57. Nós não somos confiáveis?

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Depois de um almoço com boa parte da família reunida na mesa era hora de encarar os meus pais.

Eu, minha mãe e meu pai subimos para o quarto de hóspedes com vista para o quintal.

Logo que me sentei na cama eu percebi que, por mais compreensivos que eles fossem com toda a situação, eles pareciam muito chateados:

– Meg, posso te fazer uma pergunta? – meu pai questionou.
– Claro.
– Alguma vez nós já demonstramos algum comportamento homofóbico ou algo do tipo?

Eu sabia onde aquela conversa iria chegar e, por um minuto, eu desejei não estar ali:

– Nunca demonstraram.
– Então por que nós precisamos descobrir a verdade pelo Instagram?
– Eu ia contar para vocês quando vocês chegassem aqui para o dia Cavallero.
– A questão, minha filha, é que você escondeu isso de nós por quase trinta anos – minha mãe falou de um jeito mais doce do que o meu pai – e nos magoa saber que nós não somos confiáveis o bastante a ponto de você manter esse segredo por tanto tempo.
– A questão não é confiança...

Comecei a falar e um turbilhão de pensamentos invadiram a minha mente.

No fundo eles já deveriam desconfiar porque eu bem lembro que a Clara sempre adorava usar vestidos e brigava para usar maquiagem e eu sempre me vesti com calça, bermudão, enquanto eles me obrigaram a ter o cabelo até a cintura eu prendia ele num coque e só fui me maquiar na minha formatura do Ensino médio.

Sei que parece clichê falar sobre vestuário e homossexualidade, mas os cis veem aí o primeiro sinal de que o filho não é "normal".

Minha mãe pigarreia me tirando do meu desvaneio:

– Eu não estava pronta para falar a verdade, eu tinha medo.
– Medo do que?! – meu pai perguntou.
– De ser expulsa da família por ser a única Cavallero que é uma lésbica estranha.

– De ser expulsa da família por ser a única Cavallero que é uma lésbica estranha

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Mantenha em segredo - Livro 15 (Série Família Cavallero) [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora