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— Eu tenho que falar uma coisa. - ela disse incerta e eu neguei com a cabeça fazendo-a franzir as sobrancelhas.

— Não, não antes de termos uma dança.

Natália parecia ainda mais confusa, seus olhos foram até a pista de dança ainda vazia e ela me olhou um tanto assustada.

— Mas não tem ninguém dançando, Rafael.

— Pensei que você fosse a corajosa da relação.

Ergui uma sobrancelha estendendo a mão, ela me olhou com os olhos cerrados, mas sorriu divertida e pegou na minha mão me puxando até a pista de dança. Natália adora um desafio. Nos posicionamos em meio a pista de dança dourada brilhante e ela colocou as mãos na minha nuca me causando arrepios, coloquei minhas mãos na sua cintura e eu observei ela reagir da mesma maneira.

Começamos a balançar no ritmo da música lenta que tocava e ela riu fraco, sorri e a rodei puxando-a mais forte e para mais perto de mim. Não conseguia tirar o sorriso do meu rosto e ela, querendo esconder as bochechas levemente coradas, colou nossas testas uma na outra e suspirou.

— Por que estamos mesmo dançando?

— É o seu pedido de desculpas por ter me deixado duro, triste e sozinho.

Escutar sua gargalhada com certeza foi a melhor parte do dia.

— Ah, sim. - ela disse entre risadas.

Ficamos aproveitando a companhia um do outro enquanto a música rolava, sentia sua respiração quente e descompassada bater em meu rosto e fazer cócegas. Seu corpo, seu toque, seu sorriso e seu cheiro era tudo que eu precisava para me esquecer daquele dia triste onde eu havia me declarado e ela tinha fugido em resposta.

Eu a amava e mesmo que ela quebrasse meu coração em milhares de pedacinhos, eu voltaria correndo para seus braços sem pensar duas vezes.

— Afinal, quem é Rafael Parker sem Natália Jones?

— Eu preciso falar com você. - ela suspirou e me encarou nos olhos.

Assenti e ela começou a me puxar para longe da pista que eu mal havia notado que já estava cheia de casais dançando.

Natália empurrou as grandiosas portas de vidros que davam para uma linda sacada. Há ramos com flores roxas nas pilastras, embaixo tem árvores, um céu azul cheio de estrelas e vagalumes voando ao nosso redor. Mas a minha ruiva não parecia notar nada daquilo em meio ao nervosismo. E confesso que eu também estava nervoso pensando no que ela teria para dizer.

Natália Jones

Respirei fundo e o olhei bem nos olhos. Eu tinha repassado isso várias e várias vezes na minha mente, mas agora todas as palavras que eu havia decorado simplesmente desapareceram e tudo que restaram foram os meus sentimentos confusos, e é tudo que eu tenho a dizer nesse momento…

— Eu… eu tinha te esquecido, ou achava que tinha, estava vivendo a minha vida, tudo em seus eixos, finalmente. - ri fraco. - Eu tinha uma rotina perfeita, uma alimentação ótima, sem festas exageradas e fazia academia toda manhã, e nem sequer pensava em me relacionar com ninguém…. - apertei os lábios. - Aí você chegou e como um furacão bagunçou toda a minha vida, pra cacete.

Rafael riu tranquilizando um pouquinho o meu coração que estava em turbilhões.

— Eu tentei te ignorar, tentei te esquecer, tentei até mesmo te odiar… - sorri ao lembrar de nossas provocações. - Mas nada disso funcionou e… eu fiquei com medo. Estava me apaixonando pela... terceira vez? Ou eu já estava apaixonada, simplesmente esperando por você, o idiota que roubou meu coração.

Rafael puxou todo o ar e eu sorri sem graça.

— Pela primeira vez eu me vi com medo, medo de que eu sofresse de novo, medo de entregar meu coração por completo e você quebrar como fez das últimas vezes…

O sorriso de Rafael havia sumido, mas ignorei tentando me concentrar no que diria a seguir.

— Mas eu percebi que… - suspirei. - Sem você a minha vida não teria o menor sentido, percebi que não valeria a pena passar o resto da minha vida… sem acordar ao seu lado… sem o seu sorriso idiota, sem seus abraços e beijo, sem a sua comida ou o seu bafo de manhã. - rimos. - Eu amo você, Rafael, e não importa quantas vezes você quebre o meu coração, eu vou continuar te amando, e não vale a pena ter medo de ter o meu coração quebrado de novo quando o medo de perder você é ainda maior.

Observei Rafael calada, ele estava quieto, me olhando com a respiração acelerada, seus olhos estavam… marejados? Estava escuro demais para dizer. Rafael se aproximou de mim até que nossos rostos estivessem a centímetros e segurou minha bochecha com carinho.

— Eu amo você, Natália, amo como nunca amei ninguém, sempre amei você e somente você, e vou continuar te amando até que estejamos juntos velhinhos em uma praia nada ensolarada.

Ri fraco de sua piada e ele encostou nossas testas.

— Para sempre? - perguntei sem ar.

— Para sempre.

Ele colou nossos lábios e eu fechei meus olhos sentindo tudo em mim brilhar, como se estivéssemos flutuando, só nós dois. Eu sentia um sentimento estranho, um sentimento tão intenso que fazia minha pele toda formigar, o ar faltar em meu peito e meu coração bater como se eu estivesse cheia de adrenalina. Um amor que só existe entre nós dois. 

Nos separamos e eu sorri olhando seus olhos que brilhavam mais que diamantes.

— Como somos clichês, acho que já estou ficando enjoada.

Rimos e Rafael entrelaçou nossos dedos.

— O que acha de sairmos daqui?

Arqueei minhas sobrancelhas.

— E para onde você pretende ir?

— O que acha da minha casa, a minha cama, os lençóis macios que você adora, poderíamos ficar por lá até amanhecer.

— É. - dei de ombros. - Parece uma ótima ideia.

Rafael riu e me deu um selinho antes de me puxar para fora daquele lugar.

— Ainda bem que você veio, essa festa teria sido uma chatice sem você. - Rafael comentou enquanto saímos pelo grande tapete vermelho.

Fear and LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora