Ravena
Tinhas uns 15 minutos que o Matador tinha saído de casa e eu simplesmente não tinha mais unhas de tão nervosa que eu tava. Aconteceu tanta coisa hoje com ele que ele deve tá com a cabeça explodindo, descontando tudo nas drogas, e esse é o meu medo.
Peguei minhas havaianas e sai de casa indo procurar ele, eu não queria ser aquele tipo de mulher chata que vai atrás sempre, eu nem gosto disso na verdade, acho que cada um precisa de seu tempo. Mas o Marlon é um cara totalmente instável e viciado, sei que ele tava fora das drogas, mas isso não faz muito tempo e as chances dele voltar é muito grande.
Cheguei na boca principal vendo uns caras na calçada fumando e quando eu cheguei ninguém nem olhou na minha direção, já sabia até por que.
Ravena: O Marlon tá lá dentro?- perguntei.
Xxx: Ele entrou a pouco tempo aí, Patroa.- concordei tentando passar pela porta mas ele entrou na minha frente.- aí dona, patrão entrou aí dentro e disse que não era pra ninguém perturbar ele não.
Ravena: E por acaso eu sou ninguém?- tirei a mão dele do meu braço.- Ele disse que não era pra vocês entrarem, eu entro aqui quando eu bem quiser.
Ele olhou bem pra minha cara e ficou me encarando por um bom tempo, parecia aqueles tipos de caras que não aceitavam que uma mulher falasse com autoridade com eles, mas ele não podia fazer nada, a não ser que ele quisesse morrer.
Respirei fundo entrando na sala do Marlon e vendo ele com uma sacola de pó ainda amarrada e com umas carreiras pequenas em fileiras, pelo visto ele não tinha cheirado mas já ia cheirar.
Cheguei perto passando minha mão pela mesa e fazendo todo o pó cair no chão, peguei a sacola que ainda tava na mesa e fui lá fora abrindo a sacola e jogando todo o pó lá de dentro no esgoto, voltei pra sala dele e fechei a porta sentando cara a cara com ele.
Ravena: É assim que tu resolve teus problemas? Deixa tua mulher em casa e vem pra boca encher o cu de droga?
Matador: Eu não tinha cheirado ainda Ravena, caralho.
Ravena: Mas ia cheirar se eu não tivesse chegado.- suspirei fundo vendo a dor que ele tava sentindo transmitido nos olhos dele.
Meu neguinho ta sofrendo tanto, da pra ver de longe o que ele tá passando, e eu não sei o que fazer, eu não sei. Sabe aquela sensação de incapacidade? É a que eu tô sentindo agora.
Levantei da minha cadeira e fui sentar no colo dele, queria mais um pouco de contato, queria que ele soubesse que eu tava com ele não importa o que aconteça.
Ele pegou uma garrafa de vodka que tava numa gaveta e começou a beber, eu não fiz nada, só deixei mesmo. Ele tava passando por uma situação difícil, não posso julgar ele querendo beber.
Ravena: Desabafa comigo amor, fala pra mim o que você tá sentindo. Confia em mim por favor.- ele agarrou minha cintura com força colocando a cabeça já curva do meu pescoço.
Matador: Eu to muito fodido Ravena, muito fodido mermo.- tomou mais um gole.- A Luana e o Binho roubaram pra caralho de mim, não foi só dinheiro não tá ligado?- concordei.- Roubaram várias carga de pó, e isso só me fudeu mais por que a gente ficou maior tempão sem o produto pra vender.
Ravena: E o que você vai fazer?
Matador: Eu não sei, amor. Não sei mermo.- me estremeci toda, meu coração deu uma parada básica e meu corpo todo se arrepiou.- se arrepiou por que?
Ravena: Nada não vida.- abracei ele forte sorrindo. Não queria estragar o momento fazendo ele perceber que tinha me chamado de amor e se fechar novamente, ele não perceber só mostra que ele falou sem intenção alguma e que foi totalmente natural.
Matador: Se eu não pagar essa porra eles vão matar a gente, vão matar sem dó. Eu sinceramente espero não ter que fazer o que eu tenho em mente, por que aí a gente ia ter que passar um tempo separado e eu não quero isso.
Ravena: Separados?- ele concordou.- separados como, Marlon? Explica isso direito.
Matador: Bagulho vai ficar louco pro meu lado Ravena, ou eu pago eles ou muita gente vai morrer, não vou deixar você no meio disso tudo não. Vou ter que fazer o necessário pra pagar a eles, nem que essa porra custe minha vida.
Ravena: A gente pode ir embora, a gente pode ir pra outro estado, sei de lugares que eles nunca vão achar a gente amor, você não vai se arriscar.
Matador: Não tô falando só de mim não Ravena, tô falando de tu, do Piauí, da Bruna, do Davy, dos caras que trabalham comigo. Não sou eu que tô devendo os cara não, é o morro. Eu tenho que arrumar um jeito de pagar por que se não muita gente vai morrer, eu tenho que fazer isso nem que isso custe minha vida.
Eu já tava chorando horrores coisa de tremer mesmo, só a ideia de perder o homem que eu amo me deixa sem vontade de viver.
Matador: Amanhã era aniversário dela.- ele me puxou de novo pro colo dele.- eu e minha mãe tava combinando de dar uma viagem pra ela, nós ia fazer a festa que ela queria já tava tudo combinado, mas ela decidiu me trair e minha mãe foi embora. Eu só tenho tu na minha vida Ravena, só tu. Você precisa ser forte.- ele beijou minha bochecha.- tu vai ser forte?- concordei com a cabeça.- então fala pra mim.- segurou meu rosto na frente ele.
Ravena: Eu vou ser forte.- limpei as lágrimas que desciam na minha bochecha.- Eu vou ser forte por nós dois, amor. Eu prometo.
Matador: Essa é minha garota!- me abraçou forte.- a gente vai conseguir passar por essa pica. Nós dois junto.
Ravena: Vamos sim.- beijei ele e levantei a cabeça pra olhar bem pros olhos dele.- Lindo.
A semana passou e o Marlon não parava em casa, todo dia ele se encontrava com meu irmão e eles passavam a noite toda na boca trabalhando pra caralho em como eles iam conseguir esse dinheiro.
Eu tô tentando me tornar uma mulher mais forte, não só por mim, mas por nós dois.
(....)
Os próximos capítulos estão ótimos, eu só não vou postar logo por que eu tô tentando acumular alguns capítulos pra ir postando nas próximas semanas, tô tendo minhas últimas aulas e minha formatura é em março, aí vocês já sabem a correria né?
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atrás das máscaras (MORRO)
FanfikceBom seria se toda a maldade do mundo pudesse ser identificada pelo brilho de um olhar, talvez assim, não teria feito da vida uma passagem tão ingrata pra Deus, o criador. Hoje, onde me encontro nem posso dizer que a vida foi ingrata, pois eu que não...