Capítulo dez

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Capítulo dez.

Depois da conversa com Peter, dei apenas mais umas voltas pela praia, e fui para a casa. Eram oito e dez quando cheguei, minha assistia televisão.
- Voltou cedo filha...
- Não tinha muito o que fazer, apenas dei uma volta mesmo...
- Ah sim...
Caminhei até as escadas.
- Katherine! - Minha mãe me chama.
- Que foi?
- Sente! - Ela falou, poderia ser bronca, porém, ela estava muito tranquila, e também não havia motivo. Sentei-me no sofá ao lado dela. - Como está sua vida?
- De novo? – questionei.
- É que ultimamente você está estranha... Menos falante, mais discreta...
- Eu estou bem... - sorri para parecer normal.
- Como está sendo ser perseguida por aquele homem? - Gelei. Minha mãe soube de David?
- Quem?
- Peter! Quem mais seria?
- Ninguém... - soltei uma risadinha nervosa, é a segunda vez que minha mãe me da esses sustos.
- Eu falei para seu pai que não tinha o porquê, mas Peter e ele estão paranoicos com o perigo ultimamente.
- Acho um exagero! Eu nunca mais aprontei nada. E o Senhor Peter está adorando se meter na minha vida.
- Também acho exagero, mas é para sua segurança.
- Eu entendo. Apenas não gosto.
- Bom infelizmente, você vai ter que aguentar essa.
- Eu sei. - Bufei. - Que horas vamos ao shopping?
- Umas duas horas, conseguiu falar com Carie?
- Ainda não, mas acredito que ela irá conosco.
- Ok me avise.
- Tá bom... - Levantei-me do sofá, caminhando até a escada.
Eu não sei se teria coragem de ir para o shopping, mas também não tinha desculpa para não ir. E eu sei que se eu fosse minha mãe ficaria mais que feliz, faz muito tempo que não temos um momento desses. Carie liga.
- Alô?
- Oi, o que houve?
- Queria saber se quer ir ao shopping comigo, com minha mãe e Stella... – sugeri.
- Claro! Que horas vão? – ela pergunta.
- Umas duas horas, pode ser?
- Pode, preciso levar meu carro?
- Não! Acho que minha mãe vai levar. – repliquei.
- Tudo bem. Como você está?
- Ótima! - Falei empolgada.
- Ótima? Ih, que bicho te mordeu? – ela brinca.
- Nenhum. - Ri. - Só estou feliz.
- David está te perseguindo e você está feliz? – Carie ironiza.
- Já não estou tão preocupada com ele.
- Posso saber o motivo?
Não posso contar o motivo para Carie, quando ninguém sabe, ninguém estraga. Vou guardar o segredo para ela pelo menos por enquanto.
- Eu vou ter um irmãozinho ou uma irmãzinha! - Falei animada, o que não deixa de ser verdade, eu estava feliz por isso também.
- Não brinca! Jura?
- Sim! Eu estou muito feliz pela minha mãe!
- Meu Deus isso é incrível!
- Eu sei! - repliquei animada. - Bom, então nos vemos hoje, esteja dez pras duas aqui tá bom?
- Sim! Beijos, até depois.
- Beijos.
Desliguei o telefone, com uma enorme vontade de contar o que está acontecendo para Carie. Pelo o que eu conheço ela, por mais que ela ache Peter um Deus grego, ela diria que o que eu estou fazendo é errado. E ela não estaria errada. Eu e Peter estamos entrando uma aventura perigosa e errada. Eu sou menor de idade, e Peter é casado, e tem muito mais idade que eu. Além de tudo ele é policial. Não entendo nada de leis, porém acredito que isso prejudicaria a carreira dele. Devido a isso temos que ser muito discretos. Eu sou realmente um monstro! Bufei.

******

Estávamos indo para o shopping. Carie ficou paparicando minha mãe desde que ela chegou. Ela está mais animada com a gravidez do que eu e minha mãe juntas. Preferi não puxar muito assunto com Stella. A situação estava complicada. Olhar para ela e pensar que eu e Peter ficamos me fazia entrar em desespero. Peter disse que tinha muita coisa por trás disso. Foi isso que eu não entendi, do que aquele bendito estava falando? Coisa boa talvez não seja, óbvio, caso contrário me contaria. Ou não? Ah eu já não sei de mais nada. Minha cabeça se torna uma completa bagunça toda vez que paro para pensar no que está acontecendo. Eu tenho que esquecer isso por pelo menos esta tarde. Carie com certeza vai perceber que tem algo errado, ela me conhece mais do que eu mesma. Mas negarei, negarei sempre. Ela ficará mais confusa que eu, até porque, uma hora eu penso nos momentos bons com Peter, e fico feliz, e em outros eu olho para Stella, e vejo o quão errada estou sendo. Aqui estou eu pensando nisso novamente!
Chegamos ao estacionamento do shopping. Minha mãe parou em uma vaga perto da entrada. Saímos do carro e entramos no enorme ambiente, que por ser dia de semana não estava tão lotado, exatamente como eu gosto.
Fomos até uma loja de roupas femininas. Carie estava falando com minha mãe sobre o sutiã que a mãe dela usou na gravidez do irmão dela, me deixando de lado, sendo praticamente obrigada a falar com Stella. Estávamos em um setor diferente delas, um pouco distante.
- Então Katherine... Naquele dia... Quando perguntei se você namorava, qual seria a resposta? - Eu não sabia o que responder. - Relaxa, não falarei para sua mãe, quem está chato com isso é Peter.
- É uma história um pouco longa...
- Me conte! - Ela diz, tentando me passar alguma confiança.
- Eu estava ficando com um garoto...
- Mas porque sua mãe não pode saber?
- Minha mãe não gosta dele... - Respondo, enquanto ela olhava uma lingerie.
- Ah sim... E qual o motivo de ela não gostar?
- Ele aprontou no passado, não é muito bom para mim.
- Se não é bom por que namora ele? - Não tem uma pessoa que não faça essa pergunta.
- Eu não sei... Eu pensava que ele fosse uma pessoa, e depois vi quem realmente era, abri meus olhos.
- Ainda está com ele?
- Não... - Ia dizer que ele está praticamente me perseguindo, mas ela contaria à minha mãe. - Estou gostando de outro.
- Mesmo? Quem? - "Seu marido".
- Um garoto da escola...
- Bom, se for boa pessoa tudo bem. - ela disse como se fosse minha mãe, o que pesou ainda mais minha consciência, Stella era realmente um anjo comigo. - O que acha desta?
Ela me mostra uma lingerie vermelha com alguns detalhes pretos de renda.
- É linda! - elogiei.
- Peter ama lingerie vermelha! - Parei o que estava fazendo e olhei para ela, talvez um pouco incomodada com isso. - Ah desculpe, isso não é assunto que eu tenha que falar com você.
- Não! Tudo bem, já não sou mais criança. - Ri.
- Ah então isso é ótimo, porque muitas vezes preciso de opiniões, sugestões, desabafar, e não tenho ninguém. Posso contar com você?
- Claro. - sorri mesmo tendo que engolir um sapo enorme. Eu seria praticamente melhor amiga de Stella. Qual é o meu problema!
- Qual das duas? - Stella mostra duas lingeries, a que ela já havia mostrado, e uma completamente vermelha.
- Essa! - Apontei para a com detalhes pretos.
- Ótima escolha! Vou levar! - Perfeito, acabo de escolher a roupa íntima que Stella usará com Peter. - Está animada com a gravidez de sua mãe?
- Sim! Fiquei muito feliz com isso. Torço para que venha um menino, ela espera por isso à muito tempo.
- Eu queria ter um filho... - Stella baixou a cabeça, fazendo-me lembrar do que Peter falou naquela noite sobre o filho deles que morreu, isso deve ser horrível para eles.
- Quando você menos esperar, ele vem.
Stella não disse nada, apenas se aproximou de mim e me abraçou forte. Acredito que ela não saiba que Peter me contou sobre o que aconteceu.
- Obrigada! - Ela agradece, e separa o abraço. - Você vai levar algo?
- Não... Se eu compro alguma lingerie dessas minha mãe já pensará besteira.
Parece careta, e na verdade é, mas minha mãe nem imagina que eu já use lingerie adulta, para ela eu ainda sou uma criança que usa calcinha de bichinho. Eu mesma lavo minhas roupas íntimas para que ela não veja, senão, ela iria ver, e dar uma lição de moral do quanto elas me deixam vulgar. O que não é verdade, todas as meninas da minha idade já usam.
- Escolha alguma!
- O que? Não, obrigada! - Sorri sem graça.
- Escolha qualquer uma, sua mãe não precisa saber que é para você.
- É sério, realmente não precisa!
- Katherine, deixe de bobagem, escolha. - Ela ri.
- Tudo bem! - digo tímida.
Analiso bem as peças, tentando pegar alguma que não seja tão cara, até porque eu teria que pagar Stella depois. Escolhi uma lingerie preta, simples, mas bonita.
- Essa! - Mostrei à Stella.
- Ela é linda!
- Também achei. - Sorri.
- Vamos?
- Sim!
Entreguei a lingerie para ela, e fomos ao encontro de minha mãe e Carie, que estavam olhando algumas cintas. O bebê nem nasceu e elas já estão preparando coisas para depois da gravidez.
- Oi! - Stella diz.
- Oi meninas, compraram algo?
- Sim! Katherine me ajudou a escolher algumas lingeries.
- E você Katherine? - Minha mãe pergunta.
- Hã... - Olho para Stella. - Não! Eu preciso mesmo é de blusas...
- Ah sim, só vamos acabar aqui e iremos a alguma loja.
- Deixa que eu levo Katherine lá! - Olho para Stella confusa.
- Tudo bem para você? - Minha mãe pergunta para mim.
- Claro! - Respondo.
Não estava tudo bem para mim. Não vou conseguir andar com Stella pelo shopping como se ela fosse minha melhor amiga!
- Vamos? - Ela diz.
- Claro. - Sorri.
Passamos no caixa, e pagamos as lingeries. Depois, ela me entrega minha sacola.
- Pegue! - Estico a mão, com o dinheiro da lingerie.
- Desculpe, mas não vou aceitar Katherine! Considere isso como um presente! - Ela sorri.
- Então lhe comprarei um também!
- Não é necessário!
- É sim! Vamos, o que quer?
- Você escolhe! - Stella sorri.
- Já sei! - Entramos em uma loja de bolsas. Eu não sabia ao certo o que comprar para ela, não sei direito o estilo de roupa que ela usa, então preferi comprar uma bolsa. Era a opção mais fácil que eu achei. - Que tal uma bolsa?
- Ótima ideia! - Stella sorri animada.
- Qual delas você prefere?
- Já falei para você escolher! - Ela ri.
- Mas é difícil, eu não sei o seu gosto. Eu tive direito de escolher a lingerie, então você escolhe sua bolsa!
- Mas eu acho injusto! Os valores não batem.
- Stella deixe de bobagem, escolha. - Friso bem a frase, repetindo o que ela havia me dito minutos atrás na loja de roupas íntimas.
- Espertinha! - Stella ri em seguida.
Ela começa a ver as bolsas, sempre olhando o preço. Eu não imaginei que teria uma tarde tão legal com Stella. Pensei que passaria mais tempo com minha mãe. Eu sou uma pessoa horrível por estar fazendo aquelas com Peter. Se Stella descobre eu magoaria uma mulher tão boa. Que tipo de monstro eu sou.
- Esta! - Stella me desperta do meu transe. - Tudo bem?
- Claro! - Sorri. - A bolsa e linda.
Ela havia escolhido uma bolsa simples, de uma cor branca com detalhes azul bebê na alça. Era muito fofa, bem estilo dela.
- Vamos? - Stella diz.
- Sim! - Caminhamos até o caixa.
O valor da bolsa não saiu muito diferente do da lingerie. Paguei noventa dólares pela bolsa, e Stella, oitenta e cinco.
- Muito obrigada Katherine!
- Eu quem agradeço! - Sorri.
- O que acha de tomarmos um café?
- Ótima ideia! Será que devemos chamar Carie e minha mãe?
- Bom, é capaz de elas estarem feito loucas procurando coisas para o bebê, então acho que nem ligaram para onde estamos.
- Tem razão! - Ri. - Vamos!
Caminhamos até a praça de alimentação, entre o caminho, sempre bisbilhotávamos as vitrines, já pensando em comprar mais coisas depois do café. Fomos até uma lanchonete. Pedimos dois cafés e duas fatias de bolo de chocolate, que sou completamente apaixonada desde criança.
- Você vai adorar, eu poderia vir pra cá à pé só para comprar uma fatia desse bolo. - Falo, enquanto andamos até uma das mesinhas com a bandeja na mão.
- Nossa! Deve ser maravilhoso!
- E é! - Sorri.
Sentamos em nossas cadeiras, e começamos a comer. Stella colocou seu primeiro pedaço de bolo na boca, e logo a reação que eu tenho toda vez que como, chega.
- É perfeito!
- Eu falei! - Ri.
- Quem faz esse bolo? Deve ter sido abençoado só pode.
- Quem faz essa maravilha é minha tia.
- Sua tia? - Ela pergunta surpresa.
- Sim. - Ri com a reação dela. - Ela trabalha aqui faz pouco tempo, mas eu sempre tive o privilégio de comer esse bolo.
- Sua tia tem muito talento, com o que ela sabe fazer era para estar trabalhando em um lugar mais valorizado.
- Na verdade ela não está tão preocupada com o dinheiro. Gosta apenas de cozinhar, não importa onde. - Ri.
- Entendo! Isso é bem admirável.
- Eu sei! - Sorri.
- Um dia me apresente ela.
- Claro! - Comi um pedaço de bolo. - Onde será que elas estão?
- Não sei... - Stella diz. - Vou ligar para sua mãe.
- Pode deixar que eu ligo!
Pego o celular e disco o número de minha mãe, não demorou muito e ela atende.
- Alô?
- Oi mãe, onde estão?
- A procura de vocês, onde estão?
- Aqui na lanchonete! Perto da entrada da praça de alimentação!
- Estamos indo para ai! Beijos! - Minha mãe diz, e em seguida desliga o celular.
- Estão vindo para cá. - Digo à Stella.
Terminei de comer o bolo, e logo em seguida minha mãe e Carie chegam, se sentando conosco.
- Achamos vocês! - Minha mãe ri.
- Finalmente! - Stella exclama sorrindo. - Vocês querem comer algo?
- Sim! - minha mãe responde.
- Ai eu quero! Estou morrendo de fome. - Carie lamenta.
- Vamos lá comprar então Carie! - Digo à ela.
- Sim!
- O que vai querer mãe?
- O de sempre!
- Ok! Vamos? - Carie levanta.
Fomos até a lanchonete, e fizemos o pedido.
- Qual o seu problema?
- Oi? - Carie pergunta surpresa.
- Me deixou sozinha com Stella a tarde inteira!
- Pensei que estava gostando!
- Eu gostei, ela é legal, mas não é muito confortável ter que ficar apenas com ela!
- E porque não? - Carie interroga, fazendo-me lembrar de que ela não sabe nada sobre Peter.
- Por que... Ela e eu somos de idades diferentes... É difícil achar assunto. - Inventei.
- Ah, deixe de bobagem Katherine! Você tem dezessete anos, mas sabe muito bem que age como uma garota mais velha! - Ela insiste.
- Mesmo assim!
- Mesmo assim nada! Eu estou sacando tudo o que está acontecendo!
- Sabe? - Pergunto desconfiada.
- Sei!
- O que você sabe exatamente?
- Você está com ciúme porque eu e sua mãe não nos desgrudamos nem um segundo por causa da gravidez!
- Estou? - Pergunto confusa. - É mesmo, estou!
Concordo com ela. Na verdade não estou com ciúmes, mas nessa situação essa é uma ótima desculpa.
- Relaxa! Eu não vou trocar você. E sua mãe também não! Só estamos felizes! Você sabe o quanto eu amo criança.
- É mesmo, é muito egoísta da minha parte! - Digo. - Desculpe!
- Tudo bem! Mas enfim, como foi?
- Legal! – replico com a voz fraca. - Stella é uma mulher muito legal.
- Além de linda é legal.
- Sim! Bom... Vamos? – Carie assentiu.
Pegamos a bandeja com uma fatia de bolo para minha mãe, uma rosquinha doce para Carie, e dois cafés. Voltamos para a mesa.
- Stella estava contando o quanto se divertiram...
- Nos divertimos mesmo! - Sorri.
- Bom, então podemos repetir isso mais vezes! - Minha mãe diz. Não, de novo não, eu não conseguiria mesmo.
- Claro! - Stella replica.
- Eu e Carie compramos muita coisa para o bebê! Foi demais!
- Que bom que se divertiram! - Digo sorrindo. - Agora temos que saber onde colocar tanta coisa!
- Damos um jeito! Temos o quarto de hóspedes.
- Ah é mesmo! Havia me esquecido dele.
- Então! Podemos transformar aquele quarto no do bebê.
- Eu esperaria um pouco mais. - Carie diz.
- Por quê? - Pergunto.
- Temos que saber o sexo da criança.
- Mas isso vai demorar muito! Temos que fazer isso agora no início onde mamãe ainda consegue nos ajudar com a decoração. - Digo.
- Tem razão! Podemos colocar tudo neutro, e quando descobrirmos decoramos o resto. - Minha mãe diz.
- Bom, temos tempo de sobra para isso! - Falo. - Ainda não fez nem dois meses.
- Exatamente. Não tenham pressa! - Stella comenta.
Para ela deve ser horrível alguém falar o tempo inteiro sobre bebê, sendo que é a coisa que ela mais quer no momento. Perder um filho deve ser a pior coisa que pode acontecer com alguém. Stella durante a conversa sempre ficava desconfortável, baixava a cabeça, ou coisa do tipo. E nesse momento, eu queria poder abraçá-la.

Desejos Proibidos - Livro 1 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora