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Matador

Olhei pra minha mulher sentada no vaso chorando com as pernas sujas de sangue e respirei fundo. Caralho, que porra que tá acontecendo?

Mandei um radinho pros seguranças e uma mensagem pra Bruna pra poder acompanhar ela no hospital por que eu infelizmente não poderia.

Matador: Amor olha pra mim.- Ela levantou o rosto um pouco fraca com cara de dor e meu coração ficou pesado.- O pessoal tá chegando, fica calma, não desmaia não.

Deixei ela lá sentada e peguei uma bolsa dela, coloquei umas roupas e os documentos dela tudo dentro.

Peguei ela no colo vendo ela ficar cada vez mais fraca nos meus braços. Tava tão concentrado nela que nem percebi que eu tava chorando pra caralho.

Eu pedi tanto pra Ravena ser forte mas eu nem tô conseguindo ser, nem por ela, nem por mim.

Matador: Minha mulher tá sangrando no meu colo quase desmaiada, se vocês não chegar aqui agora eu vou desmembrar cada um de vocês.- Falei no radinho pros seguranças.

Matador: Amor fala pra mim o que tá acontecendo.- perguntei sentindo ela cada vez mais molinha nos meus braços.- Por favor não me deixa não, você não.

Ouvi os carros do segurança chegando e fui saindo pra fora com a Ravena no colo quase desmaiando. Entrei dentro do carro e a gente foi em direção ao hospital.

Ravena: Tá doendo demais.- sussurrou baixinho no meu ouvido enquanto se contorcia no meu colo.- Caralhoooo

Matador: Vai passar amor, tamo chegando. Anda rápido com essa porra aí DG, caralho minha mina tá com dor aqui porra.

Demorou uns 10 minutos pra gente poder chegar no hospital, a Ravena por mais que tivesse sentindo dor pra caralho ela foi forte pra porra, minha mulher é foda, forte pra caralho.

Os moleque estacionaram o carro e eu ia saindo com ela no colo quando o Alex apareceu na minha frente me bloqueando.

Matador: Qual foi menor, sai do meio aí porra.- empurrei ele mas ele continuou no mesmo lugar.

Alex: Tu não vai entrar não, Matador, tu não podia nem tá aqui, se qualquer pessoa te ver aqui tu vai preso na hora.

Parei um pouco respirando fundo e entendi que ele tava certo, se eu ficasse aqui mais um minuto com certeza alguém me reconheceria e eu preso só tornaria tudo mais complicado.

Entreguei a Ravena pra ele e ele pegou ela no colo entrando no hospital gritando por algum médico e eu entrei de novo no carro vendo uma viatura passando pertinho da gente.

Vida fodida do caralho em irmão, tua mulher no hospital morrendo de dor e tu não poder nem ir acompanhar ela. Nego quer ser bandido por que pensa que o bagulho é igual a música dos racionais " Mulher e dinheiro, dinheiro e mulher" um caralho irmão, um caralho que é assim.

DG: Aí patrão, nós tem que ir.- ele apontou pra frente mostrando mais uma viatura que tava passando perto da gente.

Olhei pro lado vendo a Bruna saindo de dentro de um carro correndo pro hospital e fiquei mais tranquilo, minha mulher vai ficar bem.

Matador: Vambora

Ravena

Tava com a visão totalmente turva, não conseguia ver nada direito, olhava pra mim deitada naquela maca, o sangue seco por entre as minhas pernas, a Bruna gritando, o Alex procurando algum médico e eu tava tentando só ficar acordada.

Tava tentando ser forte, por nós dois.

Senti a maca sendo levada pra um quarto e uma mulher negra vestida de branco falando comigo mas eu não escutava porra nenhuma, parecia que ela tava longe. A dor junto com a perda de sangue tavam me fazendo mal pra caralho.

Xxx: Olha pra mim, eu sou a Dr. Dandara, responde pra mim, você sabia que tava grávida?- neguei devagarinho com a cabeça.- Vamos fazer uma ultrassonografia, mas você deve ter perdido o bebê já.

Olhei pra Bruna vendo ela chorando pra caralho com a mão na cabeça, eu não tava nem conseguindo absorver a informação.

Dr. Dandara: coloquem ela nesse maca aqui.- falou pros enfermeiros.

Senti ela passando um gel gelado por toda minha barriga e logo depois passando o transdutor, olhei pra ela vendo ela fazer uma cara total de espanto enquanto olhava pra tela do computador.

Enfermeira: Isso é um aborto gemelar?

Gemelar?

Dr. Dandara: Pelo que parece sim.- continuou passando o aparelho na minha barriga.

Bruna: O que? Ela tava grávida de gêmeos, e perdeu os dois?

Dr. Dandara: É isso que eu estou tentando entender.- mexeu mais um pouco e depois continuou.- é...pelo visto ela perdeu os dois.

Ravena: Eu perdi meus dois bebês?- olhei pra tela do computador acompanhando tudo.- Não, não. Bruna, amiga fala pra mim que não é verdade.

Bruna: fica calma, por favor amiga.

Ravena: Como cê quer que eu fique calma caralho.- me exaltei tirando todos os aparelhos que estavam ligados no meu corpo.- Eu acabei de perder dois bebês, dois.- levantei da maca totalmente transtornada sentindo o medo me cercar junto com a dor.

Senti a Bruna me abraçando e fiquei mais calma. Eu ainda estava tentando processar todas essas informações, dois bebês.

O quão azarada eu e o Marlon teriamos que ser pra perder dois filhos ao mesmo tempo?

Eu não estava em momento nenhum tentando ter um filho com ele, de forma alguma. Mas eu perder eles assim sem ao menos saber que eu estava grávida é doloroso demais.

O fato de eu ser burra o bastante pra não ter sacado o que tava acontecendo também me aborrece demais. Qual é? Eu estudo enfermagem, o minimo que eu deveria saber são os sintomas de uma gravidez.

Meu corpo me avisou, ele pediu ajuda me fazendo sentir cólica durante uma semana inteira e mesmo assim eu esperei meus filhos morrerem pra eu vim no hospital.

Dr. Dandara: Bom Ravena, eu não sou da área da obstetrícia, então eu não posso realizar qualquer procedimento em você e nem te falar com certeza como os fetos estão.- olhei pra ela de lado.- Mas eu vou te passar um medicamento pro seu sangramento parar e a gente vai esperar o doutor Francisco da obstetrícia pra poder te falar sua situação.

Bruna: E quando ele chega?- ela perguntou ainda me abraçando.

Dr. Dandara: Ele só vai chegar amanhã, ele está em viagem, você vai ficar internada por enquanto.

Eu só concordei e voltei a deitar na maca, queria que ela me desse um remédio pra eu poder dormir e passar uns 20 dias sem acordar, não queria ter que pensar no meus bebês que eu perdi, eu só quero poder esquecer que eu tô passando por isso.

(...)

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atrás das máscaras (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora