36 | Lembranças Amarguradas

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Narrado por Shinsou Hitoshi


Eu me sinto estúpido. Vi Denki extravasar seus sentimentos, mentir, brigar com seus amigos e falar coisas horríveis, enquanto eu apenas observava em silêncio. Mas, eu me sinto ainda mais estúpido pois, não consegui encara-lo, ajudá-lo e aconselha-lo, porque a cena dele encolhido dentro daquela cabine, aquela cena me lembrou de coisas que eu não me orgulho de ter passado.

Eu me vi no Denki, mas uma versão muito antiga minha. A versão que veio antes de eu me corromper completamente.

" O corpo abaixo de mim se contorcia em dor, mas eu sentia tanta fome que tudo o que eu conseguia fazer, era devorá-lo e tomar seu sangue como um animal que ultrapassa as noções de selvageria. Mas naquele momento, nada disso importava.

Quando não tinha mais nada sobrando daquele corpo adulto, a minha situação pareceu realmente se iluminar em minha mente embaçada pela fome e pelo descontrole. Observei minhas mãos vermelhas com o sangue tremendo em pavor. Meu rosto sujo igualmente, até eu finalmente encarar o que eu fiz, entrando em completo estado de pavor.

O ar pareceu faltar em meus pulmões, o desespero tomando conta dos meus sentidos. Assustado, me arrastei para longe do cadáver, abraçando meu corpo e chorando compulsivamente.

Ouço passos entrando pelo beco escuro, vendo uma sombra não muito alta. Uma sombra humana. "

— Puta merda! — acordo de meus pensamentos ao escutar o grito de Bakugou, que socou uma das portas da cabine em irritação. — Mas que porra de situação do caralho!

— Acho que tentamos lidar com isso da maneira errada. — Kirishima se aproxima dele, tentando acalmá-lo ao abraçá-lo com uma força um tanto considerável. Talvez fosse para mantê-lo no lugar. — Tudo bem que tentamos ajudar ele, mas todos estavam nervosos e não pensaram muito bem em como fazer isso.

— O Eiji tem razão. — Sero se aproximou, ainda abraçando Mina que ainda estava em choque com toda a situação que passamos. — Não pensamos muito no que ele estava passando na hora, e em tudo o que ele passou nesse tempo. Pensem: ele estava fingindo para a gente. Deve ter sido horrível. Além que ele trouxe assuntos velhos pra roda, o que significa que ele não superou absolutamente nada sobre nada.

— Porra, vocês estão de sacanagem! — O loiro berrou, enquanto se contorcia para sair dos braços de seu amigo ruivo. — Ele passou por situações complicadas sim, mas agiu que nem um babaca com a gente!

— Talvez porque agimos igualmente babacas querendo forçar uma denúncia formal para a polícia da parte dele e porque brigamos com ele? — Argumentou o moreno.

— Acredito que todo esse diálogo estressante só nos mostrou que o Denki precisa de ajuda, compreensão e de companhia, e não de mais situações que o farão ter mais crises. — Decido me infiltrar na conversa, atraindo olhares nem um pouco gentis. Acredito que o meu olhar está igualmente morto. — Esses últimos dias eu presenciei facetas ruins dele. Está traumatizado, e não precisamos piorar isso.

— Você fala isso, mas duvido que conseguiu lidar com tudo isso melhor do que a gente. — Os olhos vermelhos de Bakugou me fitam com ódio. — É tão bonzão que não fez nada enquanto ele surtava aqui com a gente.

— Tem razão. Eu não consegui ajudá-lo agora, e por mais que eu tentasse, minhas crises com Denki não foram 100% pacíficas. — Me aproximo dele. Ele quer me enfrentar, está irritado com a situação e eu entendo isso, mas não é por isso que deixarei com que fale asneiras. — Mas eu não o forcei a fazer coisas que não queria. Tudo o que tentei fazer foi respeitar seu espaço, tempo e não tocar, em nenhum momento, no assunto de contar isso para alguém. É uma opção dele, não nossa.

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