Capítulo onze

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Fomos para a casa depois do café no shopping. Eu já não aguentava mais olhar para Stella, a minha consciência pesava ainda mais. Ela é incrível. E eu posso magoá-la. Chegamos por volta das cinco. Subi para meu quarto com Carie, minha mãe e Stella ficaram na sala conversando. Sentei em minha cama, e Carie na cadeirinha da escrivaninha.
- Como está seu lance com David?
- Já até esqueci ele.
- O que está acontecendo? - Ela pergunta com uma expressão confusa.
- Nada! - Disse, tentando parecer normal.
- Algo está acontecendo. Você esqueceu David, está super despreocupada, quero que me conte a verdade.
- Mas essa é a verdade! Eu só não quero ficar triste ou coisa do tipo por causa do David. Entenda isso! - Exclamei.
- Então tá bom Katherine! Eu conheço você! Sei quando tem algo de errado.
- Bom, pois acho que você não conhece! Porque estou a mesma pessoa. Acredita em mim! - disse já impaciente.
- Ok! - Ela por fim, disse que acreditava, porém, eu sabia que era só por falar. - Faremos algo hoje?
- Não sei, alguma sugestão?
- Estava pensando em ir ao cinema com Philippe!
- Ah tudo bem, vou ficar aqui em casa, sozinha, assistindo comédias românticas enquanto engordo...
- Para de drama! - Carie riu. - Vem com a gente.
- Ah claro! Meu sonho é segurar vela para vocês dois.
- Você não vai segurar vela. Prometo me comportar!
- Não! Relaxa, vou mesmo ficar em casa. Não significa que só porque eu não estou nem ai para David, que eu não vou estar em perigo.
- Tem razão. - Ela levantou-se. - Quer que eu fique aqui com você?
- Não precisa! Se divirta. - Sorri.
- Ok! Vou para casa então. Beijo! - Carie me deu um beijo na bochecha e saiu do quarto. Deixando-me sozinha.
Eu não teria nada para fazer hoje. Ficaria num profundo tédio. Corri para a escada.
- Carie! - Ela se vira para mim. - Vou com vocês! Mas sentarei longe de vocês no cinema.
- Agora sim! Gostei de ver! - Ela comemora animada. - Passo aqui as oito horas.
- Ok! Beijos. - Voltei para o quarto.
Carie apenas fingiu estar alegre. Eu sei o quanto é chato querer ficar só com o cara, com uma amiga no pé Porem, eu só quero carona de ida. Depois os deixo livres, e na saída, ligo para Peter. Não queria incomodá-lo também, mas preciso conversar com ele. A situação com Stella está cada vez mais complicada. Não consigo ficar tranquila podendo deixar uma mulher tão legal como ela, magoada. Eu poderia deixar Peter de lado, dizer que é loucura, que não devemos fazer isso. Mas, de alguma forma, Peter desperta algo em mim. Ele conseguiu me deixar caidinha por ele em menos de uma semana. Talvez eu esteja sendo fácil demais, boba demais, mas que culpa eu tenho? Não é fácil ter um vizinho completamente perfeito como ele. Bonito, carinhoso, protetor, e entre outras milhares de coisas maravilhosas que qualquer mulher gostaria de ter com você. O único problema dele é ser casado, além também de ele ser mais velho. Tenho de descomplicar as coisas.

****

Era sete e cinquenta e eu já estava pronta. Usava uma saia, e uma blusa, ambas com estampas diferentes, mas que caíram super bem, combinando com uma rasteirinha simples e discreta. Passei uma maquiagem um pouco mais escura do que costumo usar, e os cabelos presos para o lado. Desci as escadas e fui ao encontro de minha mãe na cozinha.
- Já vai?
- Daqui a pouco, Carie e Philippe daqui a pouco estão aqui.
- Não quer que eu leve você? - Minha mãe fez essa mesma pergunta umas quatro vezes desde que disse que ia ao cinema com os dois.
- Não precisa mãe! Eu não vou só com os dois. - Menti para que ela pudesse parar de insistir. - Será como um encontro duplo.
- Mesmo? Está namorando? Não diz que é com aquele desajuizado de novo! - Ela alterou a voz.
- Não! Relaxa. Não é ele! É um garoto bom. Em breve, se der certo, apresento á vocês. - Menti ainda mais. Qual o meu problema?
- Vê se fica esperta!
- Vou sim! Fique tranquila. - Ouço a buzina em frente minha casa. - Vou lá! Beijos, te amo!
- Cuidado! - Fui para a sala e sai de casa, indo em direção ao carro.
Entrei no carro. Que pela minha surpresa, não estava só Philippe e Carie. Ao meu lado estava um garoto que eu nunca havia visto. Olhei para frente para ver se havia mesmo entrado no carro certo. Carie e Philippe estavam ali, ou seja, da onde veio esse garoto? Os cabelos eram castanhos, olhos da mesma cor, tinha um corpo bonito, forte, mas nem tanto, o deixando com uma aparência de jovem.
- Hã... - Gaguejei. - Eu entrei no carro certo?
Falei confusa.
- Oi! - O garoto diz, sorrindo.
- Katherine, este é o primo de Philippe! Thomas Turner.
- Ah, oi! - Sorri. - Sou Katherine!
- É um prazer!
- Igualmente! - disse simpática. - Hã... Carie, eu posso falar com você um minutinho ali fora?
- Não! Relaxa Katherine! Thomas sabe que está aqui para te desencalhar. - Philippe e Thomas soltaram uma gargalhada, e eu só queria empurrar Carie na frente de um trem agora. - É brincadeira, vamos.
Ela saiu do carro, e eu fui junto.
- Qual é o seu problema Carie?
- Que foi? – ela questiona.
- Eu tenho certeza que Thomas está aqui por sua causa!
- Minha não... Thomas está hospedado na casa de Philippe, como ele não conhece nada por aqui e ficaria em casa sem fazer nada, perguntamos se ele queria vir junto. Até porque, pelo menos você tem uma companhia.
- Ah tá bom, sei. - Virei-me e entrei novamente no carro. Carie entrou também.
- Vamos? - Philippe indaga.
- Sim! - Carie responde animada.
- Então Thomas, veio de onde?
- Boston.
- E o que o trás aqui?
- Aniversário de Philippe.
- Philippe vai fazer aniversário? - Pergunto agora para todos.
- Depois de amanhã! - O próprio Philippe responde.
- Jura? Por que ninguém me falou nada?
- Eu ia falar para você Katherine, vamos fazer uma festinha na casa dele.
- Você vai né? - Thomas pergunta.
- Mas claro que sim!
- Ótimo! - Ele sorri.
Chegamos ao cinema pouco tempo depois. Seria impossível eu ficar sozinha, com Thomas aqui. Os meus planos foram por água abaixo. Entramos na enorme sala de cinema. Assistiremos Velozes e Furiosos 7, um filme que eu realmente estava doida para assistir.
- Nós sentaremos lá atrás, vocês também? - Carie pergunta.
- Hã... Não sei... Sentarei no meio... - Respondi.
- Vou com você! - Thomas disse olhando para mim.
- Ok...
Ótimo, era tudo o que eu queria, Thomas era realmente bonito, mas tenho que me controlar, não faz nem uma semana que terminei com David, e estou me envolvendo com Peter. Além de eu ter dado um fora em Edward. É muito complicado.
- Vamos? - Ele diz.
- Sim! - Dei uma última encarada em direção à Carie, querendo dizer "Eu vou matar você, se prepare".
Caminhamos entre as fileiras, e escolhemos poltronas no meio. Sentamos. Ficamos uns dois minutos sem falar nada, apenas esperando o filme começar, até que Thomas quebra o silêncio.
- Você tem quantos anos?
- Dezessete! - Respondo. - E você?
- Faço dezenove mês que vem.
- Que legal! - Falo sem graça, por não ter a mínima ideia de como puxar assunto com ele.
- Você namora? - Que rápido.
- No momento não... - Ele apenas sorri. O filme finalmente começa, me livrando de ter que conversar.
As coisas iam bem até metade do filme, até que percebo que Thomas estava desconfortável, agoniado, ao meu lado.
- Tudo bem? - Sussurro.
- Sim! - Ele responde, baixo também. - Na verdade, não!
- Por quê?
- Shii! - Alguém sentado na poltrona da frente reclama.
- Eu quero beijar você agora... - Thomas sussurra ainda mais perto do meu ouvido, para que apenas eu escutasse. Agora ferrou! Estou em um beco sem saída.
- O que você disse? Eu não entendi! - Me fiz de surda. - Nossa! Que delícia essa pipoca.
Enchi minha boca de pipoca, feito uma criança faminta. Thomas apenas me olhou confuso.
- Quer? - Ofereço, de boca cheia. - Nossa está muito boa.
- Pode calar essa boca piranha! - Olho para a garota que havia reclamado antes, e que agora me olhava como se quisesse me atropelar com um caminhão, tinha cara de encrenca. Usava um decote vulgar demais da conta, e uma saia jeans.
- Piranha é sua vó! - Respondi irritada.
- Ah você não disse isso! - A garota se alterou e levantou-se, automaticamente, eu também.
- Meninas, calma! - Thomas exclama assustado.
- Relaxa Thomas! Não me rebaixarei ao nível!
- SUA PATRICINHA IDIOTA! - Ela desta vez se altera ainda mais, chamando a atenção de todos do cinema, vindo para cima de mim, derrubando toda minha pipoca em cima de nós.
- Me solta! - Digo, como se fizesse diferença, agarro os cabelos dela, assim como ela também.
- Katherine! - Carie aparece no corredor das fileiras.
- Moças! – O moço da lanterna aponta aquela luz horrenda para nós. - Peço para que parem, os se retirem do local.
Consigo me livrar das garras dela.
- Eu vou embora! - Digo.
- Vai mesmo! Aqui não é canil não! - Meu sangue ferveu, e quando eu pensei em voltar e arrebentar a cara dela, Thomas chegou por trás de mim me empurrando para o corredor.
- Vamos! - Ele diz.
- Katherine! O que aquela idiota fez?
- Ela chamou Katherine de piranha. - Thomas respondeu por mim.
- Ela me provocou! Respondo endiabrada.
- Quer ir para casa? - Philippe pergunta.
- Não! Já chega de estragar os encontros de vocês com brigas, fiquem aqui! Eu vou de táxi para casa. - Falo e saio da sala.
- Katherine! - Thomas me chama! - Te acompanho.
Eu iria ligar para Peter, mas vai ser impossível com Thomas no meu pé.
- Tudo bem pode ficar.
- Não há problema! Eu já vi aquele filme uma porção de vezes.
- Ok... - Respondo. - Vamos!
Ando mais à frente até sair do cinema, Thomas logo em seguida sai também.
- TÁXI! - Grito, conseguindo fazer com que um parasse para nós. Thomas abre a porta pra mim e nós entramos.
Dei o endereço de minha casa para o motorista e ele deu partida.
- Foi divertido! - Thomas diz.
- Divertido? Ainda tem pipoca no meu sutiã! - Ele solta uma risada.
- Mas achei engraçado.
- Foi um pouco! - Ri. - Mas não mais do que a roupa que ela usava!
Eu talvez pudesse achar que na verdade, os homens gostavam de mulheres assim, acham "bonito" de alguma forma. Porém, a garota do cinema não era dona de um corpo bonito. Havia pneuzinhos grandes na barriga, e mesmo assim, a mesma achava que estava arrasando. Confesso que baixei o nível quando resolvi debater a ofensa, entretanto, não deixaria alguém me tratar daquele jeito e não fazer nada.
- Imaginei que você fosse mais "certinha".
- E eu sou, mas também não posso deixar alguém me tratar daquela forma.
- Tem razão! - Ele ri.
- Desculpe por isso, você deve estar tendo uma péssima primeira impressão minha.
- Não! - Ele protesta alto. - Você não teve culpa de absolutamente nada. Aquela garota que deve ter algum problema, foi ela quem começou.
- Obrigada! - Sorri, logo fiquei em silêncio.
Nós dois não tínhamos assunto, e quando tínhamos, era algo rápido, perguntas tradicionais de: "Quantos anos?"; "Tem namorado?"; "É de onde?". Até chegar à minha casa nós não falamos absolutamente nada.
- Bom, foi bom conhecer você! - Disse, dando um beijo em sua bochecha.
- Igualmente! - Ele diz, sorrindo, e eu saio do carro. - Katherine!
Ele novamente me chama, saindo do carro também. Deu a volta no carro e veio de encontro a mim.
- Bom... Eu sei que no cinema você não quis ficar comigo... E eu entendo... Mas eu lhe peço para me dar uma chance!
- Thom... - ele me interrompe.
- Olha! Não fala nada, apenas aceite. Amanhã Carie e Philippe vão à praia, podemos ir junto, e se conhecer melhor. - Peter surge lá atrás, saindo do carro, nos encarando.
- Hã... - Gaguejei. - Tudo bem!
Aceitei, mesmo sabendo que estaria entrando em uma fria.
- Ótimo! - Ele sorri, retribuo. - Vou nessa!
Thomas me da um beijo na bochecha e entra no carro. Não me movi. Continuei olhando para frente, em direção à Peter. Ele aponta com a cabeça para a casa dele. Provável que Stella não esteja. Olhei para os lados para ver se avistava meus pais ou algum vizinho, a barra estava limpa, então caminhei disfarçadamente até Peter.
- Quem era?
- Onde está Stella?
- Seus pais não falaram nada?
- Sobre o que?
- Eles foram a um bingo, pensei que soubesse.
- Não...
- Quem era o garoto?
- Um amigo... - Respondi.
- Hum. - Peter estava com ciúmes?
- Que foi?
- Nada! Só não quero que saia por ai com qualquer um, sendo que David está atrás de você.
- Relaxa! - Digo. Entramos em sua casa. - Não é arriscado estar aqui?
- Não, eles não voltaram antes das dez e meia.
- Ok!
Eu estava nervosa. Ficar sozinha com Peter, em um lugar que não é público, me deixava com certos receios de que algo pode acontecer. E não havia problema. Mas não aqui, não agora. Peter largou as chaves do carro em cima da mesa e sentou-se no sofá.
- Sente! - Fiz o que ele disse. - Vi David hoje!
- Onde?
- Ele passou por mim, aqui por perto, mais cedo. Provavelmente procurando por você.
- Que saco! Ele não vai me deixar nunca!
- Se ele aprontar algo, vai em cana. Esqueceu que sou policial? - Ele ri. - Katherine... Eu peço para que tenha um pouco mais de cuidado. Você saiu na rua com um rapaz que se bobear nem sabe cuidar de si próprio ainda.
- Você não conhece Thomas.
- Eu só quero que você colabore! Eu cuido de você, e você se cuida também. Não tem como eu protegê-la se ficar por ai como se nada estivesse acontecendo.
- Peter! Se te incomoda tanto assim me ajudar, não ajude!
- Não incomoda! - Ele senta mais próximo de mim. - Eu só peço para que colabore, para não se expor ao risco, quando eu não estiver por perto...
- Tudo bem! - Digo.
Peter se aproxima um pouco mais de meu rosto, eu faço o resto do trabalho, selando nossos lábios. Ele põe a mão em minha bochecha, acariciando-a. A sensação era ótima. Aprofundei ainda o beijo, e Peter, me deitava com calma e cuidado no sofá, ficando por cima de mim. Já estava previsto o que iria acontecer. O beijo foi ficando cada vez melhor e desejado, mas devido a falta de ar, interrompemos. Peter puxou sua camiseta, retirando-a. E logo a linda imagem de seu abdômen perfeitamente definido apareceu em minha frente. Eu não me controlei. O puxei para mim novamente, em um beijo ainda mais desesperado e selvagem. Peter acariciava todo o meu corpo, provocando-me ondas de arrepios e prazer. Eu não sei o que me deu no momento, Peter era como uma necessidade para mim. Algo que eu precisava desesperadamente. Ele levou suas mãos até minha coxa direita, apertando-a. Tratei de me livrar de minha blusa, Peter me ajudou. Deixando-me com o meu sutiã preto com lacinho, se eu soubesse que isso iria acontecer, teria me preparado melhor. Peter agora passou as mãos por meus seios, e eu já não suportava mais esperar tanto. O puxei para mais um beijo, agora pude sentir seu grande e duro volume pressionando minha virilha. Ele levantou minha saia.
Mas que diabos eu estava fazendo! Não estou preparada para isso com Peter ainda! Preciso do tempo certo, do local certo, e com o meu psicológico bom. Eu não estava em condições. Tinha que conversar com ele sobra Stella, que pareceu alguém muito legal comigo no shopping.
- Não! - Agi por impulso. Saindo - com dificuldade - de debaixo de Peter. - Eu não posso fazer isso!
- Por que não? - Ele pergunta confuso.
- Não me sinto preparada!
- Você... É virgem? - Ele pergunta sem graça.
- Não! Eu só não quero que isso aconteça aqui. E agora! Minha cabeça está confusa.
- O que houve? - Peter levanta, caminhando em minha direção.
- Eu não sei se consigo magoar Stella assim.
- O quê?
- Nós ficamos conversando o tempo inteiro hoje no shopping, e ela foi tão legal comigo...
- Katherine! - Ele me interrompe. - Não quero que você se deixe cegar por Stella. Ela não é tudo isso que você pensa!
- Caramba Peter! Por que não me conta o que está acontecendo? O que Stella fez de tão grave para você trata-la como um monstro?
- Eu não posso contar! Mas por favor, acredita em mim. Não acredite em absolutamente nada que Stella lhe falar. Na hora certa, você saberá o que é.
- Ótimo! Então me procure quando decidir abrir o jogo comigo! - Passei pelo seu lado com pressa, peguei minha blusa e caminhei até a porta.
- Katherine! - Ele chama, mas não dou ouvidos. Saio da casa dele e bato a porta.
Eu não poderia fazer nada com Peter enquanto eu ficar com essa consciência pesando em mim o tempo todo. Não é assim que eu quero que as coisas aconteçam.

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Desejos Proibidos - Livro 1 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora