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23 de Dezembro

Ele tem mesmo que ficar na nossa cola? Nem o meu irmãozinho fica tão grudado assim comigo. - Natália reclamou para Rafael.

Ontem foi um longo dia para o jovem casal ainda sem um nome para serem chamados, algo que irritava Natália mais do que ela desejara, mas ela não iria deixá-lo por um motivo tão bobo, não depois do que ele fez por ela, a acolheu quando ela esteve mais vulnerável, e de certo modo, aquele ato fez Rafael conquistá-la de vez.

Falta apenas dois dias para o Natal e parece que durante esta semana natalina, tudo mudou para os dois, eles brilham mais que o normal, pois Rafael finalmente encontrou um motivo para a sua vida entediante e Natália finalmente achou um refúgio para sua vida conturbada.

Tão diferentes, mas perfeitos um para o outro.

- Eu tentei, juro que tentei afastá-lo, mas ele está muito determinado a ficar junto de mim, igual a um guarda-costas. - Rafael criticou olhando diretamente para Alexandre.

- Eu só estou aqui a trabalho, preferiria estar trabalhando ou algo do tipo invés de estar com dois adolescentes apaixonados.

- E qual é o seu trabalho exatamente? - ela perguntou e Rafael sentiu o suor frio subir na nuca.

- O pai de Rafael me mandou aqui para levá-lo para casa na manhã de Natal.

- Pensei que morava com os seus pais. - ela comentou surpresa e Rafael encolheu os ombros.

- Eu queria explorar novos lugares, então decidi vir aqui para Califórnia, conhecer um lugar mais alegre e menos New York. - Rafael explicou, omitindo o acordo que fez com seu pai.

- Seus pais são legais, deixam você ser livre para fazer as suas escolhas - Natália observou e Rafael suspirou em resposta. - Mas eu não entendo como você não gosta de New York, é um lugar que eu gostaria de conhecer.

- Rafael costumava adorar New York, não é Rafael? Ele passava o dia fora em festas e cheio de amigas. - Alexandre comentou fazendo Natália encarar Rafael que tem bochechas coradas por muitos motivos.

- E o que mudou? - Natália perguntou fazendo Rafael ficar ainda mais desconfortável, ele realmente não quer entrar nesse assunto.

- Se Rafael não irá responder, eu respondo por ele, acho que esse assunto é bem desconfortável para ele, é até perceptível, e como namorada dele, acho que você deveria saber. - Alexandre disse abrindo o jogo.

- Alexandre... - Rafael o ameaçou e o homem apenas sorriu.

- Vamos, me conte. - Natália cerrou os olhos na direção dos homens a sua frente.

- Rafael se envolveu com uma garota, devo confessar que ela é muito parecida com você, rebelde, determinada, corajosa, ruiva. - Natália franziu as sobrancelhas com as palavras de Alexandre. - Mas o pai dele descobriu e afastou os dois, pois a garota era má influência para ele, e então Rafael começou a namorar uma sequência de garotas rebeldes para se vingar, uma atrás da outra, apenas brincando com elas e depois descartando-as...

- Chega! - Rafael gritou assustando todos à volta.

- Então é isso? Eu sou apenas um jogo para você? Eu pensava que eu era especial para você. - Natália gritou com Rafael que se encolheu desconcertado, sem saber o que fazer, como desmentir todas aquelas mentiras.

- Todas pensavam - Alexandre disse botando mais lenha na fogueira.

- Isso é mentira, Nat, é tudo parte do plano do meu pai, confie em mim. - Rafael explicou agoniado. - Por favor.

- Você quer que eu confie em você? Então abra o jogo, me diga apenas verdades, sem mentiras. - Natália o desafiou e ele desviou os olhos.

- Uma parte é verdade, eu realmente namorei uma garota, ruiva e rebelde, e depois que meu pai me afastou dela, sim, eu comecei a levar outras garotas parecidas com ela para casa. - Rafael confirmou e ela gargalhou sarcástica. - Mas eu parei quando vim estudar o terceiro ano aqui na Califórnia, eu parei.

- O Rafael que eu conhecia não era assim, ele não engana garotas e parte o coração delas, e eu se eu acreditar em você e depois você fazer comigo o que fez com todas elas? - ela encarou bem os olhos molhados de Rafael. - Eu não vou ser mais uma na sua lista de merda. - disse antes de deixá-lo sem olhar para trás.

Rafael deixou uma lágrima rolar por sua bochecha e encarou a ruiva sair andando em meio às pessoas, ela também deixou algumas lágrimas caírem, mas ninguém estava mais destruído que Rafael, ele estava decepcionado com sigo mesmo.

- Está feliz? - Rafael indagou para Alexandre.

- Rafael, foi preciso... - Alexandre tentou se explicar, mas todos, inclusive ele, sabiam que aquilo não era um bom motivo.

- Nada disso era preciso, eu posso ser tudo, mas eu não deixaria de cumprir um acordo, eu prometi que iria voltar, e mesmo assim, você e meu pai fizeram questão de deixar tudo ainda pior. - Rafael disse com raiva e foi embora, deixando Alexandre sozinho pensativo.

Alexandre engoliu qualquer arrependimento que sentiu e pegou o celular, discando o número de Ricardo Parker.

- Ricardo? Sou eu, Alexandre, eu fiz o que você pediu, deu tudo certo, logo ele estará aí, em New York.

Natália chegou em casa, entristecida e com o coração cheio de dores, ela pensava em todos os dias, todas as horas, todos os segundos que passou com Rafael, deixou algumas poucas lágrimas escaparem de seus olhos.

Mas ela não poderia sofrer, pois segundo ela mesma, esse garoto insensível e irritante não merecia suas lágrimas, então sem que ninguém a escutasse e percebesse sua presença, fez uma de suas camisas de banda como top, colocou sua meia arrastão e suas botas de salto grosso que ela simplesmente ama.

Ela vasculhou as gavetas de sua mãe, achou a maconha e as senhas das melhores festas escondidas, acendeu o cigarro e foi no carro da mãe que dormia bêbada no chão do quarto. E por um momento, ela se permitiu ser um pouco como sua mãe, irresponsável e louca, muito louca.

Fear and LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora