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Volume 2
Três anos depois

Natália Jones

O vento soprou contra os meus cabelos e fizeram as fitas presas no penteado voarem. O som do barulho do mar é aconchegante, mas levemente ofuscado pelos burburinhos e o choro de Marie ao meu lado. Entretanto, sob a luz deste sol e a beleza das flores caindo na areia quente, eu não conseguia conter minha alegria. 

Segurei com mais firmeza o buquê em minhas mãos, as flores com um aroma que eu detestava mas eram lindas e adoráveis, uma escolha um tanto peculiar, contudo, com um grande significado por trás. São lindas margaridas, pequenas e brancas, as preferidas da minha melhor amiga. 

Era o casamento de Elisa Barnes, agora, Elisa Campbell, e ela está simplesmente deslumbrante naquele vestido branco, com mangas curtas de tulipas, a saia sem muito volume, o decote pequeno entre os seio e um decote maior nas costas, há flores rendadas por quase todo o vestido. Lise sempre foi linda, mas parecia em seu ápice ali.

Os olhos dela brilhavam a quilômetros de distância, suas mãos tremiam enquanto tocava de relance na mão de Colin Campbell, que pela primeira vez desde que eu o vejo, está vestido de branco, e, fora toda a surpresa, foi muito divertido ver a cara de espanto ao ver Colin totalmente vestido de branco. Lembro-me dela reclamando que Colin sempre usava preto e nenhuma cor a mais.

Entretanto, agora, Colin, que antes era apenas preto e branco, parecia cheio de cores, com algo que eu quase nunca via nele, um sorriso verdadeiro e cheio de uma felicidade contagiante. De instante em instante, ele olhava para a mulher ao seu lado e ficava ali, perdido nela, admirando-a por longos segundos. Um grande sortudo por ter essa mulher ao seu lado. 

Todos, que já estavam muito emocionados, ficaram ainda mais quando uma linda melodia soou e duas pequenas criaturinhas ficarão a nossa vista na passarela, a menor segurava uma pequena almofada com duas alianças douradas e brilhantes, ao seu lado, tinha a maiorzinha que segurava firmemente sua mão. 

Ali era Alice, meu pequeno raio de luz e filha de dois aninhos de Lise, que estava linda com aqueles cachos angelicais e os olhos verdes fofos e redondos, e, segurando sua mão, estava Sophia, sobrinha querida de Lise. 

Limpei rapidamente a lágrima que caiu de minha bochecha e sorri emocionada vendo a cena. Colin pegou Alice no colo e beijou sua bochecha e Lise fez o mesmo, abraçando sua sobrinha de lado que parecia realmente querer fugir dali e ir para os braços da mãe.

Então, chegou a vez dos votos, e Colin seria o primeiro a dizer:

— Lise… eu não sou muito bom com palavras, mas… - ele a olhou intensamente. - Eu estou muito feliz por tê-la, feliz por poder acordar todos os dias ao seu lado, feliz por você ter aceitado todos os meus inúmeros defeitos e feliz por ter trago Alice com você. - ele sorriu com os olhos molhados. - Eu amo você, por inteira, sem exceções.

Me perguntei se Elisa teria condições de dizer algo pois seu rosto estava mergulhado em lágrimas de alegrias e dava para notar o turbilhão de sentimentos que atravessava suas veias.

— Eu… - ela soltou o ar e sorriu. - Eu estava sozinha, é claro, eu tinha Alice e era muito feliz com ela, mas de certa forma… eu ainda sentia falta de algo… e quando eu conheci você, Colin Campbell, tive minha vida totalmente transformada, literalmente. - ela riu. - Você transformou minha vida, me preencheu por completo e me trouxe o que eu mais desejava nesse mundo todo, uma família. E, mesmo que você tenha inúmeros defeitos… - ela riu fraco e sorriu novamente. - Eu amo você e quero passar o resto da minha vida ao seu lado.

Era lindo ver o quanto eles se amavam, eles passaram por muitas coisas juntos, eu mesma vi toda a complexidade desse relacionamento, vi desde o início. Foi difícil, mas, passo a passo, eles encontraram apoio um no outro, aprenderam juntos e evoluíram juntos. E agora, estavam prontos para enfim, serem uma família juntos oficialmente e lutar contra o mundo juntos, e sério, eles iam passar muita coisa, isso era óbvio, Colin Campbell não é para os fracos.

Estava feliz pela minha melhor amiga, ela me fez uma pessoa melhor, iluminou minha vida e junto de Nathan, catou meus caquinhos. Lise era parte do meu coração e parte da minha felicidade, e estava feliz por ela estar feliz, estava muito feliz. No entanto, mesmo cheia de alegria, meu coração não poderia evitar de me sabotar. 

A festa estava emocionante, todos brindavam alegremente e dançavam músicas animadas. E eu estava ali, sentada na areia com uma cerveja, olhando para as ondas dançando no mar, o movimento tranquilo das nuvens, o aroma que só o mar tinha e sentindo o vento refrescante da maré, de alguma forma, limpar a minha alma.

Meus pensamentos eram perturbados, o medo me dominando, um conjunto de pensamentos que me deixavam extremamente patética, mas eu não conseguia parar a minha mente maluca de processar.

O amor nunca foi para mim, sempre soube disso, mas é muito, muito frustrante. Eu já amei uma vez, amei de uma forma tão intensa que depois da decepção eu tive meu coração partido em milhares de pedacinhos. Porém, mesmos depois de tantas lamentações e gritos de raiva, eu ainda pensava nele, pensava em milhares de formas que poderíamos ter ficado juntos, pensava em como tudo ficaria melhor se ele estivesse aqui comigo, pensava no que ele diria e me lembrava vagamente de como sua risada era esquisita e alegre.

Três anos se passaram, mas eu não conseguia esquecer dele, de como ele marcou minha vida, e, aos poucos, eu começava odiá-lo por isso, odiá-lo por ele ter estragado tudo e mesmo depois disso, ainda ter um espaço no meu coração.

Eu era uma idiota, tinha apenas dezoito anos quando tudo aconteceu. Foram o quê? Uma semana, duas? Eu deveria esquecê-lo, superá-lo, mas porra, ele ainda estava na minha cabeça.

— Pensando em decepções de novo? 

Olhei para a minha amiga, levemente surpresa por ela surgir de repente. Lise tinha um sorriso emotivo no rosto e estava sentada na areia ao meu lado. 

— Sim, mas isso não é assunto para agora. - eu sorri. - Não deveria estar curtindo com o seu marido? - Lise inclinou a cabeça.

— Deveria, mas eu queria curtir com a minha melhor amiga também. - ela fez um biquinho. - Uma dança? 

— Uma dança? - franzi as sobrancelhas. - Tá brincando? Vamos dançar pelo menos uma seis. - Lise riu fraco.

— Ótimo, ótimo, eu realmente quero dançar. 

Lise se levantou e limpou a areia do vestido, em seguida, ergueu uma mão para mim que aceitei sem pestanejar, sorri e corremos para a pista de dança. E mesmo que meu coração estivesse dolorido, eu ri, ri pela minha amiga e sinceramente, não tem como não melhorar o humor com ela por perto, melhores amigas tem super poderes e um deles é deixar o seu dia totalmente iluminado e doido.

Fear and LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora