atrás das máscaras (MORRO)

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Bruna

Olhei pro meu celular vendo que já eram 9 horas da manhã e que já tinham mais de 20 ligações do Matador no meu celular.

Não quis atender, se eu atendesse teria que explicar pra ele o que aconteceu, e sinceramente eu não acho que deva falar não. Quando a Ravena acordar ela decide como ela vai falar pra ele.

Ouvi a porta do quarto sendo aberta e olhei pro médico que entrou na sala, deve ser esse o doutor obstetra que a médica falou ontem.

Xxx: Bom dia.- Ele estendeu a mão pra mim.- Eu sou o doutor Francisco e vou ficar responsável por sua amiga. Ela não acordou ainda?- neguei com a cabeça.

Ele começou a tirar o soro que estava ligado ao braço da Ravena e ela foi acordando aos poucos, ela tava um pouquinho grogue ainda, começou a olhar pro hospital meio que se entender o que tava acontecendo.

Quando ela olhou pra mim e logo depois pro médico o meu coração apertou ao ver a carinha de choro dela, o tanto que minha neném tá sofrendo não é de se imaginar. A mãe é mãe antes mesmo de seu filho nascer e ela acabou de perder não só um, mas dois filhos.

Fico imaginando como vai ficar a cabeça do Marlon. O cara passou por coisa pra caralho e ainda tem essa bomba. Eu não sou muito íntima dele mas conheço ele  o bastante pra entender que ele já passou por coisa demais nessa vida.

Eu nem consigo imaginar a dor que é ter perdido a irmã daquela forma, de ter descobrido que a pessoa que ele mais amou traiu ele, a forma que a mãe dele foi embora também, e nesse momento ele só tem a Ravena, e tinha mais 2 nenéns... Mas agora voltou a ter só a Ravena mesmo.

Dr. Francisco: Tá se sentindo melhor, Ravena?- Ela concordou sem olhar pra ele limpando uma lágrima que tava descendo.

O doutor começou a preparar o aparelho de fazer a ultrassom e depois pediu pra pra Ravena levantar a blusa que a Bruna tava vestida passando o gel pela barriga dela.

Em nenhum momento ela olhou pro aparelho, a todo momento ela olhava pro lado parecendo aérea, como se ela não estivesse mais aqui, ela tava tão distante.

Segurei a mão dela forte tentando passar segurança, mostrando pra ela que eu tava com ela independente de qualquer coisa.

Dr. Francisco: Chama os estagiários, esse caso vai ser importante pra eles.- o doutor falou com a enfermeira e eu já fiquei em alerta. Apertei a mão da Ravena pra ver se ela reagia mas ela tava totalmente aérea.

Olhei pra porta vendo uns 5 estagiários estudantes de Medicina entrando no sala. Que eu saiba pra isso ele teria que pedir permissão pra Ravena, mas tudo bem.

Dr. Francisco: Aqui a gente tem uma gestante de 4 semanas de gestação. Ela chegou aqui na noite passada com sangramento, descobrimos que ela tava grávida de gêmeos e que tinha perdido os dois.

Os estagiários olhavam pra ele e pra tela do computador com toda a atenção, e eu prestava atenção a cada palavra que ele falava.

Dr. Francisco: aqui a gente pode ver que ela perdeu apenas um dos bebês.- Olhei pra Ravena que pareceu despertar.- Está ouvindo isso dona Ravena? Você teve apenas um aborto, seu primeiro bebê não estava desenvolvendo, mas o outro é um guerreiro, ele parece tá fraco mas continua aqui lutando.

Ele colocou o coraçãozinho da criança pra bater e eu olhei pra Ravena sorrindo. Meu Deus eu nem acredito, primeira vez desde ontem que eu vejo minha irmãzinha rindo, e parecendo um pouco mais feliz.

Ravena: Eu não tô nem acreditando.- sentou na maca arrumando o cabelo.- Meu deus.- sorriu de orelha a orelha, linda.- Mas e o outro que não resistiu doutor, vai precisar fazer curetagem?

Dr. Francisco: Não, o embrião que morreu vai ser absorvido pelo útero, não vai ser necessário. Mas você vai ter que ter muito cuidado Ravena, vi nos seus exames que você tá com anemia, muito alta pelo visto, vou te passar alguns remédios e você vai pra casa hoje.

Ravena: Tudo bem.

Dr. Francisco: E Ravena, nada de movimentos bruscos por favor. Não corre, não anda rápido, preciso que você fique em repouso.- ela concordou.

Ravena

O caminho pra casa foi em total silencio, eu não queria falar nada e ninguém insistiu. Passei o caminho pensando em como o Marlon vai reagir em relação a isso.

Ele não quer ter filhos, isso eu sei, mas foi um milagre eu não ter perdido meus dois bebês.

Bruna: Vai dar tudo certo.- ela apertou forte minha mão.- você vai tomar o remédio na hora certa, sem reclamação, e vai comer tudo certinho também. Tá me entendendo?

Ravena: Tô entendendo sim, mãe
- sorri abrindo a porta do carro.

Bruna: Boa sorte com teu macho aí.- apontou pro lado e eu olhei pro Marlon saindo de casa com a maior cara de bicho.- Ele deve tá puto por causa que eu não atendi as ligações.

Ravena: Eu vou indo.- Fui me afastando do carro indo em direção a ele.

Bruna: Amansa esse gado amiga.- ela gritou de dentro do carro e eu sorri.

Fui andando em direção ao Marlon devagarinho assim como o médico mandou. Já o Matador andava na minha direção com a maior cara de bicho, tava com raiva mesmo.

Quando ele parou na minha frente ele só me puxou pra ele me dando um abraço e depois me pegou no colo fazendo minhas pernas ficarem na cintura dele.

Matador: Namoral, não fala nada não Ravena.- fiquei calada e ele foi me levando em direção a casa e sentando na cama comigo.- Eu fiquei com um medo do caralho de te perder.- Ele cheirou meu pescoço.- Não faz mais isso comigo não Ravena, essa porra machuca pra caralho.

Ravena: Desculpa amor.- afundei meu rosto no pescoço dele.

Matador: Nem tu e nem a Bruna me atenderam, fiquei aqui em casa preocupado pra caralho sem poder fazer nada, essas coisas não se faz não porra. Eu não dormi e não comi preocupado contigo e tu não teve nem a consideração de me ligar e falar que tá bem, essa porra não se faz não.

Ravena: Eu não tava bem.- limpei minha lágrima na camisa dele.- E a Bruna não queria te contar, tinha que ser eu a pessoa que iria te dar a notícia.

Matador: Que notícia?- senti o corpo dele tenso.- Tu tá doente Ravena, é isso?- neguei ainda com o rosto enfiado no pescoço dele.

Ravena: Eu tava grávida de Gêmeos...

(...)

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