Capítulo quinze - Peter

150K 8.7K 1.4K
                                    

Acordei com Katherine adormecida em meus braços. Vê-la dormir sempre foi minha parte favorita. Há alguns dias atrás a observei deitada no sofá da casa dela, dormindo feito um anjo. Seu corpo que trazem características óbvias de mulher, curvas já muito bem definidas para alguém da idade dela; e o rosto angelical de menina.
Olhei para o relógio em cima da escrivaninha, eram cinco horas da manhã. Cedo demais para quem teve uma noite como a de ontem, porém, tarde demais para mim, que já era para estar a caminho de casa. Stella com toda sua paranoia vai me fazer um interrogatório pior do que de entrevista de emprego. Levantei-me da cama, com cuidado para não acordar Kate, mas infelizmente, ela aos poucos abriu os olhos.
- Aonde vai? - Ela pergunta resmungando.
- Bom dia! - Exclamei. - Tenho que ir para casa, você sabe o porquê...
- Sei...
- Gostou de ontem? - Perguntei, me aproximando dela.
- Você gostou? - Ela ignora minha pergunta.
- Eu adorei querida! - Declarei, dando-lhe um beijo rápido. Ela sorri. - Quer ficar aqui mais um pouco? Pode sair a hora que quiser.
- Vou dormir mais um pouco e depois ir para casa.
- Tudo bem! Sabe o caminho de volta?
- Eu me viro, não se preocupe.
- Ok... Tem comida na cozinha, caso queira comer algo. E não precisa arrumar nada. - Falei enquanto colocava a roupa.
- Tudo bem...
- Vou lá... Ligue-me hoje depois das quatro.
- Ok! - Me aproximei de Katherine e lhe dei um último beijo.
- Até mais querida...
Sai da casa, indo em direção ao carro, que se encontrava ao outro lado do matagal.
Me preocupo com Katherine sair sozinha pelo bairro com David à solta atrás dela. Eu não a amo, não estou apaixonado por ela, além do mais nem podemos nos apaixonar, as complicações com a idade, acredito que os pais dela não iriam gostar de saber que ela havia tendo um caso com o vizinho mais velho e casado. Mas mesmo com esse porém, me sinto no dever de protegê-la, seja qual for a situação.
Cheguei até meu carro e entrei. Manobrei até sair de lá e voltar para a estrada. Liguei o rádio, tocava All of Me do John Legend.

"Cause all of me Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I'll give my all to you
You're my end and my beginning
Even when I lose I'm winning
Cause I give you all of me
And you give me all of you oh"

("Porque tudo de mim
Ama tudo em você
Ama suas curvas e todos os seus limites Todas as suas perfeitas imperfeições
Dê tudo de você para mim
Eu te darei meu tudo
Você é o meu fim e meu começo
Mesmo quando perco estou ganhando Porque te dou tudo de mim
E você me dá tudo de você oh")

Os trechos me lembravam de Katherine em tudo. Não conseguia pensar em outra coisa. Tudo me vinha ela na cabeça. Lembrando os momentos que estávamos juntos, ontem a noite, que foi muito especial para mim. Consegui falar um pouco mais de mim, me diverti como a muito tempo não me divertia.

Tempo depois, cheguei. Estacionei em frente minha casa. Preparei-me psicologicamente, respirei fundo, e saí do carro.
- Bom dia Peter! Acordado essa hora?
Gelei ao ouvir Simon - pai de Katherine - falar comigo.
- Pois é, o trabalho está acabando comigo! - Ri sem graça.
- Deus te proteja!
- Obrigada! - Sorri e continuei a caminhar.
Cheguei à porta, destranquei e entrei em silêncio. Caminhei em silêncio até as escadas.
- Peter? - Ouço a voz de Stella me chamar.
- Querida? - Olha para o sofá. - Acordada a essa hora?
- Você sabe que não gosto quando trabalha durante a madrugada, fiquei preocupada.
- Não se preocupe, aqui não é como Nova York. - Me aproximei dando-lhe um beijo rápido.
- Mesmo assim... Minha mãe vai vir aqui hoje...
- O quê? Como assim ela vai vir? Quando foi que aprovei isso?
- Você não precisa aprovar nada! Ela é minha mãe.
- Acho que você esqueceu o que ela fez naquela época!
- Isso não é problema meu, quem fez a coisa errada foi você!
- Eu? - Me alterei. - Eu que fiz a coisa errada? Stella, acho que você precisa ir a um medico!
- Está me chamando de louca?
- Estou! Por que você está agindo feito uma! Colocando a culpa de tudo em cima de mim faz anos, sendo que você foi o principal motivo de aquilo tudo acontecer!
- "Aquilo", por que não fala logo "a morte do Christian"?
- Eu não gosto de falar sobre aquilo!
- Isso é porque você ainda de sente culpado! Tudo isso é culpa sua! Christian não está aqui por sua causa!
As palavras de Stella entravam pelos meus ouvidos causando-me dores fortes no meu coração. Lembrar do acidente mexia muito comigo ainda, Stella sempre me culpou pela morte de Christian, eu sempre me culpei, eu mesmo me coloquei contra à mim mesmo. Fiz Katherine desconfiar de mim, apenas pelo fato de eu me sentir um monstro.
Stella nunca aceitou a vinda de Christian ao mundo, pensou em aborto uma porção de vezes, mas nunca deixei, dei todo o tipo de apoio a ela. Mas, quando ele nasceu, Stella o maltratava sempre que eu saía de casa, batia, gritava, brigava, mas em minha frente, o tratava em mil maravilhas. Quando a peguei no flagra as discussões se tornaram constantes.
Um dia, estávamos discutindo no carro, eu dirigia, sem ao menos prestar atenção na estrada. Eram perto da uma da manhã, após uma festa de família. Eu brigava e questionava o comportamento dela com Christian na frente de parentes, que até então era muito bom, mal sabiam eles de que na verdade Stella era um monstro.
A sinaleira não funcionava no momento, mas eu não prestei atenção nisto, nem me preocupei em andar devagar e com cuidado. Foi onde o carro nos acertou, o cruzamento estava vazio, apenas uns três carros, quase ninguém viu o que havia acontecido.
Até então venho me culpando. A culpa era minha, Christian morreu por minha causa. Eu devia ter prestado mais atenção na estrada ao invés de gritar feito louco dentro daquele carro. Stella se diz a vítima, como se ela não houvesse feito absolutamente nada, pois todos viam como ela era uma "super mãe" para Chris. E ela fez de tudo para todos ficarem contra mim, inclusive sua mãe, que até então me idolatrava, me nomeava como o melhor genro que ela já teve até então.
Eu poderia ter contado tudo para Katherine, me libertado desse segredo. Mas eu fui o culpado da morte de meu próprio filho. Que tipo de monstro que eu sou, o que Katherine pensaria de mim.
Além de tudo, ela iria me questionar sobre o motivo de eu ainda estar com Stella. O motivo é que logo após a morte de Chris, ela entrou em uma profunda depressão. Quando eu ameaçava pedir o divórcio, ela fingia uma depressão novamente. Pensava até mesmo em se matar. E eu não suportaria perdê-la daquela forma. Stella podia ter feito tudo aquilo. Ter no mínimo 55% da culpa na morte de nosso filho, mas eu a amava. Por mais monstro que ela seja.
Porém, esse amor foi desgastado com o passar do tempo, toda vez que ela se fazia de vitima ou me culpava, uma parte do que eu sentia por ela ia embora, restando apenas pena, não ódio ou raiva, pena, do que ela se tornou, do remorso que ela deve sentir agora que seu filho se foi sem ela ter demonstrado pelo menos um pouco de seu amor verdadeiro por ele. Era tudo falso. Nem um gesto de carinho sincero por ele foi usado. Ela quer ficar comigo ainda para ter alguém para culpar, e sabe que se nos separarmos ela vai cair num enorme poço sombrio e fundo.
Resolvi seguir minha vida sem lembrar do passado, e me conformar de que eu era o errado. Mas ai Katherine aparece na minha vida, com sua juventude incrivelmente perfeita, me tratando de uma maneira provocativa, como se me odiasse, mas aquilo apenas me atraiu, e eu acreditava que no fundo, ela sentia o mesmo. E foi no banheiro daquele restaurante que minha teoria se comprovou.
Fazia muito tempo que não me sentia daquele jeito, atraído por alguma mulher. E quando eu consigo ficar, é por alguém impossível de ter uma relação sem ser criticado por essa sociedade de hoje em dia. Eu não sei o que está acontecendo comigo, o que está havendo com meu psicológico. Katherine é a única que consegue me trazer certa paz que já não tinha faz muito tempo. Sinto que poderia largar tudo apenas para tê-la comigo.
- Stella... - Fiz uma pausa, pensando no que falaria, mas nada de minha boca saiu.
Sai de casa, indo em direção ao meu carro.
- Peter! - Stella gritou. - Onde está indo?
Ignorei, entrei no carro e dei partida, indo em direção para o único lugar onde eu queria estar agora.
Eu não sei se estaria certo eu fazer isso, não sei se vou ter o que quero. Mas me sinto muito mais que preparado para isso.

***

Estacionei o carro, sai dele, fui em direção ao matagal, passei por ele com pressa. Avistei Katherine na sala. Corri para dentro de casa.
- Peter? - Não a respondi, e com toda a vontade que tinha, respirei fundo.
- Eu amo você! - declarei e a beijei.
Talvez eu tenha dito isso cedo demais. Está acontecendo tudo muito rápido, nos conhecemos a menos de duas semanas. Será que e possível amar alguém assim tão rápido? Eu não sei de absolutamente nada. Minha cabeça está mais que confusa. Mas me senti preparado para dizer isto à ela. Katherine sorriu entre o beijo e o quebrou.
- Eu amo você Peter. - Sorri e voltei a beijá-la.
Talvez Katherine tenha dito aquilo apenas por dizer, mas foi a melhor parte do meu dia. Coloquei minhas mãos em sua bochecha, trazendo sua boca para mais perto ainda. Nossas línguas dançavam em perfeita harmonia. A beijava com ternura e carinho. Poderia ficar aqui até amanhã se fosse possível, mas Stella devia estar às loucas lá em casa. O beijo chegou ao fim.
- Eu tenho que ir. - Dei-lhe um beijo rápido e sai, Kate apenas riu sem entender absolutamente nada.
Deve ter estranhado eu ter ido ali apenas para dizer que a amava e depois ir embora.
Passei novamente pelo matagal, e voltei para o carro, liguei, e fui para a estrada. Eu não queria ter que voltar para casa, aturar Stella falar coisas absurdas no meu ouvido, como se eu tivesse culpa de tudo. Mas aguentaria. E no momento certo, acabarei com tudo. Quando eu tiver certeza de que realmente amo Katherine, largarei tudo. Culpa, Stella, a aliança, ligações com ela, tudo. Estarei livre dessa mulher de que só me fez sofrer.
Chegando em casa, Stella apareceu na porta de casa. Agora que reparei que ela usava um roupão de seda. Pelo o que eu a conheço, ela nunca teria a coragem de aparecer assim na rua. Sai do carro e fui até a casa.
- Peter onde você foi?
- Respirar.
- Por menos de quinze minutos? Bateu seu recorde.
- Que horas sua mãe virá?
- Perto das onze da manhã.
- Ótimo, da tempo de eu tomar um banho e sair sem ter que me encontrar com ela.
- Como assim "sem ter que me encontrar com ela"? Você não vai estar aqui?
- A mãe é sua.
- Ela é a sua sogra e você vai estar aqui sim!
- Não, eu não estarei. E não adianta nem a iniciar seu drama, não se dê ao trabalho, pois não irá adiantar. - Falei enquanto subia as escadas.
- Peter Davis volte aqui agora!
A ignorei. Não havia motivo para eu ter que agradá-la. Não era mais minha obrigação nem vontade. Vou almoçar fora e esvaziar minha mente. Passar pelo menos um almoço sem preocupação. Depois, irei trabalhar. Não sei se vai dar para passar mais uma noite com Katherine, acredito que não, mas tentarei ao menos vê-la. Era só isso que eu queria.

*****

Olá meus amores. O que acharam? Finalmente o segredo de Peter foi revelado, agora só Katherine não sabe. Muitas leitoras acharam que era um bicho de sete cabeças, mas não, Peter apenas tem medo, onde já se viu. Quero que vocês deixem nos comentários a opinião de vocês, ou o que acham que vai acontecer, por favor. Ah, e não esqueçam de dar a estrelinha, isso ajuda muito :)
Beijos.
OBS: Desculpem se o capítulo ficou pequeno, era para ser maior, porém, ainda estou tentando pegar o jeito de escrever no ponto de vista masculino.

Grupo no Facebook: Leitores da Bia

Desejos Proibidos - Livro 1 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora