Matador
02:00 da manhã e eu de plantão em cima de um morro escuro pra caralho cheio de mosquito que tavam me picando pra caralho, tendo que ficar em pé numa neblina da porra e com meu ombro todo fodido com o peso da arma. Tava frio demais principalmente aqui que era o ponto mais alto do morro.Quando eu tava nesses plantão assim eu costumava usar muito da branquinha por que ela me mantinha acordado e não sentia nem mosquito me mordendo muito menos frio. Mas eu falei pra Ravena que não iria cheirar mais e eu realmente não vou!
O foda que não era nem pra eu tá aqui, mas o Piauí já ficou ontem e o mano que eu confiava em deixar nesse posto tava com uma filha recém nascida e com uma mulher de resguardo cheia de ponto e eles eram sozinhos, judiaria deixar a mina toda costurada e com um bebê recém nascido sozinha, então dei uma licença paternidade pra ele aí.
Qual foi? Tá achando que o crime é bagunça, né não parceiro, aqui o crime é organizado.
Pra falar a verdade eu só queria tá deitado agarradinho com minha mina e aquele gato feio do caralho que ela insiste em colocar pra dormir na cama. Uma hora dessas ele deve tá bem dormindo junto com ela e eu aqui, gato filho da puta mané.
Troquei o peso da perna e dei uma olhada no meu pé, caralho mano essa porra me fodeu demais, sempre quando eu olho pra meu pé eu lembro de tudo que eu passei naquela porra, mas tô tentando me acalmar, minha vingança tá bem aí, neguin vai ter desejado ter me matado quando teve oportunidade.
Senti meu celular vibrando no bolso e meus lábios se abriram em um sorriso vendo uma mensagem da Ravena.
Ravena: Tá onde que não veio dormir aqui?
Matador: Tô de plantão cobrindo um parceiro aqui. Qual foi, não tá dormindo por que?
Ravena: acordei e não senti você aqui, não consigo mais dormir.
Matador: Vai dormir com aquele teu gato feio.
Ravena: HAHA, feio é você. Você tá sem comer?
Matador: Desde meio dia, tô na broca mas tem nada aberto.
Ravena: Hmmm. Depois a gente conversa, tchau.
Ela saiu do WhatsApp e eu continuei atento a tudo. 30 minutos eu ouvi uma moto parando perto do morro mas não dava pra ver quem era.
Deitei no chão e fiquei esperando quem for aparecer já tava com a arma engatilhada pronto pra atirar em quem aparecesse alí.
Enxerguei a pessoa subindo o morro e quando eu vi aquela cabeleireira preta toda amarrada num coque eu nem acreditei que essa mina tinha vindo aqui não. Levantei num pulo com a arma no ombro.
Matador: Tu tá louca porra.- falei quando vi ela com uma cesta maior grandona na mão.- tu veio com quem, caralho?
Ravena: Tá chingando por que? Euem, mal agradecido.- ela colocou a cesta no chão.- vim com meu irmão, que aliás.- olhou pra trás.- já tá indo embora.
Matador: Bora, vamo embora que aqui né seguro pra tu não.- peguei no braço dela e ela fez bico.- Qual foi, Ravena? Vamo embora cara.
Ravena: cê nem me deu um beijinho.- dei uma risadinha de lado dando um beijo nela, caralho que saudade dessa doida, tira minha postura facinho.- trouxe um lanchinho pra gente.
Matador: Vambora, Ravena.- peguei na cintura dela tentando levar pra baixo.- aqui não é seguro pra tu não. Tô trabalhando.
Ravena: Sai.- ela se soltou de mim.
Só vi quando ela pegou a cesta do chão e foi pro lugar onde eu tava de vigia. Passei a mão na cabeça olhando pra ela e pensando onde porra eu fui me meter pra arrumar uma mina tão tinhosa igual essa.
Ela tirou um pano grandão de dentro da cesta e colocou no chão, logo depois foi tirando um monte de coisa de comer de dentro da cesta, bateu logo uma fome da porra.
Eu não tava sendo ingrato não tá ligado? Só não queria colocar ela em perigo. Eu já fui culpado por ela quase ser estuprada por 3 caras e isso ficar martelando na minha cabeça todo santo dia, não sei o que faria se acontecesse qualquer coisa com ela não.
Não sei se consigo aguentar.
Ravena: Eu passei na casa da sua mãe e peguei um casaco de frio pra você.- ela olhou ao redor com as mãos na cintura.- aqui é muito frio.- matou um mosquito na perna.- e tem muita murissoca pelo visto.- veio em minha direção com o casaco na mão.- como você consegue ficar com frio, sede, com sono e com fome assim, vida?
Desviei o olhar do dela constrangido, eu fico todo idiota quando ela me chata desses nome "vida", amor" e esses caralho, mas eu simplesmente não consigo, acho que nunca vou conseguir.
Matador: Já me acostumei já.- segurei a cintura dela dando um cheiro no pescoço dela e sentindo ela se arrepiar toda.- tu fez isso pra mim mermo?- olhei no olho dela.
Ravena: Claro que fiz, você tava aqui sozinho, passando fome e sede, já é desnutrido e ficando sem comer...- revirei os olhos.
Matador: Já vai me esculachar né, bandida? Tu gosta do magrin que eu sei.- coloquei a mão dela no meu pal e ela mordeu o lábio. Dei um tapão na bunda dela.- vagabunda.
A gente sentou no chão em cima do pano que ela trouxe e começamos a comer enquanto conversava sobre a loja dela e o curso, gostava de falar essas coisas com ela, gostava de ver ela sorrindo, eu sentia um bagulho bom no coração, tá ligado? Aquelas coisa de viado, é isso mermo, viadão por essa mina.
A gente terminou de comer e ela sentou entre minhas pernas com a cabeça no meu peito, de frente pro meu favelão.
Matador: Quando que tu vai vim morar comigo?- dei um beijo no ombro dela.- tu tá ligada que quando eu te assumir tu vai ter que vim morar comigo né?
Ravena: Já tá fazendo planos pro futuro?- ela olhou pra trás sorrindo pra mim.- Será como vai ser quando a gente se assumir? Será que vai ser essa paz que a gente tá tendo?
Matador: Pode ter certeza que não. Vai ter gente pra caralho querendo fazer o inferno na vida da gente, muita gente mermo.
Visto a camisa de frio e continuo abraçando o corpinho pequeno dela como se eu pudesse proteger de todo o mal, ela deita no pano que ela trouxe e dorme ali mermo.
Me levanto olhando pra ela e olhando pra minha favela, como eu vou conseguir proteger ela de todo mal que tá me cercando? É uma situação difícil demais, me sinto estranho só de imaginar alguém machucando ela.
(....)
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+60 estrelinhasCapítulozinho pra gente apreciar essa relação dos dois. O que acharam?
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atrás das máscaras (MORRO)
FanficBom seria se toda a maldade do mundo pudesse ser identificada pelo brilho de um olhar, talvez assim, não teria feito da vida uma passagem tão ingrata pra Deus, o criador. Hoje, onde me encontro nem posso dizer que a vida foi ingrata, pois eu que não...