ele se aproximou ainda mais do meu corpo, deixando nossos rostos em uma distância pequena.
- Quero que saiba de uma coisa... - ele põe sua mão em minha bochecha, acariciando-a. - Não trocaria você por nada! Eu pedi o divórcio por sua causa, mudei minha vida completamente, por sua causa. E não vai ser uma loira bonita que vai me fazer esquecer você.
- Como sabe? Você não pode prever o futuro. - teimo.
- Para de fazer isso! - ele protesta calmamente.
- Isso o que? - indago.
- Ser insegura. - Peter responde. - Achar que vou trocar você, esquecer você.
Os olhos fixos de Peter nos meus me deixava sem graça, sem reação, sentia-me intimidada.
- Eu amo você, Katherine... - declara ele, se aproximando de minha boca, selando nossos lábios, em um beijo rápido. - Desculpe ter sido um estúpido...
- Eu quem peço desculpa. Fui criança demais. Você tinha toda razão. Usei Brandon para atingir você...
- E conseguiu... Você não tem noção do quanto fiquei enfurecido ao ver você beijando ele! - protesta com uma expressão de raiva.
- Me desculpe por isso...
- Está tudo bem, vamos apenas esquecer tudo isso... - Peter ajeita meu cabelo para trás da orelha.
- Ok...
- Vamos entrar? - propõe e eu assenti.
Caminhamos até a casa e entramos.
- O que faremos agora? - ele pergunta, enquanto subíamos as escadas.
- Não sei... Que tal apenas deitar e relaxar?
- Nunca fizemos isso...
- Exatamente por isso que propus. - justifico.
- Vamos lá então. - ele sorri.
Entramos em seu quarto, fiquei ainda mais impressionada. O quarto era diferente do restante da casa. Parecia de executivo rico. Grande parte dos detalhes era de cor cinza. Não era muito grande, talvez até menor que o que eu estava, mas a elegância ofuscava essa parte.
Peter deitou na cama, e eu logo em seguida, deitei também, me acomodando em seu peito. Ficamos em silêncio, ele acariciava levemente meu cabelo, fazendo-me relaxar como nunca.
- Está tão bom que tenho medo que acabe. - sussurro.
- Não vai acabar se depender de mim. - ele declara.
- Peter... - manifesto.
- Que foi?
- Eu te amo... - disse por fim.

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Olá amores, como estão?
Comentem o que estão achando por favor. Desculpem se o capítulo ficou pequeno. Beijos!

Como Desejos Proibidos está em reta final, se quiserem continuar acompanhando meu trabalho, convido vocês para conhecerem minha outra obra "Mostra-me Como Amar", disponível aqui no Wattpad. Obs: Início das postagens em agosto.

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Desejos Proibidos - Livro 1 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora