Capítulo 57

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~Yasmin on~

Yasmin: Não deve ser tão difícil assim- murmuro olhando pro computador ligando ele.

Arqueio a sombrancelha quando percebo que nem senha tem, qualquer pessoa pode mexer. Espero que não tenha nada de importante aqui.

Jogo a cabeça um pouco pro lado tentando pensar no que fazer. Olho pra Mirela que tava quieta no carrinho dela que um dos garotos trouxe.

Me assusto quando a porta se abre de uma vez e entra um garoto novinho.

- Patroa, tão perguntando se precisa de alguma coisa- olho pra ele de cima a baixo.

Yasmin: De um manual?- pergunto confusa- eu não sei se todo mundo sabe, mas eu nunca comandei um morro, não cheguei a comandar nem minha vida direito- ele rir se aproximando.

- O Serpente deixou um bagulho aí no computador- fala parando ao meu lado e entrando em alguma coisa lá que eu não faço a mínima idéia- ele não te falou o que era pra fazer?- nego soltando uma risada nervosa.

Olho pra Mirela que brincava com uma boneca.

- Aqui ó- olho pro computador vendo uma lista.

Yasmin: O que é isso?- faço uma careta olhando bem pra aquilo.

- Uma lista de quem tá devendo, a senhora como patroa tem que conferir cada um e ou a senhora ir buscar o dinheiro ou mandar alguém. O patrão sempre ia, nunca deixava ninguém. Depois a senhora tem que contar quanto deu e ver quanto lucrou- olho pra ele por um tempo soltando outra risada nervosa.

Yasmin: Isso não vai dá certo- ele rir me olhando e eu pego meu radinho- quais são as linhas e pra que serve?- ele respira fundo olhando pro radinho.

- A linha um é a de confiança, a dois é a proteção, a três são os fogueteiros, a quatro é os vapores, a cinco é os vendedor e a seis é a contentação- passo a mão na nuca olhando pro computador.

Yasmin: Tem como eu falar com o Serpente?- ele nega na hora fazendo uma cara feia- eu acho que ele pensa que eu sou uma super heroína ou algo do tipo, ele não tem cérebro, não é possível- murmuro comigo mesma.

- Patroa, tão te chamando na linha três- fala apontando e eu pego o radinho que apitava com alguma vozes.

Yasmin: A linha três é o que mesmo?- pergunto olhando pro radinho e antes que ele responda escuto o barulho de fogos sendo lançados no céu- tão de brincadeira com a minha cara, eu vou chorar- dou mais uma das mil risadas nervosas que eu já dei.

- Coé patroa? Nós faz o que?- pergunta me olhando nervoso.

Aproximo o radinho da minha boca olhando pro garoto e ligo todas as linhas.

Yasmin: Eu quero toda a proteção possível, não é pra deixar subir- falo nem sabendo o que eu tô falando direito- ficam só três aqui na frente pra caso alguma coisa, o resto eu quero na atividade- falo desligando logo depois- é isso né?- o garoto me olha meio estranho.

- Eles vão entender, agora tenho que ir patroa, qualquer é só acionar na linha quatro- fala saindo.

Yasmin: Pra mim linha é o que você coloca na agulha- falo baixo comigo mesma- o que a gente faz Mirela?- olho pra ela que me olha de volta levando a cabeça da boneca até a boca.

Afasto a boneca entregando outro brinquedo pra ela, e já aproveito pra conferir a fralda dela.

Respiro fundo ouvindo o barulho de tiro lá fora e apoia minha cabeça na mesa sem saber que merda eu tenho que fazer.

Não era justo eles fazerem isso comigo. Eles não me contam direito o que tá acontecendo, e do nada me entrega o comando de um morro como se estivesse entregando uma torta.

Se o Serpente tivesse cérebro ao invés de vento na cabeça, saberia que eu sou a pior opção no momento. Nunca vou entender o que se passa na cabeça daquela anta pra me colocar numa posição dessa.

Isso é uma loucura.

Mirela: Papai- escuto ela murmura e deito minha cabeça de lado na mesa olhando pra ela.

Fecho os olhos por um momento desejando que tudo isso fosse um sonho e quando eu acordasse, estaria tudo bem.

Mas isso não acontece, infelizmente.

Escuto um celular tocar e arqueio a sombrancelha olhando pro lado vendo que tava dentro da mala junto com as coisas da Mirela, que já tinha trocado.

Pego o celular vendo um número desconhecido e atendo ajeitando o short junto com a blusa que eles trouxeram pra mim.

" Serpente: Como tá as coisas por aí?- escuto sua voz e respiro fundo pra não surtar.

Yasmin: Como você acha que tá?- pergunto debochada escutando uma barulheira lá atrás.

Serpente: Não dificulta as coisas Yasmin, responde logo a minha pergunta.

Yasmin: Tá tudo péssimo Serpente, eu não sei o que é pra fazer, tá tendo invasão nesse exato momento e eu não tô aguentando mais essa pressão que é está aqui sem saber nada- escuto seu suspiro e ele fica um tempo calado fazendo eu apenas escutar o barulho lá no fundo.

Serpente: Só comanda eles então- coloco a mão na testa fechando os olhos percebendo que ele ainda não entendeu.

Yasmin: Eu não sei fazer nada Serpente, eu sou nova nisso tudo, qual é o seu problema?- ele desliga a chamada assim que eu termino de falar e eu olho pro celular. "

Me jogo na cadeira olhando pra Mirela que continuava na mesma.

Engulo em seco sentindo meus olhos cheios de lágrimas.

Eu só queria estar em casa, deitada com a minha filha e com Sinistro enchendo a porra do meu saco.

A maneira como essa situação tá me cansando não tá escrito, parece que todo mundo resolveu fuder a minha vida em um momento só.

- Patroa, eles recuaram- chega o mesmo menino todo suado com um fuzil abrindo a porta de uma vez e já falando.

Yasmin: Teve quantas mortes?- pergunto receosa.

- Dois nosso e quatro deles- arqueio a sombrancelha engolindo em seco.

Yasmin: Limpa o morro, e prepara um velório para os que morreram. É pra dá toda a assistência a família- ele assente- só isso, pode ir- ele se vira saindo.

Olho pro computador e olho pra cima vendo no canto uma câmera. Mando dedo sabendo que ela tá ligada, bando de filhos da puta.

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