Desejos Proibidos - Livro 1 [COMPLETO]

Capítulo dezesseis

Eu tive a melhor noite de todas. Peter finalmente disse que me amava. Eu não poderia me apaixonar por ele de jeito nenhum, mas isso é uma coisa que não posso escolher, ninguém pode. Se pudéssemos não haveriam tantos corações partidos por ai. Então lhe respondi com a verdade. Eu amo você, Peter. Essas palavras saíram com facilidade da minha boca, sem medo ou coisa do tipo. Me senti mais leve que uma nuvem.
Mas ele saiu apressado de lá, apenas me disse e se foi. Fiquei sem entender nada. Após ele ter ido, ajeitei a cozinha, lavei a louça de ontem, tomei meu café, arrumei toda a minha bagunça e sujeira. São perto das dez horas da manhã, e eu infelizmente tenho que ir para a casa.
Peguei minha bolsa com meu biquíni e o pijama que nem usei, coloquei meus sapatos, e fui em direção à porta. Eu e Peter havíamos nos esquecido de apenas um pequeno e importante detalhe: a chave. Não posso deixar uma casa dessa aberta.
Ao lado do sofá, havia uma mesinha com dois bolos de chave. Ótimo! Peguei um deles e testei a primeira chave, sem resultados. Tentei mais umas quatro chaves, até finalmente usar o cérebro e testar primeiro as maiores. Bingo! Na segunda tentativa a chave encaixou. Sai da casa, tranquei a porta e joguei o bolinho de chaves dentro da bolsa.
Caminhei até a trilha que ficava escondida pelo matagal. Uma leve brisa fria batia em meu rosto, me causando calafrios. Passei pela úmida mata. Caminhei alguns metros até chegar à estrada. O lugar onde eu me encontrava não era longe de casa, meu celular começa a tocar. Olho no visor, era Carie.
- Carie!
- Pode me dizer o porquê está me deixando de lado?
- Não estou deixando você de lado!
- Você foi a uma festinha ontem e nem sequer me avisou.
- Carie, é complicado! - Me defendi.
- O que é complicado? Você está me trocando por Milla e nem percebe.
- Não estou trocando você! Carie... Eu não fui para festa nenhuma ontem...
- Não foi o que sua mãe disse para mim.
- Isso foi o que eu disse pra ela...
- Onde foi então?
- Eu queria poder contar a você...
- Você não confia em mim... - Senti chateação em sua voz.
- Não! Eu confio você, não é esse o problema.
- O que é?
- Quanto menos souberem melhor...
Eu queria poder contar para Carie o que está acontecendo na minha vida. Entregar todos os segredos. Mas e se ela me julgasse? Ficasse contra mim? Contasse aos meus pais? Eu confio nela, mas estou fazendo algo muito errado que pode ser que ela não aceite, e não tiraria a razão dela.
- Carie... Eu quero muito contar, mas você tem que me prometer que não vai me julgar.
- Alguma vez eu lhe julguei ou fiquei contra à suas decisões?
- Não... Passa na minha casa daqui a trinta minutos e eu te conto tudo. - Desliguei o telefone.
- Vai contar a ela sobre você ter dormido com seu vizinho? - Uma voz masculina surgiu atrás de mim. Virei-me.
- O-O quê? - Gaguejei. - Está louco?
- Ai - David ri ironicamente. - Você tem que trabalhar mais esse seu lado, suas expressões sempre te entregam.
- Do que está falando?
- Não se faça de desentendida pra cima de mim, você que eu lhe conheço muito bem.
- Pois está enganado.
- Estou? Tem certeza? Você não consegue Katherine, não consegue manter um segredo seu por muito tempo. O das suas amigas esconde muito bem, é até profissional, mas os seus, não consegue guardar apenas para si mesma. E isso trás consequências.
- Não sei do que está falando... - Ergui a cabeça.
- Não? Vou deixar mais claro para você então. - Ele se aproximou. - Você está dormindo com seu vizinho, aquele policial babaca.
- Acho que você tem que pegar mais leve com a bebida e com as drogas, não está te fazendo muito bem.
- Chega de brincadeira! - David agora alterou a voz e se aproximou ainda mais, quase encostando em mim. - Você sabe que o que está fazendo é o cúmulo do errado...
- Vai mesmo querer me dar lição de moral? - O interrompi.
- É diferente! Eu não quero destruir a família de ninguém!
- Quase me matou um dia, tecnicamente falando você quase destruiu.
- Eu estava inconsciente naquela noite!
À noite em que David se referia é há de um tempo atrás, quando ele estava dirigindo completamente bêbado, e obviamente nos trouxe consequências graves.
David sabia. David sabia de meu caso com Peter. Este segredo caiu nas mãos de quem mais temia. A última pessoa que eu queria que soubesse, descobriu. Não tem nem para onde fugir. Ele me tem em suas mãos.
- Katherine... Eu vou lhe fazer um favor... Não contarei à ninguém sobre isso. - Olhei para seus olhos, com desconfiança. - Entretanto...
- Eu sabia...
- Pare de se encontrar com ele.
- Como é? Vai mesmo me fazer essa chantagem clichê que todos usam em filmes e novelas?
- Você quem escolhe agora Kate. Esta na sua mão a decisão de eu guardar esse segredo ou não...
- Eu não vou parar de me encontrar com Peter...
- Bom, então tudo bem... Acho que seus pais nem vão ligar, talvez eles não deem bola em saber que sua filhinha está tendo um caso amoroso com o vizinho mais velho e casado... - Ele passou por mim, indo em direção à rua da minha casa.
- David! O que vai ganhar com isso?
- Você conhece uma coisa chamada vingança? - Não respondi. - Bom, até daqui a pouco Katherine...
- Ok!
- Quê? - Ele virou-se para mim novamente, se fingindo de surdo.
- Eu paro de me encontrar com Peter... - Disse por fim, com um nó enorme na garganta.
- É assim que eu gosto! - Ele volta. - Então temos um trato. Se eu ficar sabendo que voltou com ele, conto para seus pais na mesma hora, e nem ouse falar para o policial o motivo.
Uma lágrima escapou do meu olho ao pensar que estou perdida.
- Ah, está chorando... - Ele diz sarcástico. - Não chora não, isso tudo não é real Katherine! Acha que ele largaria a mulher por causa de uma garota saiu da escola ainda? E se largar acha que vai conseguir ser aceita por alguém? Você vai ficar sozinha! Não pense que aquilo duraria por muito tempo.
As palavras de David me machucavam. A verdade machuca mesmo. A verdade pode nos trazer alegrias, mas também podem nos destruir, nos deixar em pedacinhos, é uma coisa que ninguém pode fugir. Sai dali, sem falar mais nenhuma palavra. David apenas me seguiu com o olhar.
O que eu faria agora? Aceitar as chantagens de David parece uma prova de fraqueza. Mas se eu não fizer o que ele disse, meus pais descobrem e minha vida acaba de vez. Nunca tive que fazer uma escolha tão difícil antes.