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Matador

Eu e o Piauí paramos o carro em frente a conferência da polícia militar que tava tendo em um clube. A gente chegou cedo, então tinha policial chegando ainda, e eu só entraria lá dentro quando todos eles já estivessem lá dentro, e isso poderia demorar algumas horas.

O carro em que eu e o Piauí estávamos era totalmente fumê, mostrava nada do que tava acontecendo aqui dentro, a não ser que você chegasse bem perto.

Ficamos olhando vários policiais entrando dentro do Clube, vi que uma boa parte dos que tavam ali é aliado de bandido, a grande maioria pagava os luxos com o dinheiro sujo do tráfico, extorquindo bandido e depois quer pagar de homem da lei, só no Brasil mermo.

250 policiais dentro de um clube fechado. 1 traficante procurado entrando lá dentro, Qual seria a chance de eu sair de lá vivo mesmo eu tendo planejado essa porra pra caralho? Quase nula, irmão, quase nula mermo.

Foi exatamente por isso que eu vou agir sozinho. Vesti o uniforme da polícia dentro do carro mermo e fiquei esperando mais ou menos 1:00 hora de relógio até que essa conferência estivesse no meio, e que todos os policiais estivessem dentro do clube.

Matador: Eu vou sair primeiro.- falei pro Piauí.- quando eu tiver fora do carro aí tu sai também, tá entendendo?- ele concordou com a cabeça e eu saí do carro tirando a chave.

Quando eu já tava fora do carro e percebi que o Piauí ia saindo também, eu travei o carro por fora deixando ele trancando lá dentro.

Piauí: Tá fazendo o que, Matador?- bateu na janela do carro.- abre essa porra, caralho.- deu outro murro.

Matador: Se eu demorar muito dentro desse clube, tu vai arrumar uma forma de fugir ou sair daí.- eu tinha colocado um pé de cabra debaixo do banco traseiro, se qualquer coisa acontecesse ele ia ter que quebrar a janela do carro e fugir antes que alguém viesse verificar.

Piauí: Abre essa porra caralho.- ele começou a dar murro e chute na porta do carro.- Tu vai morrer sozinho lá seu filho da puta, tu vai morrer.- ele começou a procurar alguma coisa pra quebrar o vídro, mas eu tinha pegando todas as armas e o pé de cabra ele só ia achar quando fosse necessário, pelo menos eu espero que ele ache.

Matador: Se eu demorar muito tu já tá ligado no que fazer né não?

Piauí: Faz isso não irmão, faz isso não Matador, pelo amor de Deus cara.- ele colocou a mão no rosto.- eu prometi pra minha irmã que eu ia cuidar de tu cara, por favor não faz isso, eles vão te matar.

Bagulho mecheu comigo, Piauí tava quase chorando naquela porra, mas eu não podia deixar ele ir comigo não tá ligado? Se alguma coisa acontecesse comigo e com ele ao mesmo tempo, a Ravena ia ficar sozinha no mundo, a mãe dela não fala com ela, o pai dela também não. Ela só tem a mim e ao irmão, se eu e o Piauí morrer nessa merda ela vai ficar sozinha, e eu não vou permitir isso não.

Virei indo em direção ao  clube e desligando qualquer humanidade que eu ainda pudesse ter dentro de mim. Até por que eu ia fazer uma coisa que me colocaria como um monstro.

Entrei no clube vendo alguns policiais dando palestras, outros ganhando medalhas e outros sentados ouvindo o que seus superiores tinham a falar, o bagulho tava cheio pra caralho, chegava a ser até caustrofobico.

Sentei em uma cadeira ao lado do Peixoto e vi ele olhando pra frente concentrado em uma palestra que outro policial tava dando. Pelo visto não tinha reparado em mim, melhor ainda, se não reparou, outras pessoas também não vão.

Peguei o tablet dentro da minha bolsa e coloquei na frente dele, no vídeo aparecia as duas filhas dele sentadas em uma cadeira imunda, com os bracinhos e os pés amarrados. Elas estavam chorando no vídeo mas só por que a Aline tinha botado pressão nelas mesmo, antes elas tavam bem de boa brincando na maior inocência junto com a Aline. Criança é um bagulho que não vê maldade em nada mesmo.

Quando o Peixoto se deu conta do que tava acontecendo ele deu um sobressalto na cadeira e colocou a mão na boca como se fosse vomitar, olhando pra mim e pro Tablet como se só agora tivesse me reconhecendo.

Peixoto: O que você fez com elas?- ele olhou pra mim com os olhos cheios de lágrimas.- Elas são só crianças, elas só tem 6 anos, seu problema é comigo.

Matador: Não se exalta não, Peixoto, aja naturalmente. Você não quer que elas sejam decapitadas aqui ao vivo, ou quer?

Peixoto: O que tu quer filho da puta?

Matador: Vingança, é isso que eu quero, eu quero vingança.- eu sentei direito na cadeira colocando o tlabet dentro da bolsa.- Cadê o resto dos teus amigos daquele dia?

Peixoto: Eles estão...sentados logo na nossa frente, olha aqui Matador se vo...- cortei ele na mesma hora.

Matador: Você ama suas filhas?- ele concordou.- faria de tudo por elas?- ele concordou novamente.- Isso é bom, um bom pai deve amar seus filhos.

Peixoto: Onde você quer chegar com isso?

Matador: Já ouviu a expressão: Fogo nós racistas, policial Peixoto?.- o Peixoto engoliu em seco.- Hoje lá no morro eu prometi um churrasquin dos top tá ligado?

Peixoto: Fala logo o que você quer?

Matador: Você não me respondeu, já ouviu a expressão Fogo nos racistas?

Peixoto: Sim, eu já ouvi essa porra.- ele se exaltou falando mais alto fazendo algumas pessoas que estavam na nossa frente olharem e eu olhei pra ele repreendendo.

Matador: Que bom que já ouviu.- sorri perverso.- por que eu tava querendo fazer ela ser mais que uma expressão. Mas perguntando novamente policial Peixoto, você faria de tudo por suas filhas?- o Peixoto concordou novamente parecendo tá cansando dessa brincadeira mas eu não tava nem começando.- até matar os seus próprios parceiros?

Peixoto: Do que você tá falando?- ele parecia indignado.

Matador: Disso que tu acha mermo. Tu vai botar fogo nessa porra com teus amigo tudo aqui em troca da vida de tuas filhas.- olhei pra ele rindo.- infelizmente nem você vai poder escapar, tu vai ser a carne principal do meu churrasco.

Peixoto: Você quer que eu bote fogo no clube com 250 policiais dentro?- ele riu sem humor parecendo tá desacreditado.- tu só pode tá de brincadeira mermo.

Matador: Então eu posso simplesmente queimar tuas duas filhas de 6 anos, não vou mentir que essa não era minha intenção, mas a escolha é sua.- vi ele trincando o maxilar de ódio e sorri sabendo que era era exatamente isso que eu queria.

Peixoto: E como eu vou saber que depois disso tu não vai Matar minhas filhas também?

Matador: Você não vai saber, vai ter que acreditar em mim. Você pode não fazer nada e elas morrerem, ou você pode se sacrificar e elas talvez viverem.

O Peixoto ficou olhando pra mim como se eu fosse um monstro, e na real, pode ser que eu seja mesmo, afinal meu vulgo não era Matador por besteira não, tinha história.

(...)

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Acho que quando Djonga falou "fogo nos racistas" o Matador levou a sério demais.

atrás das máscaras (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora