33. | Não se Importe

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☼︎

E

nquanto todos olhavam para aquela cena horrenda do monitor, chocados demais com o que viam, o único que fez algo foi Shigaraki, que se aproximou e ativou o microfone.


— Mudança de planos. Shinsou, procure por uma rota viável de todos os andares até o túnel que encontramos. — A sua voz rouca e sombria é o gatilho que me faz voltar a realidade, dando alguns passos para trás pelo susto de ele estar tão perto de mim, e só não caio no chão pois Hawks me segura.

— Ei, fique calmo. — Sussurrou, não demorando para me soltar.

Vejo pelo monitor que Hitoshi ainda demora alguns segundos para se mover realmente, mas logo ele se vira e volta para a escuridão de onde ele veio.

Entendido. — É a última coisa que ele diz antes de se mutar e escalar os canos novamente. 

Respiro fundo — e meio alto —, coçando minha cabeça e me afastando para o balcão, onde me sento e fico vendo Kurogiri limpando uns copos. Apoio minha cabeça naquela madeira escura, e quando menos espero, vejo um copo com um líquido laranja meio claro na minha frente. 

— Beba um pouco. — Ergo meus olhos, observando-o oferecer a bebida para mim.

Levanto a minha cabeça, pegando no copo sem muita vontade. Sério cara, que dia de merda…

— Não sei se consigo tomar algo depois do que vi ali. — Empurro o copo com a ponta de meus dedos, mas ele o empurra em minha direção novamente.

— Não foi uma opção. — Finalizou, me olhando como se pudesse ler a minha mente e se afastando para terminar de lavar o que ele estava lavando.

Meio desgostoso, pego o copo e tomo uns goles bem mixurucas do suco, me surpreendendo por ele ser tão bom. Olho para o lado, observando Shigaraki e Hawks no cantinho mais isolado da sala. Ergo uma sobrancelha. Ué gente…

Sinto muito se isso é falta de educação, mas eu sou fofoqueiro sim, entendeu? Não gostou faz B.O.

Eu até tento escutar o que eles estão falando, mas eu realmente não tenho uma super audição para tal façanha. Merda, posso nem ser um fofoqueiro feliz! Isso é preconceito contra os…

— Tomura está perguntando para o Keigo sobre a cena que viram ali, se é isso que está se perguntando. — Deus repreende senhor!

Me viro para o outro lado e vejo o Yamaguchi sentado ao meu lado, de costas para o balcão enquanto se apoiava nele pelos cotovelos, as pernas cruzadas e o pescoço jogado para o lado, como se fosse um galã despojado. Ele abre um sorriso malicioso, me olhando de rabo de olho.

— Ué, acha que eu não sei que estava tentando ouvir a conversa? — Ele ri um pouco, se virando de frente ao balcão e estendendo a mão para Kurogiri, que acena com a cabeça e se vira de costas, procurando alguma coisa. Ele apoia a cabeça em uma das mãos, me olhando gentil. — Como você está? 

— "Bem" seria a definição errada da situação. — Desvio o olhar, observando Kurogiri surgir com uma taça de vinho. Se eu bem me lembro, esse cara bêbado fica bem… amigável. 

Purplish VampireOnde histórias criam vida. Descubra agora