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25 de Dezembro

Ao amanhecer, Alexandre saiu do quarto de hóspedes e quando notou o casal adormecido no tapete, riu baixo e saiu, o bater da porta acabou despertando Rafael, ele logo olhou ao redor e sorriu ao ver Natália dormindo profundamente ao seu lado. Rafael pegou o manto em cima do sofá e a cobriu.

Tudo parecia perfeito nessa manhã de Natal, mas muitas coisas iriam dar errado em seguida.

Natália despertou uma hora depois e quando se sentou, sentiu-se dolorida no tapete, se situou do que havia acontecido e se levantou sorridente, não era do feitio dela acordar feliz e passar a manhã bem, mas nunca diga nunca, não é mesmo.

- Bom dia! - Natália desejou para Rafael após encontrá-lo na cozinha.

- Bom dia, ruiva! - ele desejou de volta e ela beijou seus lábios.

- Tudo bem? - ela perguntou quando notou seu nervosismo.

- Está sim. - ele mentiu.

É claro que não estava, ele guardava um enorme segredo dela e não sabia como contar, somente que deveria revelar a ela antes do entardecer, pois antes do anoitecer deveria estar em New York junto de sua família e ele não iria voltar.

- Certo, mas eu preciso ir, eu acabei deixando Nathan sozinho em casa e eu deveria estar com ele, pois é Natal. - ela disse e Rafael fez bico.

- Mas nem vai tomar café da manhã? - ele perguntou e ela negou.

- Eu tenho mesmo que ir, te vejo depois. - ela disse recolhendo suas coisas e antes de sair, foi parada por Rafael.

- Podemos conversar ainda hoje, eu tenho algo importante para lhe dizer. - Rafael soou preocupado, e Natália notou.

- Claro. - ela respondeu confusa e deu um tchau antes de fechar a porta.

Enquanto ela estava no táxi, ela refletiu o que havia acontecido na noite passada, ela encontrou o Papai Noel? Deve ter sido apenas uma alucinação por causa da bebida, mas espera, ela bebeu mesmo? Esse é um mistério que ela não irá desvendar.

Natália foi recebida alegremente por seu irmão, tudo estava aparentemente bem, sua mãe estava andando feito zumbi pela casa, mas pelo menos estava em casa. Natália junto de seu irmão, fizeram um lindo almoço/ceia de Natal, tinha frango de pouca qualidade, arroz sem passas, bolo, entre outras coisas.

Mais tarde, Rafael bateu na porta de Natália, ela abriu a porta alegremente, mas fez um bico confuso ao vê-lo com malas.

- Veio morar aqui, foi? - ela perguntou divertida e Rafael se encolheu. - O que foi, Rafael? - ela ficou bastante preocupada.

- Eu tenho que te contar uma coisa. - ele revelou e ela respirou fundo.

- Entra. - ela pediu e abriu a porta para que ele passasse.

- Eu não tenho muito tempo.

Natália naquele momento, sentiu seu coração apertar, ela sabia o que malas e sem tempo significava, no entanto, ela preferia pensar que era outra coisa, qualquer coisa que não fosse ele ir para longe.

- Eu vou para New York, queria te dizer antes, mas eu não consegui. - ele disse e ela desviou o olhar.

- Por quantos dias? - ela perguntou e ele ficou em silêncio. - Semanas? - e de novo silêncio. - Meses? - ela arregalou os olhos.

- Eu só tenho uma passagem de ida. - ele disse e ela apertou a mão na madeira da porta.

- Como pôde esconder isso de mim? - ela perguntou desesperada e ele desviou o olhar novamente.

- Você poderia ir comigo. - ele sugeriu e ela riu nervosa.

- Você está brincando? Eu não poderia abandonar o meu irmão.

- Pode levar seu irmão e sua mãe. - ele tentou, mas ela apenas suspirou.

- Mesmo que eu levasse minha mãe e meu irmão, onde iríamos morar? Não temos nem condições de morar aqui, já que minha mãe é uma puta desempregada e vivemos apenas da pouca herança da minha avó.

- Natália...

- Por que você não fica aqui, comigo? - ela perguntou e ele suspirou.

- Eu não posso. - ele respondeu e ela fraquejou.

- É claro que você pode, sempre tem uma escolha. - ela contrapôs e ele guardou as mãos nos bolsos do casaco.

- Eu fiz um acordo com o meu pai, enquanto eu estudava, viveria aqui, mas quando terminasse, voltaria para New York. - ele explicou entristecido.

- Você poderia só ficar comigo.

Rafael olhou nos olhos molhados de Natália e por um momento cogitou realmente ficar, mas ele sabia que as consequências de desobedecer seu pai seriam ainda maiores.

- Podemos namorar a distância. - ele sugeriu.

- Pare de tentar achar soluções para algo que claramente não vai dar certo. - ela disse com dor nas palavras.

- Eu não posso desistir de você Natália, eu amo você.

O coração de Natália parou de bater no momento em que Rafael confessou que a amava, ela sentiu como se tivesse vencido um sonho, sentiu a felicidade completa e genuína, ele a amava, Rafael a amava. Mas ele iria embora, e isso só fez ela sentir o ao contrário de tudo isso, ele a amava, mas estava a abandonando, ela desmoronava sem ele, e ele a deixaria cair naquele poço de desgosto e ruína.

- Some da minha casa. - ela mandou irritada.

- Natália...

- Como pode dizer que me ama sendo que vai me abandonar? - ela perguntou com lágrimas no rosto. - Eu te odeio, Rafael Parker.

- Não faça isso, por favor. - ele pediu sentindo a angústia consumí-lo.

- Some da minha frente! - ela gritou e ele se aproximou, fazendo Natália recuar. - Vai, vai embora, mas depois não procure mais por mim, se você for embora, vai ter que me esquecer de vez, você me quebrou e você sabia o quanto eu já estava quebrada.

Natália não conseguia mais olhar nos olhos de Rafael, só de pensar em seu nome, os momentos que eles viveram juntos, o fato de ele estar indo embora tão de repente vêm a sua mente em seguida e faz seu coração se partir milhares e milhares de vezes. Ela não poderia mais pensar nele, no quanto sua risada era doce, quanto seus olhos lhe traziam paz e no quanto o abraço dele a fazia se sentir segura.

Ela o amava e não suportava saber que ele estava a deixando.

- Eu prometi a você, prometi que ficaríamos juntos, e eu vou fazer de tudo para que você me perdoe. - ele disse esperando que ela o respondesse.

- Vai embora. - ela pediu. - Por favor.

Ao escutar o seu pedido desesperado, ele se foi, sentindo-se quebrado demais, ele realmente a amava, mas teria que deixá-la.

Natália bateu a porta com força e se escorou nela, deslizando sem forças para ficar em pé, e ela ficou sentada por horas chorando, esperando que ele voltasse, que tudo aquilo não passasse apenas de uma ilusão.

Tudo isso por causa de uma Carta de Natal.

Feliz Natal!

Fear and LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora