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Natália Jones

- Você ficou estranho do nada. - disse enquanto tirava o casaco.

Joguei a bolsa no sofá e arranquei a bota dos meus pés, sentindo um profundo alívio ao fazer isso, em seguida, me joguei no sofá.

- Foi o Colin, não foi? - suspirei pesado. - Eu vi ele falando com você e foi mal por ele, Colin ser muito assustador quando quer, mas, com o tempo…

Franzi as sobrancelhas ao notar o olhar preocupado de Rafael, ele apertava as mãos e eu comecei a tremer de medo… eu já conhecia essa cena.

- O que aconteceu? - perguntei me levantando, temendo pelo pior.

- Meu pai me ligou… - senti um bolo se formar em minha garganta. - Ele está muito doente, tem poucos dias de vida e quer que… - ele fechou os olhos por alguns segundos.

- Você tome conta da empresa. - completei em um fio de voz.

Eu já conheço esse discurso, eu já conheço como essa história termina. É como um looping infernal e sempre, no final, sou eu quem sai mais machucada, destroçada, perdida.

- E você vai? - perguntei com os olhos já marejados.

- Eu vou…

- Não! - gritei já exasperada. - Eu não vou deixar você ir, não de novo, não quando eu… - apontei para mim mesma. - Tenho a certeza de que isso… - apontei para nós dois. - É para sempre. Não vou permitir que destroce o meu coração de novo para voltar em alguns anos pedindo perdão. Não vou deixar que esse looping seja infinito.

Deixei o espaço entre nós mínimo, meus olhos começaram a marejar e eu tremia, mas estava certa do que dizia.

- Eu não vou permitir que vá embora, e eu tranco você nessa casa, algemo, mas não deixo ir. Não mais.

Rafael riu e eu o encarei totalmente descrente.

- Faria isso mesmo?

- Eu não duvidaria se fosse você. - ameacei com veracidade.

Rafael abriu aquele sorriso que me fazia perder o fôlego e por alguns segundos, eu fraquejei.

- Eu não faria isso nem nos meus sonhos.

Rafael acabou com o espaço entre nós, segurou minha cintura apertando-a contra si e tirou uma mecha do meu cabelo colocando-a atrás da minha orelha e limpou as lágrimas que insistiam em cair.

- Eu vou para New York, jamais deixaria meu pai morrer sozinho. - ele franziu as sobrancelhas. - Mesmo depois de tudo que ele me fez, mesmo sem saber se não é só mais uma mentira dele. - Rafael suspirou voltando seus olhos aos meus. - Mas dessa vez, você vai comigo.

Arfei totalmente surpresa. Essa ideia sequer tinha passado na minha cabeça.

- Ir com você? Para New York? - eu ainda não conseguia respirar.

- Claro. - ele respondeu como se fosse óbvio. - Eu disse a você, não disse? Jamais vou cometer o mesmo erro, eu nunca mais vou deixar você Natália.

Fui incapaz de conter o meu sorriso, incapaz de conter minha risada alegre e minhas lágrimas, naquele momento, haviam se transformado em lágrimas de felicidade. Colei nossos lábios e nos beijamos como nunca nos beijamos antes. Foi um beijo cheio de amor, um amor que duraria para sempre.

- Rafael. - disse ao separar nossos lábios por alguns instantes.

Olhei no fundo dos seus olhos emocionados e senti que meu coração podia sair do corpo.

- Eu já havia tido a certeza disso a algum tempo e… - comprimi os lábios. - Quer se casar comigo?

Rafael travou, seus olhos estavam arregalados e sua boca entreaberta, era nítido que ele estava totalmente sem reação, mas para o meu alívio ele sorriu.

- Só um segundo.

Franzi as minhas sobrancelhas, totalmente confusa. Rafael correu para o seu quarto, escutei alguns barulhos, como se ele estivesse procurando algo. Que porra é essa? Isso é tudo que eu consigo pensar enquanto estou parada na sala sozinha depois de pedir meu namorado em casamento.

Ele veio até mim e eu o olhava procurando por uma resposta, Rafael riu e olhou para baixo, instintivamente segui seu olhar e meus olhos se arregalaram em surpresa ao ver a pequena caixinha aveludada azul.

- Eu também tive a certeza disso a algum tempo, na verdade… desde que eu havia decidido que viria para Califórnia atrás de você. - ele suspirou feliz. - Eu procurei por dias o anel perfeito.

Quando ele abriu a caixinha eu já não sentia mais nada fora uma alegria indescritível. O anel é de ouro branco, simples, até chegar no diamante, um diamante consideravelmente grande, quadriculado, diferente, recatado, chamativo, tudo que eu adoraria usar em meu dedo.

- É claro que eu nunca imaginei que usaria uma aliança em meu dedo, nem que me casaria e muito menos que seria com meu primeiro e único amor. Afinal, quem imaginaria Natália Jones usando uma aliança de noivado e tão feliz com isso? A Natália de alguns anos não conseguiria.

- Mas não podemos esquecer que fui eu quem pedi você em casamento. - Rafael riu fraco.

- É verdade. - ele molhou os lábios.

- E então? O que está esperando para me responder? - ele riu mais uma vez.

- Eu aceito, um milhão de vezes se possível.

- Pare de ser idiota, só precisa aceitar uma vez, porque vai ser para sempre.

Puxei Rafael pela gola e o beijei. Eu já estou mesmo cansada de seu sorriso tão perfeito.

Fear and LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora