41. | Sede de Heroísmo

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Ok, eu ativei o alarme. Eu ativei o alarme e ele ainda continua soando escandalosamente. Show, show.

Tento me lembrar do caminho que ia até às celas, tentando me manter calmo pela adrenalina que ironicamente estava tomando conta de mim. Olho para a minha arma, evitando deixar o dedo no gatilho para evitar possíveis acidentes. Começo a correr pelos corredores o melhor que posso, pois eu estou mancando, possivelmente, por algum ferimento feito em minha perna por aqueles três. Vamos lá, Denki, você se lembra do caminho, você sabe, não sabe? Sabe.

O fato de que tivemos um imprevisto e um grande atraso enorme me deixa ainda mais afobado. Agora tudo depende de mim e qualquer vacilo meu vai ferrar com tudo e eu vou sonhar com esse desastre para sempre. Ou seja: foi uma péssima ideia me colocarem nisso. Mas, ah, fui eu quem insisti também, o que prova que tá todo mundo muito doido da cabeça. Jesus amado. 

Deus me defenda, porque se depender de mim, eu tropeço aqui mesmo e caio morto no chão.

Viro um corredor, depois outro, outro e outro. Eu já estou completamente perdido, seguindo apenas o que nomeamos de uma forma ridícula como intuição, porque a minha é toda lascada e capenga, sendo bem capaz de me mandar pra boca do demônio do que pro lugar certo. Sério, não duvidem disso. 

Eu estou cansado. Não consigo respirar direito. Meu corpo dói, e se eu pudesse cair e ficar no chão, eu ficaria. Mas então eu me lembro que há vidas envolvidas, me motivando a ir mais um pouquinho.

Só mais um pouquinho. Bem pouco. Estou quase lá? Estou chegando? 

Eu quero vomitar. Eu sinto que não estou fazendo o que estou fazendo, o que é estranho. Parece que estou em outro lugar, onde tudo está querendo embaçar e girar, mais e mais. Eu pareço leve, mas a minha cabeça pesa demais. 

Coloco a mão na minha pistola, o material gelado me fazendo voltar um pouco a minha realidade e a situação atual. Foi quase como um suspiro: um momento rápido de lucidez que logo se foi para que eu pudesse mergulhar novamente naquele inferno. 

Sinto uma dor latente na lateral do meu corpo, que me faz apoiar-me na parede, com as mãos no local. Me lembro dos golpes que levei, todos altamente violentos. Acabo tossindo algumas vezes, e algumas gotículas de sangue espirraram no chão, o gosto ferroso bem fraco na minha língua. Passo o pulso na boca, tentando usar o resto de energia que me deu para chegar ao meu destino.

Deus, eu não mereço isso. 

Continuo correndo todo manco até onde eu deveria chegar, reparando só agora que eu só precisava descer mais um lance de escadas para chegar nas celas.

Desço quase rolando pelas escadas pela pressa e por meus pés não conseguirem acompanhar o meu raciocínio. Quando cheguei, o clima mudou completamente, e eu fiquei chocado.

Conforme vou caminhando devagar, vou analisando aquele corredor amplo e com paredes brancas manchadas de sangue. Tinha diversas celas de vidro enormes com portas de metal com tranca, e quando eu parei em frente de uma… eu quis vomitar. 

Havia humanos e seres mitológicos juntos, todos machucados. Alguns não tinham partes do corpo, como olhos, orelhas, braços, pernas… também haviam diversos corpos mortos e completamente desfigurados e abertos no chão, dando-me a entender que eles comeram uns aos outros pela fome. Também tinha alguns frascos no chão, quebrados ou não, com vestígios de um líquido verde que eu não sei o que é.

Purplish VampireOnde histórias criam vida. Descubra agora