☼︎
Isso me pegou de surpresa. Shinsou me pedindo para chamá-lo apenas de Hitoshi? Que lavagem cerebral do capeta é essa que fizeram nele?
Sorrio pequeno, apesar de tudo. Shinsou também sorri de leve, afastando suas mãos do meu rosto. Ele respira fundo, se levantando em seguida, pegando as coisas que Yamaguchi nos deu e indo guardá-las em algum lugar. Só sei que ele não demora para voltar.
– Vou tentar sair apenas para ir à faculdade. Não te deixarei sozinho por tanto tempo. — Ele é calmo demais, ajeitando algumas almofadas atrás de mim. — Nesse tempo, irei deixar alguém aqui com você. Contudo, eu não irei sair por hoje; quero passar esse primeiro momento ao seu lado.
– Eu... obrigado. — Fico sem graça, olhando para as minhas mãos.
– Por nada. — Ele sorri pequeno, terminando de arrumar tudo ali e me dando o controle da televisão. — Pode assistir o que quiser. Vou preparar o almoço.
– Almoço? Mas não é meio cedo para isso? — Ergo uma sobrancelha, pegando o controle de seus dedos finos e pálidos.
– Me ensinaram que almoçar cedo é bom. — Foi tudo o que me respondeu, se retirando rapidamente até a sua cozinha.
Liguei a televisão, ficando um pouco magoado por ele ter apenas TV a cabo e não Netflix, YouTube ou algo do tipo. Mas tudo bem, eu posso me virar.
Vou passando os canais com uma força de vontade que seria invejada por muitos, me decepcionando cada vez mais com o quanto nada parecia interessante o suficiente para se assistir, até que eu parei em um filme. Eu não me atentei muito ao nome, e só deixei nele porque havia uma mulher andando na rua sozinha e de noite. Suas roupas eram muito bonitas, no caso, um vestido até metade da coxa azul marinho, uma bota preta com salto e alguns acessórios.
Fico vidrado na cena, observando a mulher andando meia receosa por ali. Mordo o lábio em ansiedade, querendo saber o que raios ia acontecer ali. Anda logo!
Ela passa em frente a um beco escuro, e sou assustado quando duas mãos a agarram pela cintura. Ela começa a gritar e a se espernear, tentando sair a todo custo daquele aperto, que tentava puxá-la para aquela escuridão. Engulo em seco, sentindo um enjoo no estômago. Isso me lembra...
O homem finalmente consegue puxar ela para dentro, e a cena é cortada com ele subindo em cima dela enquanto ela se debatia. Ele lhe dá um tapa, depois, um soco, e começa a arrancar suas roupas à força. A mulher gritando; o homem rindo como se aquilo fosse a coisa mais divertida do mundo; o sangue; os gestos...
Eu não consigo respirar direito. Por que meu coração está se acelerando?
Por que não consigo parar de chorar? Desviar o olhar daquela cena? Por que estou tremendo tanto?
Por que ele se parece com ele?
" – Agora só está eu e você aqui, Denki. "
Coloco a mão na boca, me levantando e indo o mais rápido possível até o banheiro. Praticamente chuto a porta, abrindo a privada, me ajoelhando e vomitando tudo o que eu havia ingerido mais cedo. Fico ofegante, as lágrimas gordas se juntando com o vômito que caia ali dentro. Acabo vomitando mais uma vez, e quando percebo que não irei mais vomitar, me levanto meio bambo das pernas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Purplish Vampire
Fanfiction" Kaminari Denki é um universitário de vinte e um anos que cursa artes em uma faculdade pública. Um simples jovem adulto nerd que posa de artista e que é viciado em mitologias e crenças, que passa noites e mais noites em claro fazendo pinturas ou pe...