Capítulo treze

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Depois de mais de trinta minutos conversando, eu e Milla fomos para uma sorveteria ali perto. Eu pedi um copo de água e tomei a pílula. Pegamos um potinho de sorvete para cada e sentamos em uma das mesinhas. O local era colorido, havia pufes das cores rosa, azul e verde por todo canto. Lembrava-me infância e inocência, e de como tudo era mais fácil anos atrás.
- Alguém mais sabe além de mim?
- Não...
- Nem mesmo Carie? - Ela perguntou com espanto.
- Se ela soubesse poderia ter abrido o jogo sobre a pílula naquela hora ali, dã!
- Ah é mesmo, viajei... Mas você vai contar?
- Eu não sei ainda. Carie é a pessoa mais próxima de mim depois de meus pais, e eu sei que ela pode ser o que for, maluca, entre outras, porém, me julgaria. Nem eu mesma me aceito. - Bufei.
- Mas você contou para mim...
- Contei para você porque sei que posso confiar, a gente se conhece à anos e você nunca abriu a boca pros meus pais para me entregar. Além do mais, você não teria moral para me julgar...
- Ei! Essa magoou.
- Vai dizer que estou errada? - Ela ficou pensativa. - Lembra alguns anos atrás quando saímos escondidas durante a noite para ir ao luau, e você me fez experimentar bebida alcoólica pela primeira vez? Eu não tinha nem onze anos!
- Ok confesso que não fui a melhor pessoa. Induzi-te para o mau caminho, mas me arrependo... E também, o que isso importa, eu não lhe julgaria independente do que eu fosse.
- É por isso que me senti à vontade para contar para você. - Ela deu um sorriso de canto, provavelmente se gabando por se sentir especial. - E, por favor, Milla, nunca, nunca mesmo, conte isso a alguém!
- Eu não vou contar, fique tranquila.
- Ok...
- Agora tome logo esse sorvete antes que vire água. - ela riu.
- E como está sua vida?
- Comecei a trabalhar.
- Jura?
- Por que o espanto?
- Não foi bem um espanto... Só estou surpresa.
- Bom, para eu pagar a faculdade vale o sacrifício.
- Vai fazer faculdade? Ok! Tem algo errado ai! Desde quando você se interessa pelo futuro?
- Bom, estar na faculdade não significa apenas ter responsabilidades e pensar na carreira... - Milla sorri maliciosamente e logo já entendo a intenção dela.
Ela é dois anos mais velha que eu, e como sempre andamos juntas, frequentávamos festas, sociais, e encontros das galeras mais "loucas" da região. Milla nunca recusa um convite, o que tornou ela uma pessoa mais popular. Quando ela estava último ano, se achava por estar quase na faculdade, onde as festas e os garotos eram os melhores, não era pelos estudos que ela se interessava, e sim, o status que ela conseguiria lá.
- Você realmente não presta! - ri.
- Você que é santa demais. - ela faz uma pausa - Opa esquece, você pode ser tudo menos santa.
- Ei, você está muito engraçadinha pro meu gosto. - Gargalhei.
- Você sabe que eu estou certa.
- Cala a boca! - joguei uma bolinha de guardanapo nela.
- Como vai sua mãe?
- Bem... Soube que ela está grávida?
- O quê? - Ela abre um enorme sorriso.
- Ninguém contou ainda?
- Não! Eu sou sempre a última a saber das coisas.
- Não faça drama... - ri. - Mamãe não deve ter contado ainda, então finge que não disse nada para você.
- Qual o problema em dizer para meus pais?
- Acho que nenhum, mas se minha mãe não contou ainda deve ser por algum motivo.
- Ok... Vou fingir que você nunca me disse nada.
- Isso mesmo! - Coloquei um pouco de sorvete na boca. - Nossa! Isso tá gelado!
- Deve ser porque isso é um sorvete! - Milla ri. - Acho que a pílula mexeu com seus neurônios.
- Isso que você disse não fez sentido algum! - Ri.
- Nem o que você disse!
- Tá ok, fim de papo! - Digo.
- Vai ter mais uma noite de amor com ele quando? - A fitei com os olhos. - Brincadeira...
- Vou vê-lo hoje à tarde.
- Meu Deus esse homem não tem trabalho e família não?
- Você deve estar brincando comigo! Só está falando besteira.
- O que eu falei demais?
- Me lembrou de que ele tem mulher!
- Bom esse é um detalhe meio difícil de esquecer...
- É, mas não precisa ficar falando!
- Para de implicar comigo!
- Eu não estou implicando!
- Sei! - Ela limpou sua boca com um guardanapo. - Vamos?
- Sim! - Terminei o sorvete e me levantei.
Eu e Milla sempre tivemos essa relação de discutir, mas nunca brigar. Sempre com implicações. Saímos da sorveteria.
- Ok, isso já está virando perseguição! - Milla exclama com indignação. Viro-me para a direção onde ela olhava. Carie se aproximava.
- Que mundo pequeno! - Carie diz. - Katherine, por que você não leva essa ai para fora da cidade, talvez eu consiga respirar melhor.
- Meu Deus! Será que um dia posso ficar com vocês duas ao mesmo tempo em harmonia?
- Kate querida, você sabe o que é uma cama?
- Quê? Sei... - Respondi confusa.
- Ótimo, então deite nela, durma, se sonhe com esse dia, pois não conseguirá mais que isso.
- Você sabe que quem sempre começa é ela. - Carie justifica.
- Não! Vocês duas parecem que fazem de propósito para me deixar maluca.
- Não mesmo, eu apenas faço isso porque ela começa. - Milla retruca.
- Já chega! - Dou um ponto final. - Vou para minha casa, e vocês... Fazem o que quiserem, se matem, mas deixe-me sair antes.
Caminhei em direção à minha casa. Faz anos que eu tenho que aturar essas duas se retrucando o tempo inteiro com patadas, não sou obrigada a continuar ouvindo isso. Por mais que possa ser um pouco engraçado.
Olhei para mais à frente, o que eu mais temia estava acontecendo. David se aproximava com seu carro. É agora, sem Peter, sem amigas, sem Philippe, ou qualquer outro tipo de proteção. Não tinha para onde fugir, olhei para os lados para ver se encontrava um lugar para se esconder. Sem resultados. Teria que enfrentar essa sozinha. David parou o carro e saiu, vindo em minha direção.
- Katherine! Finalmente... - Não movimentei nenhum músculo. - Está fugindo de mim...
- O mundo não gira em torno de você David... - respondi sua afirmação.
- Acha que eu não notei? Acha que não reparei que agora você tem um segurança particular babaca?
- Peter não tem nada com isso.
- Será? Será que amanhã eu não serei preso pelos meus atos?
- Isso dependeria de você! - David se aproximou um pouco mais de mim, e a ânsia de vômito chegou.
- Eu não tocarei um dedo em você Katherine... E você quer saber o por quê? - Ele fez uma pausa. - Você acha que farei o mesmo que fiz com Rachel... Mas não farei. Você não vale tanto! Não tem motivo eu me queimar por você Katherine!
As palavras de David me machucaram. Eu gostei desse idiota, e esperava que ele gostasse ou sentisse pelo menos alguma coisa por mim, por menor que seja. Mas não. Seu olhar era de nojo.
- Não foi o que me pareceu no dia da festa do Marcus...
- Você é mesmo uma bobinha. Acredita em exatamente tudo que te digam, fica toda derretida por atos completamente falsos.
- Quer saber de uma coisa David? Eu estou pouco me preocupando com o que você está me dizendo. Está entrando por um ouvido e saindo pelo outro. Nada me importa!
- Você novamente está mentindo para si mesma. Sabe que está apaixonada por mim! E que essas palavras, que estão saindo da minha boca, estão machucando mais do que se você estivesse levado um tiro no peito.
- Pois eu vou provar para você que a única coisa que eu sinto por você é nojo, ódio!
- Experimente provar para si mesma antes... - David ficou esperando uma resposta minha, porém, eu não tinha o que falar. Ele estava certo. Eu sinto ódio dele, mas no fundo, bem no fundo, ainda sinto algo.
Ele virou as costas e voltou para o carro. Respirei aliviada, por não ter acontecido o que pensei que aconteceria. Entretanto, palavras doem mais do que se ele tivesse me dado uma surra. Desmereceu-me, como se nunca tivesse ficado comigo, sendo que até uns dias atrás estávamos de amassos na cômoda do meu quarto. Droga! Se o arrependimento matasse já estaria morta e enterrada. Lembrar desses momentos me da uma coisa ruim.

Desejos Proibidos - Livro 1 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora