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17 de Dezembro

- Hoje, é o nosso último dia de aula, e em comemoração a isso e em despedida, iremos fazer uma dinâmica, cada um de vocês irão fazer uma carta para uma pessoa sorteada, quando todos tiverem suas cartas em mão, vão tentar descobrir quem é o autor da carta, mas nada de mensagens negativas, usufruam do espírito do natal e distribuam apenas amor. - a professora explicou.

Após a multidão pegar sua carta, Natália levantou e foi até a grande caixa, pegou o papel dobrado que restou.

Para Natália

Se sentou de volta em seu lugar e desembrulhou o papel, ela tinha quase certeza de que acertaria o autor desta carta, pois analisava todos, como eles agiam e como a tratavam, tinha certeza do que cada um a diria.

A única coisa que tenho para te dizer, é que eu estou perdidamente apaixonado por você.

Ela franziu as sobrancelhas confusa e leu e releu várias e várias vezes o mesmo recado, as mesmas cinco palavras "estou perdidamente apaixonado por você", ela olhou ao redor, procurando alguém que pudesse ter escrito esse bilhete, mas não imaginava que ninguém fosse capaz de amá-la.

Ela amassou o bilhete e jogou no chão, com certeza achou que haviam feito uma brincadeira sem graça, ela olhou para todos de volta, mas ninguém sequer a encarava. Ela suspirou e olhou para o papel no chão.

Ela não queria, mas o bilhete ficou em sua mente, ela ficou pensando o tempo todo em quem havia escrito aquela mensagem, quem poderia ser?

No final da aula todos já haviam descoberto os autores de suas cartas, menos a jovem ruiva, ela pegou sua mochila e deixou a escola sem olhar para trás. Pegou sua bicicleta e foi para casa.

Horas se passaram, e deitada em sua cama, sem fazer absolutamente nada, veio em sua mente aquele bilhete, aquelas cinco palavras, ela iria ficar muito irritada se aquilo fosse apenas uma brincadeira, pois ela pensava tanto naquilo que não poderia ser mentira. Talvez alguém amasse ela, talvez alguém gostasse da arrogância e sua falta de elegância.

De repente, soaram uma trilha de notificações, uma das garotas loiras sem contexto iria fazer uma festa em sua grande casa, com bebidas caras e uma piscina, na qual acabaria que todos iriam pular e gritar ao som de uma música pop dançante.

Normalmente, Natália sequer cogitaria a dúvida de ir, mas com a curiosidade e a sombra da esperança de descobrir quem escreveu sua carta, ela confirmou, pela primeira vez, sua presença na festa, arrancando o sorriso de um garoto do outro lado da tela.

Ela abriu seu guarda-roupa e quando notou sua ansiedade para escolher uma roupa, chamou a si própria de boba, por querer impressionar um garoto qualquer, mas no fim, ela pegou a sua melhor roupa para a esperada festa do terceiro ano do ensino médio.

Ao chegar na festa, ela logo se serviu com a bebida mais forte e se sentou no canto mais afastado, olhou para todas as milhares de pessoas na festa, e encarou o garoto que se sentou ao seu lado.

- Quer? - ele estendeu uma garrafa de cerveja.

- Valeu. - ela agradeceu ao pegar a garrafa.

- Procurando alguém? 

- Um idiota tirou onda com a minha cara, quero saber quem foi.  

- O que ele te escreveu?

- Nada que te interesse. - ela respondeu e quando olhou o garoto, percebeu como ele é atraente.

- Beleza. 

Ambos trocaram olhares. 

- Rafael. - ele se apresentou.

- Natália.

E novamente, eles ficaram sem dizer nada, não tinha nada para conversarem, pois os dois são pessoas que não gostam de conversar, mas talvez, se ela se permitisse descobrir um pouco mais sobre ele, se surpreenderia.

- Você não parece o tipo de garota que vem para esse tipo de festa. - ele observou, e ela deu de ombros.

- Você também não parece. - ela retrucou e ele sorriu assentindo.

- Tem razão. - ele confirmou e novamente, trocaram olhares.

- Ele escreveu que estava apaixonado por mim. - ela revelou sem pensar, apenas se sentiu à vontade para compartilhar tal informação.

- E por que acha que ele estava tirando uma com a sua cara? - ele perguntou realmente interessado em saber.

- Eu não sei. - ela respondeu depois de muito pensar.

- Eu acho que tem vários motivos em você para alguém se apaixonar. 

- Sério? E quais seriam eles?

- Eu acho que você deveria descobrir por si própria.

- Eu ser uma gata, conta? 

- Não deveria, mas conta, eu acho que conta. - ambos sorriram.

- Eu normalmente não faria isso, mas... - ela se levantou. - Vem dançar comigo?

- É sério? 

- É o meu último ano, como eu poderia terminar a escola sem curtir uma festa?

- Tem razão. - ele bebeu o resto da cerveja e se levantou.

Ela segurou a mão dele e o puxou para a pista de dança, soava uma música dançante, e pela primeira vez em muito tempo, ela se divertiu como nunca, deu boas risadas e conheceu alguém que reconhecia ela por quem ela era de verdade.

Depois de muito dançar, eles se sentaram no sofá e pegaram uma bebida, conversaram sobre coisas aleatórias, e ela descobriu o quanto eles eram diferentes e ao mesmo tempo, completam um ao outro.

Após muitas garrafas de cerveja, ela estava aberta para o que fosse, enquanto Rafael falava de alguma série que ele estava assistindo no momento, ela o analisou de um modo curioso, notou como seus olhos brilhavam, com seus lábios eram tão atraentes e como ele olhava para ela, ele com certeza, era diferente de todos os outros.

- Você tá legal? - ele perguntou e ela sorriu.

- Eu acho que eu estou bêbada. - ela riu de si própria.

- Melhor eu te levar para casa.

- Isso é tão clichê, só falta você me beijar na frente da minha casa. 

- Admita, você quer me beijar, eu sei que quer. - Rafael perguntou próximo ao rosto dela.

- Não. - ela gaguejou ao falar e Rafael sorriu malicioso.

- Você gaguejou. - ele contrapôs e ela riu fraco.

- Eu estou bêbada. 

- Antes de dormir, vai pensar em mim, e quando acordar, vai pensar em mim também, e quando notar, vai ansiar por minha ligação. - ele previu e ela riu achando besteira.

Fear and LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora