19 | O Segurança Encosto

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   Hawks simplesmente me abandonou naquele prédio, tipo: “Você que lute ‘pra voltar ‘pra casa.”

   Eu hein, me sequestra, quase me mata do coração, zoa a minha cara, me faz uma proposta absurda e sai voando como se fosse uma pomba qualquer. Povo doido.

   Não sei como, mas eu consegui chegar na minha casa aquela noite. E quando eu cheguei em casa, foi quando percebi o quanto estava cansado, mental e fisicamente. Por que mentalmente também? Porque eu passei o caminho inteiro pensando naquilo que Keigo me falou e o quanto ele tinha ou deixava de ter razão.

   Sendo metade humano, acredito que ele saiba muito bem os prejuízos de ambos os mundos. E talvez ele não queira que eu também sofra os do mundo mitológico – que segundo ele, não vale a pena presenciar e arriscar tudo ao seu redor. E o pior de tudo: se eu quiser continuar, não estarei arriscando apenas à mim, mas ao Shinsou também. Só pelo fato de ele ser um vampiro, eu consigo imaginar o quanto ele sofreu e o quanto de gente ele perdeu. Se eu morrer, posso deixá-lo ainda mais traumatizado.

   Ao mesmo tempo que não tenho coragem o suficiente de me tacar na frente do primeiro carro que eu ver na rua. Mesmo que eu tenha vontade de vez em quando.

   Mas eu não vou pensar muito nisso agora. Estou com sono, quero desmaiar na cama e fingir que amanhã não tenho que acordar cedo por causa de faculdade tóxica.

   Eu só quero esquecer por enquanto todos os problemas da minha vida.

[ . . . ]

   Acordei na força do ódio porque eu ‘tava tendo um sonho incrível em que eu fiquei bilionário e consegui comprar um unicórnio, agora, eu estou escovando meus dentes para poder ir logo ‘pra faculdade e fingir que a minha vida está belíssima e que eu não corro risco de ser morto.

   Poderia encontrar uma mala de dinheiro na rua, viu, Deus? Eu não reclamaria não.

   Depois de pronto, me olho no espelho novamente. Estou usando uma camisa azul clara com o Salsicha e o Scooby doo, uma calça jeans de lavagem clara com rasgos nos joelhos, um all-star amarelo, meu bonézinho preto, uma jaqueta jeans bem estilosa e umas pulseiras muito top. Faço uma careta e saio do banheiro, pegando minhas coisas e saindo do apartamento.

   Pego o elevador normalmente, colocando meus fones e ligando na minha playlist que começa bem legalzinha tocando Weat Heaves do Glass Animals – uma banda que ando bem viciado ultimamente. Quando as portas se abrem, eu saio, acenando para o cara da recepção e saindo na rua, tomando logo um socão de luz solar que não me agrada.

   Eu sou um bicho do mato, Sol não me deixa feliz.

   Ajeito meu boné e vou seguindo até o metrô normalmente, como qualquer pessoa normal faria. Isso se um carro preto muito suspeito não parasse de uma maneira muito brusca do meu lado, me fazendo ter uma leve caganeira de medo. Não paro minha caminhada, e escuto a porta se abrindo e se fechando de uma forma violenta, e uma voz que não me é muito estranha também.

– Ow, bolsinha! – A voz rouca soa alta pela rua. Me viro indignado, vendo Dabi apoiado de lado no carro, segurando a chave em uma das mãos. – Bom dia, bolsinha de sangue.

– Dabi? – me aproximo meio confuso. O que esse cara ‘tá fazendo aqui? Melhor: como ele me encontrou aqui?

– Não, é a tua mãe. – Sua resposta atravessada e mal humorada me deixa um pouco ofendido. A minha mãe deve é ‘tá bem plena tomando os drinks dela e nem se perguntando onde a aberração que ela chama de filho está. Ele acena com a cabeça em direção ao carro. – ‘Bora, entra ai.

Purplish VampireOnde histórias criam vida. Descubra agora