3 | Contratos Mortais

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Seguinte: Shinsou está na minha porta e eu não sei o que fazer.

— O-Oi Shin... AH! — Quando eu tento ser educado com ele, esse insensível agarra meu pescoço e vai me empurrando em direção à parede mais próxima. Uau, direto ao ponto.

No meio desse processo eu agarro sua mão, mas eu sinto algo afiado em meu pescoço, e suponho que sejam suas unhas. Quando eu sinto minhas costas sendo brutamente colocadas contra a parede, Shinsou usa de sua altura e proximidade para me intimidar. O que de fato funciona.

— Shin...sou... — Tento chamar seu nome, mas eu sinto a mão dele apertando ainda mais minha garganta.

— Kaminari Denki, huh? Ridículo igual ao dono do nome. — Ele começa a me humilhar, com uma feição neutra e um leve toque de desgosto. Meu Deus do céu.

— O-O que... você q-qu-quer? — Minha garganta é apertada mais e mais, dificultando minha fala. Sinto lágrimas formando-se em meus olhos.

— Pensei que fosse óbvio, Kaminari. Você sabe de uma coisa minha, e por isso eu vim aqui tirar satisfações. — Seu tom de voz aumentou, soando autoritário e fazendo minha bexiga encher. Calma Denki, calma!

— Não... se-sei do quê es-es-está falando... — Estou quase sendo morto? Sim. Vou parar de ser mentiroso? Nem ferrando.

Hitoshi abre um sorriso estranhamente torto, fazendo meu coração palpitar em pavor. Ele se aproximou mais do meu rosto, e eu senti minhas pernas fraquejarem.

— Seu sangue... ele tem um cheiro podre. — Olha, nunca recebi um elogio tão gratificante, obrigado. — Mas, apesar disso, ele me vai ser útil.

Ha, hoje não, Shinsou.

Em um passe rápido, eu pego o meu spray de pimenta do meu bolso — Não me julguem, é sempre bom andar com um — e consigo espirrar nos olhos dele. Hitoshi me solta imediatamente, e eu consigo correr para pegar os alhos que eu comprei só para essa ocasião. Eu os alcanço na cozinha, mas quando volto para a sala ele... sumiu?

Com o cacho de alho em mãos, eu caminho lentamente pela sala para encontrá-lo. Não é lá muito legal você ter um vampiro em sua casa, ainda mais fora do seu campo de visão.

Vou rezando todas as orações que conheço, pronto para qualquer coisa. Ao especular que minha sala está limpinha, eu me viro para ir em direção à cozinha, mas quase infarto ao ter Shinsou parado atrás de mim com os olhos avermelhados pelo spray. Eu ergo o cacho na direção dele ao mesmo tempo que fecho meus olhos e me encolho.

— Isso é uma piada? — Ouço-o, abrindo meus olhos e vendo Shinsou com um sorriso debochado. Mas o mais preocupante é que ele não reagiu ao alho. — Kaminari, não pense que umas crenças ridículas podem derrotar um ser mitológico tão fácil assim, bobinho.

— Vai quebrando senhor, todo o mal e feitiçaria, tira os demônios dessa casa senhor, ALELUIA SENHOR QUEBRA, QUEBRA, QUEBRA! — Largo o alho no chão e ergo minha mão direita em sua direção, andando para trás lentamente. — Senhor pelo amor de Deus, vai mais rápido ai, ele não 'tá indo embora!

Sinto as mãos dele no meu pescoço novamente, me empurrando com uma força surreal contra a parede de novo. Acabo batendo minhas costas nela, contudo, eu tento algo arriscado.

Purplish VampireOnde histórias criam vida. Descubra agora