Capítulo dezessete

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Dormi muito para tentar esquecer o que havia acontecido. Algumas horas de inconsciência não trouxeram muitos resultados, mas aliviou certa dor que eu estava sentindo. Minha mãe havia chegado com Stella e a mãe dela perto das quatro e meia. Pedi à Milla e Carie para que me deixassem sozinha, e que dissessem para minha mãe que eu estava com muita dor de cabeça e queria tranquilidade.
O que eu estou fazendo? Destruindo-me desta forma, sofrendo feito condenada por causa disso. Carie disse que eu devia estar ficando louca, triste desse jeito por causa de um homem que conheci faz pouco tempo. Péssima coisa para se dizer para a melhor amiga em um momento desses.
Mas de certa forma, no fundo, eu concordo com ela. Mas, por mais que pareça exagero, eu realmente estou mal pelo o que aconteceu.
Peter me fez sentir de um jeito que, geralmente, as pessoas demoram muito mais tempo. Eu precisava dele.
- Toc toc! - Milla brincou, entrando no quarto com uma bandeja com suco e bolo de chocolate.
- Não foi para casa ainda?
- Não iria deixar você sozinha.
- Obrigada... - Sorri. - Carie já foi?
- Claro que não! - Carie entrou no quarto.
- Vocês são demais.
- Bom, realmente eu sou mesmo, porque ter que aturar essa garota por horas exige muito de mim. - Milla disse e logo riu.
- Ela diz isso na sua frente Kate, alguns minutos atrás ela disse que não imaginou que eu fosse essa pessoa tão legal.
- Coitada se ilude tão fácil.
- Que bom que estão aqui... - Declarei.
- Vamos estar aqui sempre que precisar. - Carie diz.
- Além do mais, não queríamos perder o bolo de chocolate que sua mãe fez. - Milla pega uma fatia de bolo.
- Você está muito engraçadinha hoje Senhorita Milla. - Carie da um leve tapa no braço de Milla.
- Mas ela tem razão, melhor bolo de todos! - elogiei.
- O que vamos fazer hoje?
- Carie! Não consegue passar uma noite sem farra? - Milla levantou-se da minha cama indo em direção ao banheiro.
- Na verdade, eu quis dizer filme, pizza, jogos, passatempos...
- Que tal comer pizza enquanto jogamos verdade ou consequência? - Propus.
- Verdade ou consequência? - Milla pergunta.
- Sim! É uma ótima ideia Katherine! Vou pedir a pizza! - Carie foi para a varanda, mas logo voltou. - Melhor eu escolher outro lugar...
- Por quê? - Milla pergunta, e quando Carie olhou para mim em forma de resposta, baixei a cabeça e tentei buscar palavras para mostrar que não me importo.
- Pode pedir aqui, eu e Milla vamos lá em baixo pegar os copos.
Carie voltou a pôr o celular no ouvido. Eu e Milla fomos até o andar de baixo, caminhando até a cozinha. Minha mãe se encontrava sentada no balcão comendo bolo.
- Mãe! Estamos pedindo pizza, quer algo?
- Não filha, obrigada! Vou começar a preparar o jantar daqui a pouco, terá visita.
- Quem?
- O chefe do seu pai e a mulher dele.
- Ah sim. - Fiquei aliviada em pelo menos não ser Peter e Stella. - Papai chega que horas?
- Perto das oito e meia. - Ela levantou-se indo em direção à pia, Milla e eu pegávamos os copos no armário. - Katherine... Aconteceu alguma coisa?
- O quê? - Eu e Milla lançamos um olhar confuso uma para outra. - Por que a pergunta?
- Peter veio aqui tempinho atrás perguntando de você... - Gelei.
- O quê? - Perguntei assustada. - Ele disse o que queria?
- Não, apenas perguntou se você estava em casa...
- Não sei o porquê...
- Você não aprontou nada né? Não se meteu em encrenca de novo?
- Quê? Claro que não mãe, pode acreditar, eu mudei.
- Hum... Então é realmente estranho ele ter vindo...
- Bom, se fosse importante ele teria voltado.
- Vai ver é para pedir favor... Cortar grama, cuidar do bicho de estimação... - Milla tentou fazer esse ato parecer comum.
- Ele não tem. - Minha mãe responde.
- Bom, não importa, amanhã ele volta.
- Claro...
- Vamos Milla?
- Sim! Pegue uma garrafa.
- Ok! - disse.
Peguei uma garrafa de refrigerante vazia que se encontrava no canto ao lado da pia.
- Chamo vocês quando a pizza chegar.
- Ok mãe, obrigada.
Eu e Milla voltamos para o quarto. Assim que a porta se fechou por trás de mim, desabafei.
- Ok! Aquele homem está querendo o que vindo até aqui? - pergunto andando de um lado para o outro.
- Quê? Do que está falando? - Carie perguntou sem entender nada.
- Peter veio até aqui perguntando de mim para minha mãe!
- Oi? Ein? Ele tem coragem de sobra.
- O que ele tem de coragem ele não tem de juízo. Ele vindo até aqui só trás desconfiança!
- Verdade Milla! - concordo. - E se ele inventa de voltar aqui? Eu não sei nem como olhá-lo depois de hoje.
- Uma hora você vai vê-lo querendo ou não. Seus pais estão bem amiguinhos dele.
- Eu sabia que isso ia acontecer. Desde aquela noite no banheiro do restaurante.
- Banheiro do restaurante? - Carie perguntou sorrindo maliciosamente.
- Carie! - Milla deu uma cotovelada em Carie.
- Não! Tudo bem Milla... Eu não contei em detalhes mesmo... Só de lembrar, da vontade de esquecer tudo o que falei hoje, esquecer David, a chantagem, meus pais, Stella...
- Para! Você vai acabar cedendo. - Carie diz.
- Não!
- Por que não conta a ele sobre David?
- Ele disse para não contar, e se eu contasse Peter não deixaria barato, e iria atrás de David, e se David descobre que eu contei, revela meus segredos para meus pais.
- Espera, deixa-me digerir... - Milla pensa. - Tem razão!
- Por isso não contei...
- Mas Katherine... Diga-me... E se ninguém nunca descobrisse sobre vocês dois, continuariam juntos, mas por quanto tempo? Por quanto tempo viveriam no proibido?
Parei para pensar. Eu não faço ideia! Essa seria a resposta que mais se encaixa na pergunta de Milla. Eu sei, que pela minha natureza, não conseguiria viver em segredo. Sou muito ingênua, não teria coragem. E, será que Peter em algum momento, teria coragem para pedir o divórcio?
Na verdade, tenho que parar com isso. Aqui estou eu falando de Peter novamente. Tenho que fechar as portas para esse homem na minha mente e no meu coração por um tempo.
- Milla! Vamos mudar de assunto! - digo por fim.
- Claro! Desculpe...
- Tudo bem. Vamos jogar!
- Mas e a pizza? - Milla pergunta.
- Não precisa de pizza para jogar. - Carie responde por mim.
- Ok, vamos então.
Sentamos no chão, formando um pequeno triângulo.
- Essa roda está muito pequena, só estamos em três! - Milla disse.
- Podemos chamar mais alguém... - Propus.
- Ah eu queria que fosse apenas nós três. - Carie disse.
- Vamos jogar assim mesmo Katherine...
- Tudo bem.
- Quem começa? - Milla pergunta.
- Eu! - Respondi de imediato. Girei a garrafa, aos poucos ela foi parando, até que finalmente apontou para Carie. - Verdade ou consequência?
- Hã... - Carie me conhecia, sabia que independente da escolha dela, estaria ferrada. - Verdade...
- Você... - Pensei em alguma coisa. Nunca tive problemas em criar desafios ou perguntas, mas convenhamos que hoje minhas condições não sejam as melhores. - Você e Philippe já...
- Não! - Carie me interrompeu. - Não fizemos ainda.
- Isso é realmente um milagre! - Milla fica boquiaberta.
- Cala a boca! - Carie riu. - Eu realmente estou me comportando com Philippe...
- Ele quer? - perguntei.
- Ambos querem, mas quero segurá-lo um pouco antes de algo mais acontecer.
Ouvir essas palavras de Carie me fizeram refletir sobre eu e Peter. Entreguei-me com menos de uma semana. Estou me sentindo uma daquelas vadias que eu criticava na escola.
- Isso mesmo, não seja burra. - Milla disse.
- Isso é algum tipo de indireta para mim? - Perguntei.
- Claro que não Kate! As situações são diferentes. - Carie responde.
- Peter é mais velho, maduro, é um homem. Philippe é um garoto, e você sabe que depois que as garotas liberam o prato principal, os garotos caem fora.
- Milla tem razão. Você não tinha o porquê de ser julgada em relação a isso.
- Ok... Carie sua vez.
Ela girou a garrafa, que parou entre ela e eu.
- Verdade ou consequência? - Pergunta-me.
- Verdade! - respondo.
- David é bem dotado?
- Quê? Que tipo de pergunta é esta? - Corei por alguns segundos.
- Responda Kate. - Milla diz.
- Sim...
- Eu sabia! - Carie comemora. - Me deve cinquenta dólares!
- Vocês fizeram aposta? Qual o problema de vocês?
- A gente estava sem nada pra fazer hoje a tarde... - Milla responde.
- E resolveram discutir sobre o tamanho da ferramenta de David?
- Era uma conversa aleatória, acabamos parando nessa. - Carie diz.
- Ah qual é Katherine, poucas garotas tem o prazer de vê-lo, e David pode ser o mais canalha da cidade, mas também é o mais gato. Estávamos apenas curiosas. - Milla justifica.
- Vocês são doidas. - Ri. Girei a garrafa, parando entre Milla e eu.
- Eu que pergunto! - Ela diz alto. - Verdade ou consequência?
- Consequência!
- Corajosa você. - Carie diz.
- Deixa-me pensar em algo! - Milla diz.
- Ok...
- Eu quero que você desça até a cozinha, e diga à sua mãe que você está grávida!
- O quê? Está maluca? É capaz de minha mãe ter um treco, ela está grávida, esqueceu?
- Não vai acontecer nada com ela, relaxa!
- Se acontecer algo eu te mato Milla!
Desci as escadas em direção à cozinha, as meninas ficaram na sala para ouvir. Minha mãe cortava tomates no balcão.
- Mãe... - Falei com uma voz entristecida.
- Que foi filha? - ela largou a faca e limpou as mãos.
- Eu tenho que contar uma coisa... Que está acabando comigo, não sei mais o que fazer, guardar isso só para mim está me fazendo muito mal...
- Conte! - ela fala, acho que atuei bem.
- Eu... Mãe, eu estou grávida! - Falei rápido, minha mãe fez uma cara de espanto.
- Filha, como isso aconteceu?
- Você sabe...
- Quantas vezes Katherine... Quantas vezes eu vou ter que te ensinar a atuar melhor? - Carie e Milla entraram na cozinha rindo feito doidas.
- Você atua muito mal Katherine! - Carie declara.
- Mas eu atuei bem! - Tentei me defender.
- Se você realmente estivesse grávida, estaria mais desesperada, convenhamos. - Minha mãe diz.
- Vocês são muito sem graça! - Disse por fim. - Vamos subir.
Voltamos para o quarto, sentamos novamente no chão. Minha vez novamente de girar a garrafa. Parou entre Milla e Carie.
- Maravilha. - Carie sorriu maliciosamente. - Verdade ou consequência?
- Consequência! - Milla respondeu imediatamente.
- Eu quero que você marque um encontro com o Bob!
- O da loja de conveniências? - Milla ficou boquiaberta.
- Exatamente!
- Mas ele é um nerd chato!
- Você quem escolheu consequência Milla. - falei.
- Fica quieta Katherine!
- Vai fazer? - Carie pergunta, Milla olha para ela e depois para mim.
- Sim... - lamenta.
- Ótimo! Ligue!
- Droga! - Milla pega o celular, seleciona o contato e põe no ouvido.
- Viva voz! - Carie diz. Chamou duas vezes e ele atendeu.
- Alô?
- Oi... Bob? - Milla mudou o tom de voz, um pouco mais feminino.
- Sim, quem está falando?
- Milla...
- Milla? Prima da Katherine?
- Sim...
- Hã, nossa... Ér... O que foi? - Bob pareceu confuso.
- Eu queria saber se... Se você não quer dar uma volta comigo algum dia desses...
- Espere, deixa-me ver se entendi! A garota mais gostosa do colegial está me chamando pra sair? - Eu e Carie caímos na gargalhada ao observar as expressões de ódio de Milla.
- É... Pois é... Vai quere ou não?
- Óbvio que sim! Hoje?
- Pode ser... Encontra-me na praça daqui a trinta minutos.
- Ok. - Milla desliga o celular.
- Carie vou te matar!
- Essa foi a melhor da noite! - Exclamei enquanto ria.
- Melhor a gente parar por aqui... - Carie disse rindo do acontecido.
- Sim! - Concordo, segurando o riso.
- Vou para minha casa. - Carie diz.
- O quê? Você não vai dormir aqui? - Perguntei levantando do chão.
- Bom, eu tenho um encontro para ir, então, esta é minha deixa.
- Dou uma carona para você. - Carie disse para Milla.
- Vocês vão me deixar aqui sozinha? E a pizza?
- Amanhã a gente volta Kate, relaxa. E a pizza você sempre comeu sozinha, nem sentirá nossa falta. - Carie diz.
- Af! - bufei.
- Vamos? - Milla pergunta a Carie.
- Sim!
- Tchau Kate, te amo e se cuida. - Milla se despede.
- Também te amo, boa sorte no encontro. - Obrigada! - Ela diz bufando.
- Beijo amiga, te amo.
- Também te amo Carie. - Ela me dá um beijo na bochecha.
Ambas saem do quarto, me deixando sozinha.
- Kate, a pizza acabou de chegar! - Carie grita da escada.
Desci para pegá-la. Paguei ao entregador, ele me deu a pizza e fechei a porta.
- Filha, velha conhecer o Senhor e Senhora Maxwell! - Meu pai chama do escritório, vou até lá.
- Olá! - Digo, tentando parecer simpática.
- Essa é Katherine, minha única filha! - Meu pai apresenta.
- Olá Katherine, prazer em conhecê-la! - Senhora Maxwell me cumprimenta com dois beijos na bochecha.
- Olá! - Senhor Maxwell estica o braço para um aperto de mão. Cumprimento-o e sorri.
- Vai jantar conosco? - Papai pergunta.
- Hã... Infelizmente não... Vou subir agora. Prazer em conhecê-los.
- Igualmente! - Senhor Maxwell sorri..
Sai do escritório, indo em direção às escadas. Subi para o segundo andar. Sentei na minha cama e abri a caixa de pizza, e logo o vapor quente e cheiroso invadiram tudo.
Comi pizza enquanto assistia televisão. Ficar sozinha me trás certa depressão às vezes. Hoje por exemplo é um desses dias. Quando estou triste coisas ruins sempre acontecem.
Deixei a pizza de lado e caminhei até o guarda roupa. Peguei meu pijama - uma camiseta grande - e fui para o banheiro. Um banho quente era o que eu precisava para pensar e descarregar a mente. Entrei no box e liguei o chuveiro.
A água quente caía sobre mim, causando arrepios até que eu me acostumei.
Minha mente estava cheia. Cheia de pensamentos pesados e tristes que eu necessitava me livrar, mas era como uma missão impossível, pois eu teria que se esquecer de Peter, e essa não é uma tarefa tão fácil.
As aulas começam em alguns dias e é ai que eu me acabo de vez. Eu não sou uma pessoa sensível, mas quando fico, bato todos os recordes possíveis. Choro por séculos, não me concentro em nada, fico facilmente magoada. E com a chegada das aulas novamente, faculdade, estudos, vou me afundar rapidinho.
Eu queria poder esquecê-lo por pelo menos uns minutos, mas não tem uma coisa que eu pense que não leve a ele.
De banho tomado, saí do box, me sequei e vesti a camiseta. Caminhei até a pia, olhando meu reflexo no espelho, pelo menos não havia mais inchaço. Escovei os dentes e passei hidratante nas mãos.
Voltei para o quarto. Deitando-me na cama, tentarei dormir por pelo menos algumas horas, pois o sono já não existia mais para mim no momento.
Um barulho um tanto estranho surgiu da varanda. Não movi nenhum músculo sequer, me tampei inteira com o cobertor, espiando para ver o que era, o medo já havia me dominado por inteira.
O susto que levei com o que me deparei fez com que eu me levantasse por impulso.
- O que você está fazendo aqui? Está maluco?

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Olá amores! Como estão? Espero que bem. Bom, o capítulo ficou curto e não ficou como eu queria, mas, vou me esforçar para caprichar mais no próximo. Muito obrigada pelos comentários do capítulo anterior, é muito bom interagir com vocês, e saber a opinião de cada um. Muito obrigada s2 Beijos!

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Desejos Proibidos - Livro 1 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora