- Como assim você vai me abandonar de novo? - perguntei indignada entre tosses.
Nathan estava na minha frente com uma mochila nas costas e um boné na cabeça com um nome escrito “party, yes”. Não fazia nem uma semana que ele tinha voltado do acampamento de competições e já estava indo de novo para uma viagem escolar para New York. Eles iam visitar um laboratório famoso e por suas boas notas ele tinha sido selecionado para a viagem.
- Essa experiência é única Nat, eu vou conhecer o globo multi coordenado. - ele falava com tanta emoção que me deixava enjoada.
- Que porra é essa? - franzi as sobrancelhas totalmente confusa.
- É um globo super detalhado, ele é enorme e…
- Tá, tá, tanto faz, só me manda mensagens, liga pra mim pelo menos uma vez na semana e…
- Manda foto de absolutamente tudo, tá, eu já sei.
A carinha de tédio dele é tão adorável que até me fez sorrir.
- Sim, isso mesmo, não se esqueça de se cuidar, ruivinho.
- Nunca. - ele resmungou e ajeitou a mochila nas costas.
- Tem certeza que não quer uma carona? - perguntei preocupada e ele continuava com aquela cara de tédio.
- Não, Nat, a mãe do Jacob tá lá embaixo, ela vai levar a gente até a escola, eu te disse!
- Tá, tá bom, só toma cuidado.
Abracei o pequeno com força sabendo que eu morreria de saudades de novo, indo, ele acenou e as portas do elevador se fecharam. Fui até a janela e esperei até que ele aparecesse no terraço. Jacob estava lá e eles fizeram aquele aperto de mão masculino e logo os dois estavam olhando para mim, já estavam mais que acostumados. Jacob acenou todo animado e eu devolvi o aceno com um sorriso preocupado.
Um dia, quando Nathan for pai, ele vai entender a minha preocupação, e olha que a minha ainda é moderada.
Suspirei e foi uma péssima ideia, pois o meu apartamento estava com um cheiro terrível de mofo ou sei lá o que é isso. Algumas horas foram se passando e o cheiro só piorou, no fim, tive que chamar o síndico para o ver que merda é essa que tá me fazendo tossir à horas.
- É o que? - exclamei intrigada.
O mofo por causa do clima frio e das chuvas a área da sala está infestada de mofo, senhora, creio que para consertar e reter todo o mofo será questão de… três dias.
- Três dias? E onde é que eu vou dormir? - questionei já estressada com a ideia de dormir na casa de alguém.
A única pessoa na qual eu tenho é Lise, mas ela mora com um marido e mais dois filhos, uma rotina já movimentada e eu odiaria dar trabalho para Lise, já devo tanto a ela. Madson mora num apartamento compartilhado com mais duas garotas, ou seja, já está mais que ocupado.
- Eu não sei senhora, mas aqui a senhora não pode dormir.
- Caralho, esse cara tá vendo ruga na minha cara pra ficar me chamando de senhora? Eu sou mais nova que ele porra.
- Perdão, mas não têm condições da senhora dormir aqui, pode ficar bem doente com todo esse mofo.
- É, eu entendi. - resmunguei. - Quando você vai começar?
- Imediatamente, assim o serviço pode ser finalizado o mais rápido possível.
- Ótimo.
- Mas é claro que eu vou querer… - ele limpou a garganta. - Cinquenta por cento adiantado.
- Tanto faz.
Peguei a carteira na bolsa largada em cima da mesa e tirei dali várias notas de cem dólares o entregando. Eu pude ver os olhos dele brilhando ao pegar o dinheiro. Revirei os meus olhos e ele notou que eu o observava com uma sobrancelha erguida e recompôs sua postura.
- Eu vou arrumar minhas coisas e vou te dar a chave assim que eu sair.
Entrei no meu quarto e peguei uma bolsa de ginástica ou sei lá como se chame isso. Geralmente eu uso para outras necessidades, mas dá para usar pra isso também. Enfiei algumas peças de roupas que eu acho necessárias no dia a dia, coisas de higiene, três pares de sapatos, entre outras coisas.
Joguei a chave reserva do apartamento para o alto e o síndico pegou com dificuldade me fazendo segurar o revirar de olhos. O síndico é gorducho e com um bigode estranho, ele foi contratado para fazer esses trabalhos de atender as necessidades dos moradores, como se fosse alugados, mas é só um serviço premium, mas na verdade, esse homem não sabe fazer porra nenhuma.
- Ah, e só mais uma coisa. - me virei antes de sair por completo do apartamento. - Não mexa nas minhas gavetas ou nada do tipo, ok? - perguntei séria e o síndico engoliu o seco.
- Nem pensaria nisso.
- Ótimo. - resmunguei e fechei a porta.
Me senti um pouco Campbell nesse momento e isso me fez suspirar frustrada.
Fiquei na porta de casa por alguns minutos procurando algum hotel para ficar por três dias e que seja perto da Bloss e que não seja tão caro. Eu posso ser rica, mas não sou milionária. Bufei irritada ao ver que tava tudo caro e a maioria lotada. Por causa de um festival de merda tá tudo lotado por essa área de New York.
- O que você olha tanto nesse celular que está te deixando tão irritada?
Olhei surpresa para Rafael que estava encostado no batente da porta do seu apartamento com os braços cruzados me olhando com curiosidade. Apertei os meus lábios e suspirei.
- Eu preciso de um lugar para ficar e acabei de encontrar.
Rafael franziu as sobrancelhas.
- Um lugar para ficar? Por que?
- Quantos quartos tem no seu apartamento?
- Um. - ele respondeu confuso.
- Ele tá limpo ou você mija o vaso inteiro? - Rafael gargalhou.
- É claro que não.
- É, dá pro gasto.
Rafael me olhou surpreso quando percebeu o que eu estava querendo dizer e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, eu já estava entrando dentro do seu apartamento e analisando tudo.
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Fear and Love
RomanceNatália Jones sempre teve muitos problemas durante a sua vida, mas nada poderia derrubá-la. Tendo a coragem como sua proteção e não tendo medo de viver a vida do modo mais intenso, ela acaba conhecendo Rafael, um garoto até então desconhecido, mas q...